sábado, 25 de dezembro de 2021

Eu preciso continuar a escrever sobre ela, sobre nós, pois estou assustada. Em 29 anos de existência, nunca havia transado com alguém que houvesse me marcado tanto. Tudo o que ela faz, a maneira como ela faz, tudo o que ela diz, a maneira como ela diz, sem medo, sem pudor, sem gramática normativa. Eu estou completamente entregue, e isso me assusta, porém não consigo parar. Na verdade, eu quero mais, eu quero muito mais, estou viciada em querer descobri-la, e, assim, talvez descobrir-me. Eu quero dançar na chuva dos seus medos e sonhos e chegar em casa encharcada. Eu quero invadi-la, decifrá-la, esmiuçá-la até achar o que tanto procuro que ainda não sei. Procuro às escuras, procuro violentamente sem saber o quê, o por quê, nem pra quê. Procuro movida por extremo desejo, procuro em tudo quanto é parte sua, em seus olhos, na sua boca, nas suas pernas arqueadas, em seu sexo sem fim, procuro sem dó nem piedade. Procuro com os olhos, com os dedos e mãos, com a boca... Eu nunca fodi com alguém assim, com tanta vontade, desejo, com tanta liberdade. Há tanta poesia-putaria quando fodemos que eu não sei muito bem como pôr em palavras, pois elas não dão conta tamanha a magnitude do que é ela, do que sou eu, e, no fim, do que somos nós.

- Roberta Laíne.  

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Como quando fodemos e fazemos amor ao mesmo tempo...

Tentei começar esse texto de várias maneiras, mas apaguei uma porção significativa de começos, e aqui estou tentando outra vez, mesmo que o que eu tenha para dizer seja inenarrável, mesmo que o que eu tenha para proferir perpasse entre o indizível e ao que necessita da presença de um zilhão de palavras, esgotando o dicionário. Transamos. Não, não transamos. Fodemos. Sim, fodemos pra cacete! E eu descobri um personagem em mim que jamais havia atuado, pois nunca havia fodido com alguém pela perspectiva violenta em que fodemos. E isso me assusta absurdamente. Digo, a maneira como manejamos a coisa toda, como me comportei sexualmente enquanto o corpo dela produzia perguntas e o meu respostas, foi surpreendentemente surreal. Ela sabia foder, ela soube foder. Ela soube dizer tudo o que precisava ser dito, e o que eu não sabia dizer, ela soube me levar até o caminho da fala, do sussurro, das palavras de baixo calão que vibraram em alta frequência. Eu soube foder. Eu soube fodê-la. Eu soube fazer tudo o que precisava ser feito, e quando eu não sabia, ela soube puxar a minha mão e levá-la violentamente até o seu rosto, e pedir que eu a machucasse sem dor, sem medo, como quando jogamos enfurecidamente um copo na parede e o vidro estardalhaça, emanando um som desesperadoramente bonito, limpo, como nos filmes. Eu não sabia que eu sabia ser outra, eu não sabia que eu sabia foder gostoso e fazê-la puta. E fazê-la molhar os meus dedos, a minha boca, e matar a minha sede. E ela também não sabia. Soubemos na hora. Soubemos enquanto fodíamos. Soubemos enquanto ela se abria para mim, e eu escancarava as suas pernas, acessando o seu corpo, com meus dedos, com minha língua, com minha alma. Gozar foi insignificante, gozar foi a parte menos abrasadora, gozar foi apenas consequência, a causa foi muita mais violenta, a causa foi muito mais gostosa, a causa fez eu enforcá-la e fodê-la com força, com muita força, com tanta força que poderíamos mover a terra, inclinando-a para o infinito, fazendo o universo expandir mais rapidamente, após atravessarmos a atmosfera e nos perdermos entre a luz das estrelas, recriando o universo.

Com carinho,

- Roberta Laíne.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Ora, não precisava se matar...

Romeu e Julieta não tiveram tempo para se conhecerem, pois, se tivessem, talvez nem juntos estariam. Viver com o outro requer muita paciência e obstinação. Estar de frente com as faltas e falhas de outra pessoa e até mesmo com as nossas, pode ser exaustivo e, por isso, e por mais um milhão de outros motivos, está tudo bem ir embora. Teobaldo, primo de Julieta, não precisava ter matado Mercúcio, amigo de Romeu. E Romeu, por sua vez, não precisava ter matado Teobaldo. Ninguém precisava ter matado ninguém, muito menos terem se matado, se Romeu e Julieta tivessem tempo de se conhecerem. Para a neurociência, a paixão é um estado de demência temporária, desse modo, nossas atitudes, no momento em que estamos apaixonados, perdem filtros importantes para que possamos racionalizar as coisas. Lembro-me que a primeira vez que me apaixonei foi assim, foi como Romeu e Julieta, pois, ao meu ver, não havia razão de estar em um mundo no qual a pessoa que eu amava não estivesse (comigo), só que, antes de alguém morrer e ninguém morreu, felizmente, o tempo passou e eu comecei a enxergar claramente quem era a pessoa que eu dizia amar unicamente, e tenho quase certeza que se, Julieta tivesse tempo para conhecer Romeu (ou vice-versa) ela iria era querer matá-lo ao invés de se matar. Ultimamente, observo muitos casais Romeu e Julieta, e fico me questionamento a respeito da atemporalidade da obra. É engraçado como conceito de amor líquido de Bauman se cruza aqui com o exagero de Shakespeare e o resultado é esse boom de relacionamentos intensamente vazios ou vaziamente intensos. Sei que soa extremamente paradoxal, mas sinto que há, nesses relacionamentos, uma real intensidade, acompanhada de um enorme vazio. Enfim, eu só escrevi esse texto para avisar ao Romeu e a Julieta, ou a qualquer Maria, João ou Roberta, que não precisa se matar não, no final das contas talvez o Romeu fosse um escroto, e a Julieta? A julieta mais ainda...

