domingo, 30 de dezembro de 2018

Só escrevo quando estou fodida, toda fodida, por fora e por dentro...

- Roberta Laíne.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Existem três tipos de saudades:
a que te faz estampar um sorriso no rosto,
a que tira algumas lágrimas,
e aquela que te faz sentir vontade de correr para o banheiro e vomitar a alma.

- Roberta Laíne.

domingo, 23 de dezembro de 2018

Eu queria que alguém convivesse com minha culpa ao menos por um dia, eu queria saber como é não sentir culpa, como é olhar para o sol e sentir seu calor em minha pele, sentir-se iluminada por seus raios. Me perdoa Cássia, me perdoa por não poder cometer suicídio, minha família não iria aguentar, eu penso neles, minha mãe é idosa, minha tia favorita iria sofrer muito, e eu não seria mais o exemplo dos meus alunos; me desculpa por não poder desistir e ter que ficar aqui, carregando tua sombra. Eu vou morrer, pode ser de fome, de sede, trancada em meu quarto, mas eu não posso fazer o mesmo, não de modo tão direto, não de modo tão agressivo, e eu sinto muito por você não ter conseguido, não tenha dúvidas de que irei continuar pagando, todos os dias da minha vida, até que o sol se ponha e meus olhos se fechem lentamente... Não sei se as portas do céu se abrirão para mim, mas sei que minhas orações são para que você se encaminhe para lá. Eu não me importo com meu destino, mas farei de tudo para mudar o teu. Desculpe-me, desculpe-me...

- Roberta Laíne.

sábado, 22 de dezembro de 2018

Depois dela, eu acho que tudo terminará em tragédia...

- Roberta Laíne.

Mar alto

Medos incalculáveis, acabei me tornando o tipo de pessoa que mais temia, um alguém que não consegue mais dizer, mesmo tendo infinitas coisas a dizer, eu não consigo mais dizer...
Me olho no espelho e respiro fundo, engolir... Eu só consigo engolir, tá tudo de goela abaixo, tá tudo aqui dentro, mas dizer, eu não consigo...

- Roberta Laíne.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Para finais um ponto e vírgula; respirar fundo, reticências... Começar de novo.

- Roberta Laíne.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Quero te foder a alma, te chupar até você gritar o meu nome, e me chamar de amor, me gozar de amor, ficar em meus braços como se não existisse mais nenhum ser na terra, como se a raça humana estivesse toda em nossas mãos, apenas eu e você, eu e você.

Para C...

Roberta Laíne.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Sinto-me um "Q" desértico perdido nas páginas de um livro de poesia, nasci pra sentir, nasci pra sentir. Às vezes sinto o mundo ao meu redor e começo a ter náuseas, como se eu conseguisse capturar, numa fração ininteligível de segundos, todas as dores humanas que me rodeiam. O peito começa a envergar e o corpo humano dilacera em sucumbir às tristezas do universo, nasci pra sentir, sentir demais. Nasci pra escrever esses engatinhados de vida que o homem dá rumo a lugar algum... eu não tenho o endereço da Lua, e também não tenho o endereço do seu coração. Tudo bem, eu também não tenho mais meu próprio endereço, estou morando nas páginas de um livro de poesia esquecido por você, na prateleira de uma biblioteca. A biblioteca é a personificação da terra, os livros são as possíveis 8 bilhões de pessoas a cá, e, eu, eu sou um livro sem pé nem cabeça, com rimas clichês e morfo entre as bordas. Enquanto isso a ciências avança e o homem se acha ilimitado, mas isso tampouco importa-me, o homem sempre vai achar que o universo é o quintal de sua casa...
Dizem que o amor entra pelos olhos, e isso me fez pensar que, a pior coisa que Deus poderia ter dado ao homem foi o livre arbítrio, e a melhor delas foi o amor. A segunda melhor coisa que Deus deu ao homem foi a poesia, é somente através da poesia que conseguimos mudar o curso do mundo, a expansão do universo e a permanência do amor, ah, a permanência do amor! Eu nasci pra sentir...

- Roberta Laíne. 

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Talking about us...

