quarta-feira, 29 de junho de 2016

Era dia quando Izabela, mais bela do que Iza, cruzara a rua avenida Castelo Branco passando entre os taxistas e a feira da cidade. O dia começara esplendido com o nascer do sol alaranjado de Santa Luzia, mais Luzia do que Santa, pois Izabela voltava de uma noite que virara dia, e que possivelmente viraria noite e dia novamente. Haviam dois dias que bela Iza não dormia; as drogas começaram a fazer parte de sua vida desde que seu pai morrera, ficando aos cuidados, ou ausência deles na mão de sua madrasta, Cléo. Embalada ao som de uma festa de aparelhagens da noite passada, distribuía sorrisos ao andar protegida com seu namorado, Rodriguinho de Santa, que de Santo ou Santa não tinha absolutamente nada, era o dono da maior boca de fumo da cidade, e falava com seu português não estudado dos grandes “pobremas” e “tretas” da exportação da erva. Izabela não havia recepcionado bem a morte de seu pai, estudar se tornou difícil, pensar, impossível. Resolveu então recepcionar as alucinações que a maconha lhe proporcionava, ficar leve e sair da realidade era seu maior barato, junto a Rodriguinho. Quatorze anos, idade pequena para o corpo de mulher, passou a usar mini saias e tops, exibir o corpo começara a se tornar tão bom quanto usar maconha, era um barato ver os homens babando pela Iza do Rodriguinho. Na paróquia de São Francisco, Cléo, sua madrasta, rezava suas intensas “Ave-marias” pedindo pelo marido falecido, pelas filhas, por si, menos por Iza. A garota achava ela que estava perdida, órfão de pai, mãe, filha das drogas. Depois da missa das cinco Iza saiu para a boca do namorado, em busca de barato e diversão. Chegando lá, a música vinda de uma caixa amplificada rolava solta e alta, o cd de melody era o mais tocado, Iza dançava como bailarina com passes e gingados arduamente ensaiados. A festa rolava solta e a droga também, maconha, cocaína, pó, remédio, bala, e até tabaco exalava a festa na casa de Rodriguinho. O barato corria solto quando de repente um estrondo ressoo do fundo da boca, bala! Era uma bala trocada entre policiais e Rodriguinho. Iza envolvida pelo suingue do super pop continuou a dançar feliz e longe da realidade, parou quando escutou outro estrondo, o barulho tinha sido mais forte, preocupou-se em procurar Rodriguinho quando de repente sentou em uma cadeira, pesada, com uma forte dor de cabeça, o barato já estava acabando, e sua vida também, o terceiro estrondo tinha sido uma bala em suas costas, sentada em uma poça de sangue Iza viu a imagem de seu querido pai, lembrou-se de quando era menina e não precisava de maconha para viver um barato, lembrou-se dos cartazes da escola dizendo: não as drogas. Lembrou-se do por do sol alaranjado de Santa Luzia, fechou os olhos, Ave-Maria.


Roberta Laíne. 

segunda-feira, 13 de junho de 2016


Estou vivendo uma coisa legal, talvez até seja sentimental, mas não vou deixar murchar com rosas dessa vez,
Com carinho,
R.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Um lugar obscuro, íngreme, enevoado, turbulento, pacato. De dia ventania, de noite chuva serena, seco e úmido, tormenta. Tedioso, agitado, tranquilo e velho, um lugar chamado eu.


-roberta laíne.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Eu sempre vou achar que se a pessoa não está contigo é pelo simples motivo de não te querer; essa coisa de papai, mamãe, cachorro, ou papagaio como desculpa não deixa meu coração satisfeito. Penso que há, e deve haver, grande proporção de orgulho em algumas pessoas, por isso elas não te ligam, não mandam mensagem, não aparecem. Mas também, meu caro, pode ser algo pior: ela simplesmente não gosta de você o tanto que você gosta dela. Isso é bem ruim, e pode se transformar num mostro, da altura que você cria, do poder que você acredita. Mas olha, há um lado bom nessa merda toda, pois, no primeiro caso, o do orgulho, você não está perdendo nada, mesmo achando que está! Não se engane, agora parece precipício, mas amanhã é chão batido. Digo mais, quem perde é o agressor! No momento ele não vai se dar conta, mas depois ele se ferra, a última lágrima cai de seus olhos... Todo orgulhoso um dia chora, as vezes sangue. No segundo caso, não sentir o mesmo, hora ou outra você se pegará destruindo o monstro, Nietzsche já dizia que não há fatos eternos, assim como não há verdades absolutas, desse modo, e de todos os outros, essa merda toda vai mudar, o mundo está girando para isso, ora embaixo, ora em cima, tome cuidado, e gaste a vida.

- roberta laíne.
Não tenho medo de ficar sozinha, tenho medo de estar sozinha, e estou. Ponto, vírgula, acabou.

- roberta laíne.