- Roberta Laíne.

sábado, 20 de novembro de 2021

Sexualmente falando, eu tenho a necessidade de ser dominadora. De comprimir a pessoa entre espaço e tempo e dizer: "Quem manda aqui sou eu!". E em meus braços, eu preciso que você me diga que te faço mulher, que te faço se sentir uma parte surreal da galáxia. "Quem vai te foder sou eu!". Eu preciso que você precise sentir a necessidade inexplicável de que eu te foda. "Porque eu vou te foder!". O mais interessante disso tudo é o que eu vou te contar daqui para frente, pois, o fato de eu me sentir dominadora, e comandar a coisa toda, em nenhum momento faz com que eu me sinta superior. Muito pelo contrário! Se eu te domino, se eu comando a ordem das coisas, significa que eu estou absolutamente entregue, vulnerável e escrava de ti. É interessante observar a palavra "domínio" ou a sentença "Quem manda aqui sou eu" e achá-las narcisistas, mas, no final das contas, eu é quem estou sendo dominada, eu é quem estou sob o teu efeito e tuas vontades, eu é que me doei. Eu sei que isso é muito paradoxal, e eu não espero que você me compreenda, caro leitor(a), na verdade, eu só queria expurgar o que sinto e me livrar destas palavras que me perturbam até formarem uma frase, um texto, um todo significativo. Talvez eu realmente não queira nada ou talvez eu queira sim, tudo, e te faças, ao me ler, com que tu se abras a mim, sinta um pouco do meu ardor e queira que eu te foda, te foda lentamente, por meio destas e de outras tantas palavras e sentenças, e sabe-se lá o que, nem o porquê, como muito na vida.

- Roberta Laíne.

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Se eu escrevo, é por que há murmúrios dentro de mim.

- Roberta Laíne.

sábado, 30 de outubro de 2021

"Há um passado no meu presente"

Há poucos dias, fui para mais uma sessão de terapia que iniciei recentemente, e o tema do encontro foi Cássia. Acho que, passe o tempo que passar, sempre será difícil falar sobre ela. Inclusive, fiquei meio mal depois, mexer nessa zona é sempre bem desconfortante para mim. Narrei o que pude, mas sempre com a sensação de que poderia mais, muito mais. No meio da coisa toda, algo chamou a minha atenção. No final da sessão, já com a visão turva por conta das lágrimas, escutando em segundo plano a terapeuta falar que não foi culpa minha, que havia sido uma escolha dela e, ao contrário do que eu achava, eu havia feito parte de momentos felizes da sua vida... Quando de repente uma sentença vazia e incolor saiu de minha boca: “Eu queria não tê-la conhecido”. Até agora isso está ressoando aqui dentro do meu peito, está batendo em minha caixa torácica, conforme a pulsação do meu coração. “Eu queria não tê-la conhecido” foi muito áspero, severo, sem brilho. Isso me machucou, machucou muito. Querer não tê-la conhecido é muito dolorido, e o mais engraçado de tudo é que, eu não falei isso por egoísmo, ou pelo fato de querer abster-me de toda a dor e sofrimento que permeou a sua morte. Não, não é nada disso. Na verdade, eu não queria tê-la conhecido pelo severo sentimento de culpa, pela claustrofobia que é pensar que tive influência sobre sua escolha, que se, caso ela estivesse com outra pessoa, que não fosse eu, poderia estar viva e feliz. Eu queria tanto que ela estivesse viva... Eu queria tanto que ela estivesse viva e feliz. Eu queria tanto que ela estivesse. Não como ela estava, Cássia não era feliz, por isso queria que estivesse viva e diferente do que era, como nunca a vi. Queria ela tivesse vontade de viver, com determinação para correr atrás de seus sonhos, queria que Cássia tivesse sonhos. Queria que ela soubesse lidar com as dificuldades que estavam à sua volta. Que seus problemas familiares e tantos outros, como traumas e feridas mal curadas, tivessem menos poder sobre ela, e que conseguisse conseguir. Mesmo morrendo de ciúmes, eu preferiria um zilhão de vezes que ela estivesse, nesse exato momento, feliz nos braços de outra pessoa, e sobretudo viva. Não só respirando, queria que ela estivesse viva, respirar todo mundo respira, respirar ela também respirava, mas não estava mais viva, por isso eu queria muito que ela tivesse recuperado a capacidade de viver, não por ninguém, mas por si, por acreditar na alma esplêndida e foda que era. Infelizmente nem tudo o que queremos depende só de nós, mas, se dependesse de mim, eu gostaria de que ela estivesse aqui, em paz, feliz, e sobretudo viva.

Com carinho, 

Roberta Laíne.

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Se você tem pena de si, o que você espera que as pessoas tenham de você?

Há algumas semanas, tive uma atitude bonita ao meu respeito: voltei a fazer terapia.

Há tempos eu não estava bem, e viver tinha voltado a ser um fardo. Foi então que comecei a movimentar-me ao meu favor e busquei ajuda. Primeiro procurei um psiquiatra que, na primeira consulta, não mostrou nenhum tipo argumento convincente a respeito do meu testemunho. Um senhor desatento e que só falava em duas coisas: exercícios físicos e Deus. Não que eu tenha algo contra, mas acredito que anos de medicina, somados aos de sua especialização em psiquiatria, deveria revelar àquela pessoa, um arsenal muito mais vasto. Enfim, saí de lá chateadíssima e nunca mais voltei, pois parecia mais que era ele quem precisava de um psiquiatra. Foi então que resolvi voltar à terapia. À priori, estava resistente, não queria, pensei no quão seria enfadonho contar toda a minha narrativa a alguém que eu não conhecia. Mas, como eu sabia que precisava, fui. E agora sinto-me melhor, a terapeuta consegue fazer perguntas interessantes a mim, as quais me fazem refletir a respeito de algumas posturas e atitudes, e isto é, por si só, excepcional, pois dificilmente as pessoas ao meu redor me fazem refletir. É meio que raro eu escrever coisas felizes a cá, mas acho que o que narro agora é feliz, porque eu busquei ajuda e só queria deixar registrado o quão é importante para nós, seres humanos, refletirmos sobre o mundo aqui dentro, mergulhar no eu, protagonizar, ser, um, uno, Roberta.

- Roberta Laíne.

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Talvez eu não demore mais tanto

Eu não aguento mais morar com a mamãe. É simplesmente infernal! Eu não posso respirar, tudo o que faço é errado, somente a ação dos outros é que é a correta e isso está me deixando sem ar, estou morrendo sufocada e ninguém vê. Mamãe me adoeceu há muitos anos e tudo o que posso fazer é silenciar.

Diretamente do inferno,

Roberta Laíne.

terça-feira, 7 de setembro de 2021

Ultimamente tenho me sentindo muito abaixo de tudo e todo mundo. É uma sensação esquisita, incômoda e desconfortante. Simplesmente sinto que não deveria olhar para mais ninguém, falar com mais ninguém, e não estar mais perto de ninguém, porque minha existência incomoda. Eu sinto que incomoda. É como se o fato de eu respirar fosse uma grande ofensa para as pessoas. E isso me deixa tão triste, mais tão triste, que me encolho na cama o máximo possível, para vê se diminuo o espaço que ocupo no mundo, para vê se comprimindo o meu corpo ele some, pra vê se eu paro de sentir o que sinto, essa dor fina e claustrofóbica que é existir.