Eu não acho difícil morrer, inclusive, morrer é super fácil, difícil é viver...
Difícil é ser e estar, aqui, todos os dias... Você deve estar achando que escrevo isso no auge de uma puta depressão, ou por intermédio do desespero, no entanto, não, asseguro-te que não, e antecipo que comigo está tudo bem, no entanto, posso te garantir que, de modo geral, as pessoas vão suspirando e aguentando como podem, todos os dias, dia após dia.
Talvez, daqui prouto tempo, a humanidade passe bem, porém, agora, no exato milênio, está todo mundo um pouco cansado, meio que sem rumo e sem entender o porquê de algumas merdas diárias estarem acontecendo.
A pior parte é que vivemos um caos silencioso, tá todo mundo meio que no modo silencioso, e a única coisa que posso dizer, sobre nós, é que estamos perdendo, todos os dias estamos perdendo um pouco mais de nós, um pouco mais da gente, um pouco mais do que nos restou, um pouco de amor.

- Roberta Laíne.

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Não tenho dúvidas: nasci pra escrever umas porras sem sentido.

- Roberta Laíne.

sábado, 24 de novembro de 2018

A palavra é matéria, 
as sensações que elas causam 
é que são espírito...

Roberta Laíne.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Fazia tempo que eu não me acordava assim, com uma dor de cabeça dos infernos, a boca seca, e minha mão inchada; os três sintomas são da depressão, a dor de cabeça, provavelmente da síndrome do pânico, a boca seca, possivelmente de uma crise de TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada) e a mão inchada... Bem, a mão inchada é por eu não saber lidar com a realidade ao meu redor, principalmente quando alguém mente para mim, tudo o que eu sinto é uma vontade de socar a primeira coisa que vejo na minha frente. Nesse dia, a primeira coisa que vi na minha frente não era bem uma coisa, era minha ex-namorada que havia mentido para mim, mas calma, eu não soquei a cara dela, há tempos treinei o meu cérebro para não bater em pessoas, então bato na segunda coisa que vejo pela frente, geralmente uma parede. É tudo muito rápido, mas eu consigo usar 1 segundo pra desviar o comando do meu cérebro para uma parede...
A parte mais estranha não isso, mas, sim, sempre acordar depois... Acordar depois de ter passado uma noite inteira lutando contra o meu cérebro e os comandos que ele manda para o meu corpo e, logo em seguida, um outro comando dizendo: não...  É um emaranhado de comandos e anticomandos. O mais chato mesmo é acordar depois dessa luta épica e não se sentir o Sylvester Stallone em Rocky, é horrível ser nocauteada. O bom, é que 6 anos de depressão deu-me preparo físico suficiente pra saber que eu não vou morrer, já sei das dores no dia seguinte, e já sei que não vou morrer, a verdade é que, eu sempre sobrevivo ao dia anterior, mesmo não achando necessário que, mas eu  sempre sobrevivo, e, essa, essa é sem dúvidas a pior parte. Talvez seja muito fácil, para você, contornar as coisas, mas para mim não, isso é quando eu as contorno, geralmente eu vou embora sem maiores explicações e as pessoas também não procuram saber o porquê e tudo fica bem, é só assistir a vários filmes, ler uma porção de livros e tomar o remédio no horário, ah, claro, e escutar a voz que diz lá no fundo: as pessoas nunca vão te entender, afaste-se, você é perigosa e destroi tudo o que toca...

Você é perigosa...

E destrutiva...

- Roberta Laíne.

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Se cada palavra for uma lágrima que eu não derramei... O que farei de mim no inverno?

- Roberta Laíne.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Compôr
Para não
Decompor

- Roberta Laíne.
Existem muitas incongruências entre o fio de cabelo que separa a vida e a morte. Ontem eu estava pensando nisso e em outras questões sutis... E é estranho o que direi daqui para frente, mas sempre me achei especial, do tipo muito especial, e é estranho eu sei, e sei também que todos nós somos especiais, independentemente se você é Hitler ou Gandhi, de Deus ao Diabo, você sabe, no fundo, que é especial, pois você faz parte da coisa toda... da coisa toda!
No entanto, sempre me achei um pouquinho mais especial, tipo, sempre pareceu, para mim, que eu iria descobrir alguma coisa, tipo a porta que abrimos para sair da terra e entrar noutro planeta, ou quem sabe desvendar um enigma que salvasse toda a raça humana, porém, a única porta que eu consegui abrir, até hoje, foi a porta do meu quarto, exceção do dia que perdi minhas chaves...
Bem, eu sei que é bem estranho se achar especial, e muito mais ainda, se achar mais especial que os demais, e sei que soa como narcisista, petulante, e impertinente, mas, eu sinto que em algum momento, lugar, espaço, tempo, haverá uma porta, não sei se grande ou miúda, mas haverá, ela estará lá, todos tentarão abrir, oito bilhões de possibilidades, mas, somente eu, somente eu terei a chave, e salvarei todo o universo...

