quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Inveja tive eu daquele maldito cigarro
Que te tocou os lábios, esgueirando-se à boca
Enquanto eu olhava incrédula
Maldito
Beijou-te à toa

- Roberta Laíne.

domingo, 13 de agosto de 2023

Querido diário, 


Estou com saudades.


Pai, lembrar-me de ti hoje fez com que algumas lágrimas deslizassem pelo meu rosto… Quando comecei a escrever, há mais de 10 anos, eu era apenas uma adolescente tentando entender por que as pessoas mentiam, matavam, e compactuavam com coisas ruins. Porém, pouco tempo depois, precisei escrever para não morrer junto contigo. Quando você se foi não aceitei a tua partida, então colapsei. Na época, fiz várias cartas a ti, esperando por respostas; inclusive, as cartas mais lindas que já escrevi foram todas endereçadas a você. Às vezes, o conteúdo era banal, eu falava sobre o tempo, sobre o vento, sobre poesia. Noutras, eu me encontrava absurdamente desesperada, pois a depressão estava perfurando o meu peito e inundando a minha alma. Lembro-me que em uma delas citei que sentia falta de quando você entrava em meu quarto, altas horas da noite, só para ver se eu estava dormindo. Em algumas dessas vezes, você me pegava com o notebook ligado e um caderno cheio de anotações, então você olhava para mim e dizia: “Vá dormir, Peteca”. E depois disso sorria ternamente. Pai, queria que soubesse que eu ainda sinto falta de você entrando em meu quarto e pedindo para eu ir dormir e acredito que, independente da idade que eu tenha, sempre vou sentir falta disso. Sou agarrada em detalhes, e é por isso que eles me fazem tanta falta. Neste exato momento, choro uma saudade oceânica, que não cabe no corpo que decrépita. Sinto a tua falta todos os dias desde a tua partida, e o fato de eu ter cessado as cartas não significa nada. Um dia, pai, quando minha estadia aqui na terra chegar ao fim, e eu te reencontrar, vou te abraçar por uma década, só pra ti sentires que, a melhor coisa que aconteceu em minha vida, foi ser tua filha. Eu te amo nesta, nas anteriores, nas futuras e em todas as vidas que eu vir, 


Com carinho,


Peteca.

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Querido diário, 


Estou feliz.


Nesses últimos tempos, tenho me ajudado muito a ser uma pessoa melhor. Tenho cuidado de mim, acalentando-me e aceitando-me como sou. Tenho dado o primeiro passo para coisas que antes nunca havia conseguido realizar, pois sempre criava uma barreira intransponível, a qual fazia com que eu visualizasse o meu objetivo muito longe. Caminhar é uma delas. Agora, tenho colocado o meu corpo em movimento e percebendo que ele é capaz de conseguir, mesmo que no início eu tivesse sido aterrorizada pela fobia social, pânico e ansiedade, por estar iniciando coisas que me fariam bem. A depressão não quer que iniciemos coisas que possam nos fazer bem. Porém, agora não tenho mais sentido todo esse arsenal que ela ergueu para me deter. Só a fobia social que, às vezes, consegue me achar, mas tudo bem, afinal, passei longa data negando a minha participação fora de um mundo que não fosse o que eu criei, dentro do meu quarto. Bem, ultimamente também tenho dito mais “sim” do que “não” para as coisas, e estou pondo os pés para fora do meu mundo, mesmo que vez ou outra eu volte correndo assombrada. Às vezes é caótica; noutras, é bonita a paisagem fora da ilha. Sei que ainda falta muito para que eu consiga, mas ultimamente tenho estado mais na Terra do que na Lua.


Com carinho, 


- Roberta  Laíne.

sábado, 5 de agosto de 2023

Meu bem, você não imagina o quão somos poucos, quase nada. O orgulho, a raiva, o rancor e a mágoa não são nada, meu bem, porque de repente a gente acaba, e aí, eu lhe pergunto, para onde é que vai o ódio e todas as coisas que você não foram ditas? Para onde vão nossas vontades depois que tudo isso acaba? Não se assuste, mas, não somos nada. Nem eu & nem você. Nada. 

Que minhas miseráveis palavras nunca te façam falta.

- Roberta Laíne.