- Roberta Laíne.

sábado, 4 de setembro de 2021

"Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga
Tenha, more, gaste, viva"

Caro leitor, hei de emanar uma proposição mais que verdadeira: você irá morrer.  

Há alguns anos, depois que me tornei uma colecionadora de perdas irreparáveis, parei de deixar as coisas para uma ocasião especial. Comecei a comer a pizza do final de semana em plena segunda-feira; passei a vestir a calça nova, que havia comprado para ocasiões específicas, na terça, para ir à padaria; comecei a comer a parte mais gostosa do bolo primeiro, não deixando nada de empolgante para o final. Depois que percebi que não somos para sempre, parei de guardar as coisas para um dia futuro. Resolvi cortar o meu cabelo da maneira mais diferente possível e comecei a testar mais possibilidades em mim, não deixando nada para o fim do semestre, da semana ou do dia. Perceber que vamos morrer não é o fim do mundo, e, sim, uma dádiva, imagina só ficar aqui, para sempre, nesse mundo caótico e cheio de injustiças? Deus nos livre! Bem, o que eu queria te dizer com tudo isso, além do fato de que somos instantes, é que está tudo bem sentir medo, inclusive, grande parte das coisas que faço é com medo, porém, o que você não pode é deixar de fazê-las, por que meu amigo, se há algo no mundo que eu posso te afirmar é: você vai morrer, então seja, apenas.

- Roberta Laíne.

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

A última pessoa que eu fiquei, tem um sorriso tão lindo, mais tão lindo, que eu meio que decorei, e toda vez que lembro, é como se raios de sol iluminasse os meus olhos, fazendo com que tudo fique abarrotado de luz.

Para R.

Com carinho,

Roberta Laíne.

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Sinto que nunca mais vou namorar, pois não consigo imaginar uma pessoa que consiga driblar meus pensamentos todos os dias, resgatar-me de mim mesma e do quão meu cérebro consegue me sabotar. Esse triatlo eu não desejo a ninguém, muito menos às pessoas que esbarram em minha vida e que tenho afeição. E acho que deve estar tudo bem em ser sozinha, é bem melhor assim do que magoar alguém e também me magoar. Eu não gosto de ser só, mas eu preciso. Sinto muito, até demais...

Com carinho,

Roberta Laíne.

Sentia que uma das maiores prerrogativas da vida era a capacidade de sentir, mesmo que dor, mesmo que tristeza, mesmo que angústia. Sorria e sabia, que sentir era a sua maior capacidade, mesmo que por vezes com o peito dilacerado, mesmo que por vezes (muitas) o outro não lhe compreendesse. Tinha certeza que sentir, mesmo que com dor, era a sua maior grandeza de ser, de viver, de ter a capacidade de degustar, depois da angústia, um floco de felicidade, e, por mínimo que fosse, valia a pena por uma vida inteira.

Roberta Laíne.

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Antes de ontem, minha amiga que acabara de perder seu filho, estava olhando para o céu quando me fez a seguinte pergunta: "Roberta, você acha que ainda há luz para mim?". Seu questionamento ecoou em meu cérebro e ficou vibrando em todo o meu corpo, e, em questão de segundos, dei a ela uma resposta ao qual não me recordo na íntegra, mas que achei satisfatória. Logo em seguida, saí de sua casa e fui em direção a minha, coisa de 10 segundos, trazendo sua indagação comigo, que ficou vibrando em mim. Já no meu quarto, várias outras perguntas invadiram a minha cabeça, coisas do tipo: "Uma mãe acha a luz mesmo depois de perder um filho?", "Dá para encontrar luz nas lembranças, as quais jamais quereríamos que virassem momentos longínquos?", "Em que momento a luz aparece e dissipa a agonia?". Percebi que em todos os questionamentos a palavra luz se repetia e, de certa maneira, aquilo me inquietava... De repente, em uma fração de segundos, um feixe de luz entrou pela janela do meu quarto. Sobressaltada, cerrei os olhos e pus meu corpo em defesa, enquanto várias imagens começaram a aparecer entre a luz, tudo ficou tão claro que os meus olhos ficaram marejados, na tentativa de se acostumar com o fulgor. Foi nesse momento que um brilho cintilante começou a brotar do teto e escorria pelas paredes do meu quarto, em cada pedaço de luz eu via vários fragmentos do sorriso do filho de minha amiga. Pablo, seu filho, tinha um sorriso impressionante, cheio de dentes grandes e bonitos, que agora escorriam entre as minhas paredes, seguido de várias letras desordenadas que caíam como uma chuva de meteoros. Algumas palavras começaram a se formar das letras, e, a primeira delas foi "semente". Logo depois, a palavra "fé" surgia e brilhava. Em seguida, em uma questão de segundos, formou-se a palavra "esperança", e, por último, vinha brotando do teto a palavra "eternidade". Estas quatro palavras ficaram circulando em torno do sorriso de Pablo e dançavam um baile de letras pomposo e cheio de luz, parecia que faziam uma apresentação, que estavam em um espetáculo. Aos poucos, vi soltar letra por letra de cada uma das palavras, tomando todas uma única direção. Atônita, limpei os olhos e acreditei que o espetáculo havia chegado ao fim, quando, de repente, as letras começaram a voltar, num misto de confusão e exaltação, todas embaralhadas procurando um local para se fixarem, tipo quando abrem a porta de um espetáculo e as pessoas buscam os melhores assentos para assisti-lo. Foi aí que cada letra começou a se alocar em lugares exatos e ali permanecerem, algumas iam embora enquanto outras achavam seus devidos lugares e assim formaram frases, as quais escorriam pela parede do meu quarto. Fragmentos do seu sorriso apareciam, e a sensação que eu sentia era de estar em um daqueles dias em que o céu encontra-se extremamente limpo, com um sol radiante que nos toma de conta e enche-nos de energia, fazendo com que sintamos vontade de ir à praia. Uma frase cintilante se formou como resposta à primeira pergunta que surgiu na minha cabeça, e, nela, em letras garrafais, estava escrito: "A luz está em você, foi você quem o gerou". A segunda frase apareceu logo em seguida como um letreiro gigante e dizia: "Tudo foi real. Só há lembranças do que continuará a existir pela eternidade/Nada será apagado". E a última frase seguiu como uma manchete de jornal com o seguinte dizer: "Você é mais forte do que imagina"... Logo após, todas as palavras foram se embaralhando novamente e indo embora, uma imagem do sorriso de Pablo apareceu e inundou o meu quarto, clareando tudo como um relâmpago, tamanha sua luz. Suavemente, seu sorriso foi seguindo o mesmo percurso das palavras e indo embora, enquanto os meus olhos incrédulos acompanhavam o trajeto da luz que se esvaia pela janela do meu quarto. A única reação que tive foi apenas limpar as lágrimas e começar a escrever, com as mãos trêmulas eu redigia incessantemente em uma folha de papel A4 tudo o que vira, com a certeza de que aquele texto não era um Poema de Quarto qualquer, pois ele possuía um único destinatário: Francisca dos Santos Pinheiro da Cruz, sua mãe.

Com carinho,

Roberta Laíne, via Poemas de Quarto.

sábado, 10 de julho de 2021

Nunca imaginei que seria tão difícil esquecer a Geovana. Beijamo-nos apenas uma vez, mas, em mim, há uma marca incógnita de sua existência. E eu sinceramente não sei o que faço com esse sentimento incômodo, com essa sensação inquietante de que tudo ainda não acabou, não é esse o fim da narrativa. Mas não existe outra maneira de terminá-la, não há final feliz para mim, e eu não espero nada de diferente, pois não há como esperar algo de diferente se tudo o que eu faço é igual. Só me resta ficar aqui escrevendo, até Geovana ir embora de vez dos meus pensamentos, dissolvendo-se como algodão doce, dissipando-se pelo céu, até que eu não consiga mais vê-la, como no dia em que deixei o balão de gás hélio da Maria soltar-se e ir embora, perdendo-o de vista, e balançando a cabeça dizendo: já era...

- Roberta Laíne.

domingo, 4 de julho de 2021

Beijar é fácil
Transar também

Agora... 

Te fazer sentir saudades
Aí é só no último verso

Eu, meu bem.

- Roberta Laíne.

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Terminei de ler "Tartarugas até lá embaixo", abracei o livro com muita força, e comecei a chorar. A única coisa que vinha à minha cabeça era: obrigada John Green, obrigada Aza Holmes, eu sou você, eu sou você... Eu não queria me despedir deles, eu não queria sair de Indianápolis, eu não queria ficar longe da Daisy, do Mychal, do Davis, do Noah, da mãe da Aza, da Dr. Singh, eu gostaria de continuar indo ao Applebee's da 86 com a Ditch, que eu não faço a mínima ideia de onde seja, mas que criei todo uma ambientação na minha cabeça, e se tornou um dos meus lugares favoritos. Sou aquele tipo de pessoa que se apega com muita facilidade a lugares, comidas, sentimentos, enredos, pessoas, e não tenho nenhum tipo de vergonha em admitir isso, e é difícil, para pessoas como eu, deixar ir... Deixar ir é algo que me paralisa, inclusive, parece que sempre estou deixando ir, quando, na verdade, eu não estou sabendo como não deixar, e fico paralisada. Sei que lerei vários outros livros, e conhecerei uma porção de novos personagens, lugares e situações, mas, aqui, quero fixar o meu apego a tartarugas e a tudo que a envolveu, então não direi "adeus" ao enredo e sim "até logo", e finalizarei com uma frase do próprio livro: "Ninguém nunca diz até logo a menos que queira ver a pessoa novamente". 

"Estar vivo é sentir saudade."

- Roberta Laíne.

terça-feira, 22 de junho de 2021

Zot, se por acaso eu encontrar um novo cachorro, você promete não ficar com ciúmes ou raiva? Eu sinto tanto a tua falta... Você sabe que, ninguém, nunca, em hipótese alguma, ocuparia o teu espaço em minha vida.

nunca
eu te prometo, vida.

- Roberta Laíne.

domingo, 20 de junho de 2021

Toda as vezes que escrevo sinto como se uma chuva forte me molhasse. Dá-me um frio, meu corpo todo encharcado e minhas mãos engelhadas. Sinto a água se decompor com o choque em minha pele, grudando a mim cada molécula de hidrogênio e de oxigênio. Escrever, para mim, é tomar um banho de água fria e ficar à mercê do sol, esperando que sua temperatura me seque. Inclusive, por inúmeras vezes dormi ao relento, toda molhada, porque o sol não aparecia. Olha, eu te afirmo, escrever não é fácil, mas é preciso. E eu meio que já aceitei que todo mundo vem com uma missão na terra, cada um carrega uma tarefa ímpar, e a minha é ficar encharcada, esperando que talvez o sol apareça.

- Roberta Laíne.

No domingo é tudo sempre mais difícil

Hoje eu acordei com uma vontade imensa de morrer, não sinto mais que as coisas estejam me prendendo aqui, eu só queria o meu pai, a Cássia e a Zot, os três de uma vez, acolhendo-me, e dizendo-me que eu sou muito forte por suportar os meus pensamentos e, ainda, não ter tirado a minha própria vida em um ato impesando da minha cabeça. Pai, Cássia e Zot, vocês podem me ouvir? Amo vocês.
Com carinho, 

- Roberta Laíne.

sábado, 19 de junho de 2021

Ainda bem que você nem tentou

Eu nunca consegui dizer para as pessoas que elas precisavam ficar na minha vida, e isso sempre foi extremamente danoso a mim. O problema é que eu nunca acho que há, em mim, algo especial, ou, que valesse a pena, a ponto de pedir para alguém ficar. Eu queria muito ir atrás das pessoas e dizer a elas que sim, que há coisas boas em mim, mas a única coisa que eu consegui, em toda a minha vida, foi deixar que elas atravessassem a porta e fossem embora. Eu sei que isso é fruto de uma mente depressiva e de um corpo que sucumbe as goteiras da alma, e eu queria muito que minha depressão não tivesse tanto poder sobre a minha vida, mas infelizmente eu sou uma simples fracassada nas minhas relações interpessoais, uma pessoa de merda, que ninguém entende e por isso se torna impossível acolher. Eu me configuro como uma das existências mais desnecessárias da terra e a mente mais fodida do planeta. "Não sou eu, eu juro."

- Roberta Laíne.

sexta-feira, 11 de junho de 2021

É importante chorar antes de dormir.

Boa noite.

- Roberta Laíne.

segunda-feira, 7 de junho de 2021

Se não for para ser  

                               Intenso,

                               Extenso,

                               Prolixo e

                               Demasiado.

Eu não quero.

Não é por maldade, nem predileção.

É que o meu mínimo é assim,    

                                                 Extenso,

                                                 Intenso,

                                                 Abrasivo,

                                                 Vulcão.

- Roberta Laíne.

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Eu preciso de alguém que me diga, todos os dias, que eu valho alguma coisa, pois, a todo momento, minha cabeça fica dizendo o quão eu sou uma merda, que eu não sirvo para nada, que eu não estudo o suficiente por isso não sei várias coisas sobre gramática, que sou uma professora horrível, e um ser humano incrivelmente não passível de ser amado, por isso não tenho ninguém e nunca ninguém ficará...

Eu me odeio de todas as formas.

Com carinho, 

- Roberta Laíne.

domingo, 23 de maio de 2021

Um dia, você ainda vai olhar para as merdas que afligem sua cabeça e dirá:

E agora, quem é que fode com quem?
Quem é que fode com quem?
Quem é que fode? 

é sobre dar a volta por cima

- Roberta Laíne.

Estou sentindo algo estranho em relação a Capanema. Ultimamente tem me invadido a sensação de que não pertenço mais a aqui, e todas às vezes que olho para a minha rotina, sinto vontade de ir embora. É como se nada, absolutamente nada mais aqui, conseguisse me despertar animosidade. Parece que eu esgotei toda a poesia que havia a cá, e eu não sei muito bem o que fazer com essa sensação, pois ela é nova. Além de nova é bem diferente do que prego, pois sempre fui de criar raiz, e a ideia de sair por aí sem destino nunca me soo confortável ou interessante, mas, agora, eu não sinto mais vontade de ficar, e é muito esquisito para mim. Acho que já faz algum tempo que venho revendo alguns conceitos aos quais eram fixos e agora estão ganhando uma nova conotação, e, é claro que, isso me assusta. Talvez seja por isso que tenho escrito bastante ultimamente, muito provável que esteja ligada a sensação de não pertencimento, de solidão, de diáspora que invade o meu peito.

Para onde irei então? Fica a busca...

- Roberta Laíne.

domingo, 9 de maio de 2021

É interessante como a gente faz falta para as pessoas... Sábado passado, depois de algum tempo sem ir à missa, resolvi acompanhar mamãe à igreja. Quando a celebração terminou, enquanto eu saía, uma mulher se dirigiu até mim e falou: "Você voltou! Eu havia falado para a minha filha que achava que você estava viajando, pois nunca mais tinha vindo à missa.". Eu sorri e disse que não estava viajando, apenas havia me afastado, mas agora estava de volta. Os poucos minutos que é da igreja até minha casa, eu vim sorrindo, sentindo-me toda importante, pois achei o máximo fazer falta para aquela mulher! Mesmo que nós não tenhamos contato estreito e que os nossos encontros sejam restritos à missa, fiquei toda exuberante em saber que tive a capacidade de fazer falta para ela, foi o máximo! Principalmente porque naquele dia eu estava me sentindo muito sozinha, achando que eu não era importante para as pessoas. Eram seis e pouco da tarde, o sol vinha descendo todo em laranja no risco do horizonte, enquanto eu sorria para o céu e dizia: Você adora nos dá presentes de surpresa não é mesmo? 

- Roberta Laíne.

terça-feira, 4 de maio de 2021

Eu, tu, nós.

Observação:

Nem sempre costumo achar que quando uma pessoa sai da nossa vida foi "providência divina" ou "livramento", como dizemos de praxe. Na verdade, eu acho que estamos acostumados demais a sempre atribuir a responsabilidade das coisas que nos acontecem à Deus, ao destino, ou ao que quer que acreditamos, e esquecemos ou descartamos a possibilidade de, na verdade, o mal está em nós mesmos, na gente. É difícil de aceitar, mas, às vezes, as pessoas saem da nossa vida por culpa inteiramente nossa, e sei que é doloroso ler isso, mas Deus, o destino ou a própria pessoa nada tem a ver com as rupturas que nos acontecem. Não percebemos pois não aceitamos que a coisa toda está em nós, nas nossas atitudes sorrateiras e confusas, no nosso egoísmo velado de silêncio, na nossa abstenção de responsabilidade para com o outro, na nossa covardia em ser. Muito pelo contrário, achamos sempre que as nossas atitudes são as mais bem intencionadas, que estamos cobertos de razões, que somos um poço fundo de benevolência e que as pessoas não param para nos compreender. Somos egoístas demais para achar que a culpa é nossa ou que o mal está aqui, em nós, em nossas atitudes, por mais não intencionais que sejam. A gente sempre tá na ilha, porque sair dela é perigoso, e somos covardes demais, jamais admitiríamos o quão perversos somos, no barulho dos nossos pensamentos, na nossa mania de sempre achar que estamos no centro de tudo e que o sol que gira em torno da gente, no nosso discurso patético de que "Eu posso até ter os meus defeitos, mas pelo menos eu não sou como você". A gente compara imperfeições e se põe no topo da lista, porque ficar em último lugar é inaceitável, é incongruente para com os nossos cálculos pateticamente humanos, ordinariamente adulterados, e culturalmente pecaminosos. Inclusive, esse texto, veladamente, é uma tentativa egoísta em mostrar que a minha opinião é melhor que a sua.

Com carinho,

- Roberta Laíne.

quinta-feira, 29 de abril de 2021

"Quando chegou carta, abri. Quando tocou Prince, dancei. Quando o olho brilhou, entendi. Quando criei asas, voei."

Às vezes mamãe diz umas coisas que, aos meus ouvidos, soa tão poético. No início da semana, por exemplo, ela disse a mim que a Lua Rosa havia invadido o seu quarto, às quatro da manhã. Eu achei isso a coisa mais linda do mundo, sorri, e imaginei: nem Camões diria algo assim. Hoje, em uma ligação, enquanto ela conversava ao telefone, soltou a seguinte frase: "não vai chover não, minha filha! Se tem arco-íris não chove, porque ele bebe toda a água." Mais uma vez sorri em meu quarto e pensei: dessa vez nem Cecília, nem Cecília Meireles diria algo assim. Lembrei de ontem, quando ela foi até a porta de casa para vê como a lua estava, o vizinho se aproximou de mamãe e perguntou: "O que a senhora procura?", então ela virou e disse: "Nada, é só que a lua hoje está chorosa...". Fiquei sorrindo e perguntando se mamãe sabe que é poeta, e, ao mesmo tempo, desejando que não, que ela nunca descubra que é a minha poetisa favorita, pois talvez assim eu aproveite mais de suas composições avulsas e, deixe armazenado em minha alma, suas frases singelas, mais sensíveis que Caio, mais exageradas que Florbela.

Com carinho,

- Roberta Laíne. 

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Em algum ano deste blog, eu já deva ter dito que a pior parte da depressão são os pesadelos e excesso de sonhos que temos. Então só quero reforçar:

Você acorda absurdamente destruída, o corpo inteiro doi e também a alma, uma onda de medo e exaustão nos invade. Gostaria de um copo com água. Absurdamente exausta...

- Se na vida você não tem paz, nos sonhos muito menos.

- Roberta Laíne.

quinta-feira, 22 de abril de 2021

Você faz eu me sentir patética. Como se nem eu, nem minhas palavras fizessem sentido...

- Roberta Laíne.

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Orgulho e Preconceito

Eu tenho tanta coisa para dizer, no entanto estou agindo como se nada tivesse. Estou tratando de "nós" como algo perfeitamente resolvido e pacato, mas tudo isso é fingimento, pois dentro de mim há um turbilhão de palavras, um amontoado de frases e conectivos que reservei a ti, à tua existência em minha vida, na terra, sob minha ótica. Eu poderia fazer um dicionário só usando as palavras que tenho guardadas a ti, eu poderia abrir uma fenda no universo com o grito que tenho embargado com a palavra "nós", com essa necessidade interplanetária que tenho de te falar sobre "nós", como se existisse um "nós", quando, na verdade, tudo o que você faz é apenas sobre "você", eu não faço parte de absolutamente nada ao seu respeito. Nem do passado, nem do presente, nem do futuro. 

Você não imagina o quão é doloroso para mim, ser patético e poético, ponderar as palavras e dizer: "tenha um ótimo dia", "obrigada", quando tudo o que eu queria era delongar a narrativa até você se sentir inteiramente presa a mim, de corpo, cérebro, coração e alma. Mas você não deixa, sempre vai embora antes que.

No final das contas eu entendo que não faço parte e está tudo bem, você sabe, inclusive, que eu tenho ciência disso. Só que depois dessa frase tem de haver um "mas" e não foi eu quem ditei isso, foi a gramática. E você pode e tem o direito de me culpar por tudo, menos por isso. E o "mas" dessa frase, é o fato de eu não entender por que diabos eu "existo" nas linhas da tua história. Se sou apenas figurante, por que há, excessivamente, uma inquietação em mim em relação a você? Por que tua existência me incomoda tanto? Por que não paro de pensar em você? E o quão foi importante te olhar nos olhos e descobri coisas vãs e intensas, e extensas, até você desviar o olhar por não aguentar ser visualizada pela minha ótica. 

No meio dessa coisa toda eu descobri a importância de não magoar, e o quão é bem melhor engolir meu amontoado de palavras só para não te ver confusa e infeliz, e, se você está bem com tudo isso, e não precisa falar, eu vou restringir minhas palavras a apenas este velho blog, que carrega um arsenal de causos impossíveis, como eu e você.

- Roberta Laíne. 

segunda-feira, 19 de abril de 2021

Aceito. No entanto é devastador saber que você nunca ficaria comigo. 
É como se eu soubesse que, se fôssemos dois soldados, você iria embora da guerra sem dar a vida para me defender. 

Te amo. Mas se pudesse escolher não amaria.

Meu corpo sente falta do que nunca teve.

Com carinho, 

Roberta Laíne.

sábado, 10 de abril de 2021

Eu ainda fecho o portão com medo que a Zot saia de casa e vá para a rua.

É difícil se desfazer de hábitos importantes. 

- Roberta Laíne. 

terça-feira, 6 de abril de 2021

Fazia tempo que eu não tinha tantas crises. Amo você. Perdoa-me por sofrer tanto.

Zot, esse será o meu primeiro aniversário sem você, por favor, diga-me, o que farei?

Você não faz ideia do quão está sem sentido...

- Roberta Laíne. 

segunda-feira, 5 de abril de 2021

domingo, 28 de março de 2021

Eu não estou bem, no entanto estou feliz, parece um absurdo né? Mas você já viu por acaso alguma coisa nessa vida fazer total sentido? Suponho que não. Enfim, eu estou feliz porque, depois de ter feito uma postagem a respeito da dor que tenho vivido nesses últimos tempos, e, ter narrado coisas que jamais contaria para alguém, a não ser para este velho e simplório blog, algumas pessoas entraram em contato comigo, alegando que lêem meus causos, e que estão sempre no aguardo de novas postagens. Uma disse: quando você demora muito a postar algo, eu fico relendo os antigos. A outra pessoa narrou: quando você demora muito a postar algo, eu fico feliz, pois sei que você está bem. E a terceira pessoa não disse que leu, mas eu sei que sim, ela leu, e por isso meu procurou, mesmo eu tendo expulsado-a inúmeras vezes da minha vida, ela continua a insistir em ficar. Bem, esse Poema de Quarto é para vocês, R. T. e L. (respectivamente pela ordem dos fatos narrados), eu gostaria que vocês, neste exato momento, abrissem um sorrisão, e fechassem os olhos por alguns segundos, para deixar toda a luz que emanaram a mim voltar até vocês, para que sintam a explosão no corpo, do que é tocar a alma, o que é ser doce e valente, em um mundo tão insensível, o que é emanar amor, sentir amor, ser amor e deixar... Deixar o amor invadir, obrigada por amarem.

Amo vocês,

Com carinho,

- Roberta Laíne.

sábado, 27 de março de 2021

Episódio número 3

Talvez morrer seja menos doloroso do que viver com tudo o que sinto. Voltei à estaca zero, e aqui do fundo do poço é turvo vê as estrelas.


quinta-feira, 25 de março de 2021

Só escrevo porque sei que ninguém lê, aqui, é a minha maior segurança

Neste exato momento, a única coisa que consigo fazer é chorar, estou afogada em lágrimas, porque admiti a mim mesma que não estou bem. Desde que a Zot morreu estou tendo crises absurdas de ansiedade, pânico, depressão, fobia social, somadas a agorafobia. Tem sido um peso absurdo trabalhar, conviver, estar com as pessoas, pois 80% do tempo estou em um mundo paralelo, totalmente desfocada, onde o medo me invade e a dor me assombra. Não sei o que faço, perder a Zot foi como perder a minha própria vida. Eu estou um lixo. E confesso, estou com medo de viver, por isso estou morrendo a cada dia...

Com carinho,

- Roberta Laíne.

quarta-feira, 24 de março de 2021

Não vou te ligar, não vou mandar mensagem, não vou te procurar ou mexer com você, porque eu sou assim, sou extremamente na minha, mesmo sentindo muita vontade eu não vou... Cabe a mim respeitar a sua decisão de não poder me dar mais nada de ti, da tua boca, do teu corpo e da tua alma, de não poder ser minha. E sei que daqui a algum tempo eu vou te esquecer, assim também como você me esquecerá, mas quero que saibas que mesmo te deixando ir, você está me devendo uma vida... Uma vida inteira ao seu lado.

"Então a gente vai fugir pro mar, eu vou pedir pra namorar, você vai me dizer que vai pensar, mas no fim, vai deixar."

- Roberta Laíne.

segunda-feira, 22 de março de 2021

Hoje, peguei-me pensando que não dá mais para deixarmos para amanhã, como sempre fazíamos, e era prático: 

Se estou com suadades. Ah, deixa para amanhã!

Se esqueci de dizer que a amo. Ah, deixa para amanhã!

Se perdi o trecho da música que iria enviar. Ah, deixa para amanhã!

Se esqueci de ir na casa da vovó, pois me distrai com o trabalho. Ah, deixa para amanhã!

Se passei rápido demais por alguém conhecido e esqueci de acenar. Ah deixa para amanhã!

No entanto, nós perdemos o amanhã, somos obrigados a dizer hoje, agora, imediatamente, antes que seja tarde demais.

O amanhã se tornou um sonho longíquo, cuja certeza se dissolve em nossas mãos e escorrega para o infinito.

Ah, não deixe para amanhã!

- Roberta Laíne.

O que eu faço com todas as fotos que estou salvando na galeria do meu celular para te mostrar? 

O que eu faço com todas as coisas, miudas e sem importância, do meu dia a dia, que estão acontecendo e eu não posso mais te contar?

O que eu faço com os trechos das músicas que ouço e me fazem lembrar a ti ou algum detalhe da minha personalidade da qual faria a gente sorrir?

O que faço com o momento que tenho, antes de dormir, no qual sou fuzilada de pensamentos sobre você, levantando dúvidas cujas respostas os cientistas jamais iriam descobrir?

O que faço com o meu corpo que sente a falta do teu e em silêncio denuncia saudade?

O que faço com o final desse poema que é todo sobre você e que narra a minha intensa saudade? 

- Roberta Laíne. 

domingo, 21 de março de 2021

O foda é que eu não tenho nada para oferecer pra ela

A não ser as minhas poesias patéticas
Eu só sei rimar.

- Roberta Laíne.

quarta-feira, 10 de março de 2021

"É o fim do mundo todo dia da semana"

Volto aqui, porque não posso me distanciar daquilo que mantém viva. Mesmo inanimada, sem um pingo de vontade de escrever, de viver, de ser... Deixo minha confissão de que só estou de pé por pura obrigação, estou no automático e fazendo as coisas de supetão, estou absurdamente perdida de mim. Desde que a Zot morreu, e foi acrescida na lista das mortes mais absurdas da minha vida, eu tento encontrar uma fresta, um feixe de luz, mas tudo o que encontro é o reflexo do meu próprio retrato no espelho, a sombra de alguém que está tão perdido quanto uma agulha em um palheiro, alguém que não tem mais paixão nas coisas da vida. Toda a intensidade que me mantinha de pé, resvala agora em lugar algum, todo o vigor incontestável que me aprumava na vida, está se transformando em pesadelos que tenho à tarde, quando vou cochilar ou dormir. Tudo o que sou agora é cinzas, pareço um dia de feriado, um cortejo fúnebre em dia de chuva, um salmo triste da missa do domingo. Eu olho para as pessoas e sinto uma vontade imensa de correr para dentro do meu quarto, esconder-me debaixo do meu cobertor, e fechar os olhos bem fortes, sentindo-me segura e longe de toda sensação urgente de ser. Eu desaprendi a ser, não sei mais como que é estar, porque eu não estou mais, eu não existo mais aqui.

Com carinho, 

Roberta Laíne. 

domingo, 21 de fevereiro de 2021

Imagina só se nós déssemos ouvidos às pessoas que passam por nossas vidas e que deixam uma mensagem poeticamente canalha, digo, aquele tipo de comentário, por exemplo, a um estudante de enfermagem, dando-lhe a dica de que ele deveria estudar um pouco mais e se formar em medicina, pois ele seria bem mais reconhecido e prestigiado socialmente e ganharia muito mais dinheiro. Imagina só se não tivéssemos enfermeiros? Cujo papel é imprescindível e magnífico no processo de assistência ao paciente. Quem faria isso por nós? Imagina só se déssemos ouvidos aos comentários canalhas que fazem para aqueles que pensam em se tornar professores, quem iria embasar os filhos da nação no Ensino Infantil? Quem asseguraria essa continuidade no Ensino Fundamental e Médio? Existiriam faculdades?. Esses comentários canalhas nos cercam a todo momento e em qualquer lugar, seja menosprezando o padeiro, que poderia ser um chefe de cozinha, seja subalternizando o pedreiro, que deveria ser um engenheiro ou arquiteto, seja desdenhando a costureira, que deveria ser uma estilista. Os comentários canalhas são tão baixos, que vociferam a crença de que dançarino, músico, cantor, compositor, pintor, escultor, poeta são vagabundos, como se conseguíssemos viver sem a Arte, como se fosse possível suportar a vida dessa maneira, pois até os homens das cavernas buscaram na arte uma forma de sobreviverem. Esses comentários canalhas são sinônimos de pobreza, e quero que você entenda, estenda, e rasgue a palavra no seu nível mais profundo, porque só a pobreza explica tamanha canalisse. Termino essa prosa dizendo-vos, não dá nem para imaginar como seria o mundo no qual todos déssemos ouvidos e/ou formas a esses comentários canalhas... Amém.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Eu nunca tive medo quando um cachorro de rua avançava ou se aproximava de mim, meu medo sempre foi quando algum ser humano chegava perto. 

"Os seres humanos me assombram"

- Roberta Laíne.

domingo, 31 de janeiro de 2021

O terceiro dia mais triste da minha vida.

Zot, se eu soubesse que hoje seria o teu último dia de vida, teria parado mais os meus olhos em ti, e te observado mais, só pra eu deixar ainda mais registrado, em meus olhos, o teu amor, o nosso amor. Teria te dado aquele banho que venho enrolando desde a semana passada, teria te enchido de versos e poesia e canções que falassem sobre amizade/amor. Se eu soubesse que hoje seria o teu último dia, sem dúvidas, teria te feito mais carinho, dado mais beijos e abraços, todos bem mais demorados. Teria te dado mais comida no almoço e te embrulhado um pouco mais na hora da chuva. Ah, Zot, se eu soubesse! Se eu soubesse teria feito tudo um pouco mais, não por que faltou, mas porque você sempre mereceu um pouco mais. Ah, Zot, se eu soubesse! Eu pularia o dia de hoje mil vezes! Mas como nada sabemos, eu te entrego meu pranto e o meu muito obrigada. Obrigada por esses 13 anos, obrigada por me amar tanto, e por se deixar ser tão amada. Foram nos momentos mais difíceis de minha vida, de depressão, de pânico e de ansiedade, que tu encostavas teu corpo em mim como quem dizia: eu tô aqui, ok? Fostes tu que acompanhastes incontáveis fases da minha vida: escola, cursinho, faculdade, emprego, namoros, frustração, perdas irreparáveis e alegrias sorrateiras, foste tu, foste tu, ah, Zot, se eu soubesse.
Fica bem, tá, vida? Obrigada pela oportunidade do amor genuíno, perdoa qualquer coisa, pelo exagero, pela porção de carinho, por te amar sem medida.
Nos veremos em breve... Te amo, vida.

Roberta Laíne.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Eduarda?

Das três bocas que beijei
Nenhuma era de Eduarda.
Na hora foi bom, confesso tal graça.
Mas depois me perguntei:
Onde será que está Eduarda?

Das três bocas que beijei
Enquanto as línguas se entrelaçavam,
O mar parecia vibrante.
Mas depois que a onda passou me indaguei:
Por que Eduarda está tão distante?

Das três bocas que beijei,
Uma delas transei.
Na hora, as células se movimentavam até o gozo vir.
Mas depois que gozei, cai para o lado, acendi um cigarro e protestei:
Por que Eduarda não está aqui?

Das três bocas que beijei, do corpo que transei, das trocas que tive, em todas eu lembrei: Eduarda foi o que nunca tive ou o que sempre sonhei?

Roberta Laíne.







quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Fazia uma semana que eu queria escrever esse texto

Catarina talvez tenha voltado porque, há 3 anos, esquecera um molho de chaves sobre a cômoda, que ficava ao lado da cama, daquele quarto de hotel barato. 
Quando vim embora de sua cidade, trouxe comigo o molho de chaves como a prova mais insegura de que um dia vivemos algo, naquele quarto de hotel. Catarina tinha 15 anos na época, e minha alma denunciava uns 130. Não sei se Cataria se apaixonou por mim a primeira vista, comigo pelo menos não foi assim, na verdade, eu nem tinha notado sua existência, não fosse ela me mandar mensagem puxando assunto. Palavras, foi naquele momento em que me apaixonei. As palavras de Catarina eram muito convidativas, não por que ela dava em cima de mim, e sim porque eu sabia que de alguma maneira ali havia muito mais, dali, daquela fonte, onde a imaturidade escorria solta, flashes de inteligência me puxavam para perto. Havia muito mais.
Se eu soubesse que perceber sua existência me causaria tanta confusão e dor... É óbvio que nunca daríamos certo, ela tinha somente 15 anos e muitas reticências na cabeça. Ávida de vida que sou, sofri por ter que entender que naquele momento não teríamos o nosso próprio tempo. Fui embora daquela cidade com uma dor de Catarina, uma mágoa, um azedume da vida.
Mas, como toda boa e velha história, o tempo passou me fazendo esquecer tudo o que houve, mesmo que vez ou outra eu abrisse as minhas redes sociais, digitasse o nome dela, e visse um pouco de nada. A existência de Catarina me incomodava, saber que ela respirava era um misto de alívio e solidão, mas não havia mais nada a ser feito, o fim do que nem havia começado foi certeiro e frio.
Semana passada, quando já se completavam alguns anos do fim do que não teve começo, acordei no meio da noite e havia uma solicitação de Catarina em uma de minhas redes sociais, e, na hora, meio dormindo, meio acordada, só pensei: eu estava te aguardando... E voltei a dormir. Catarina mandou-me mensagem mas ignorei, ou pelo menos tentei, mandou-me outra e persisti no meu posicionamento, inclusive um posicionamento muito contraditório por sinal, afinal se eu estava aguardando-a então por que o silêncio? Todavia, passado algumas horas, o meu próprio silêncio começou a me incomodar, minhas células começaram a vibrar irrequietas com aquilo, foi então que decidi respondê-la, pedindo que me falasse o que queria com a reaproximação. Catarina disse que estava carregada de boas intenções e foi muito gentil comigo, no entanto, fui clara na recusa, sem titubear. Deixei Catarina falar o que sentia necessidade e depois falei, falamos o que foi necessário e guardado pelo tempo. Depois disso, pedi para que ela retornasse ao seu mundo e não mexesse com o meu e assim ela fez. De qualquer forma, foi bom terminar o que nem existiu, foi bom pôr um fim ao que nunca teve um começo, foi necessário, pois. E eu não acho que Catarina tenha aparecido no momento errado, muito pelo contrário, acho que ela apareceu no momento certo, de pronto ao movimento em que o universo se alinhou a esse momento... No entanto eu não estava mais lá, naquela história, com aquele amor, com aquelas palavras. Eu já não existia, porque eu tenho essa mania brutal e categórica de que, se você não consegue lidar conosco no momento da história, então nunca volte, nunca volte depois que o filme acaba e a tela fica preta, pois eu não estarei. Eu nunca fico... A não ser onde tu me deixastes, em 2018, é lá que eu estou, e é de lá que nunca mais irei voltar.

Com amor,

Roberta Laíne.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Nestes meus 28 anos, dessa estadia vária na terra, já andei em diversos grupos, trocando energia com uma porção de pessoas e almas dispersas, mas nenhuma chegou aos pés das prostitutas, dos drogados, e dos poetas... Somente eles sabiam falar de amor, com eloquência e sem pressa. 

- Roberta Laíne.