Roberta Laíne.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Às vezes, ou todas as vezes, eu acho a esperança um dos sentimentos mais covardes do universo, não que eu conheça o universo, mas talvez o universo seja o quintal de minha casa. Hoje, por exemplo, senti uma esperança danada de escrever sobre esperança, mas, olha só, olha ela se findando por aqui, se esvaindo em poucas palavras. 
Engraçado, toda vez que alguém fala de esperança lembro-me de causo particular, de um moço que sempre falava esperançosamente, e eu achando tudo aquilo muito monótono, abstrato demais para o meu gosto... Respirava fundo, por não conseguir estabelecer relação alguma entre significante e significado, e o brilho dos olhos das pessoas. 
Outra vez, quando dei por mim, estava toda esperançosa... Odiei aquilo, esperança sempre incomodou-me; mas, por bem da humanidade, consenti em aceitar aquele "estado de espírito"... Porém, olhando-a sempre de canto de olho, tipo um suspeito,  pois sempre pensei: você não me engana... O fato é que, ao terminar estas palavras, estou incomodada, é um rasgo dizer, mas já estou cheia de esperança, outra vez.

Roberta Laíne.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Querida Vitória, recibe suas cartas e estou muito contente em dizer que todas chegaram até mim de modo intacto. Prossiga em dizer que, todos chamaram-me atenção, no entanto, sempre tem uma em especial e, essa, você terá que descobrir. Parece-me que você anda namorando a possibilidade de haver vida em outras dimensões, pois bem essa esperança também é minha e espero que você continue a compartilhar esses pedaços de estrelas comigo.
Você ficou sabendo da novidade? Plutão deixou de ser planeta, mas você sabe e eu também sei, não para nós, para nós ele nunca deixaria... Acho que você também concorda que o heliocentrismo também não está correto, mas não entremos, por ora, em assuntos tão obscuros, ou melhor, que perturbam a raça humana.

Que os astros te protejam,

Com carinho, R.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Minha depressão diz: você não merece ser feliz, e você sabe, a última voz sempre será a minha.

Fecho o livro, cruzo as pernas, olho para o nada, e digo: pois bem, você venceu, você venceu...

Roberta Laíne.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

É uma espécie de falsa liberdade, parece mais com um precipício, uma liberdade manchada, presa, enclausurada, solitária e incongruente. Você sabe, eu sei, todos nós sabemos, mas ninguém quer falar, ninguém quer pronunciar, ninguém quer dizer a verdade para não causar enxames, ou maiores perturbações à raça humana, mas é fato e fatídico: a liberdade não existe... e não falo isso como se fosse fácil falar, não é fácil, não é, mas todos nós, no fundo, sabemos. Por que lá está ela, no auge da exaustão, no ponto cego da vida, lá está ela, na sua mais pura e doce forma de não estar, de não existir, de sumir diante dos olhos, ouvido, boca, alma.
A pior parte é você saber, e, não poder fazer absolutamente nada. Porque você não pode fazer nada, eu não posso fazer nada, nós não podemos. Fazemos apenas parte do grupo dos inteiros que não podem... E não adianta negar, não adianta se fazer de surdo, cego, mudo, e muito menos fazer essa cara de indignação, assim também como não adianta sair correndo atrás de um dicionário e apontar o dedo pra palavra e dizer: aqui, tá aqui, liberdade existe, olha! Não adianta... pois você sabe, eu sei, e todos nós sabemos, a liberdade não existe, não aqui, não ali, não ainda, não por nós ou por vós, não pelos humanos, a liberdade não existe, não, não ainda.

- Roberta Laíne.

domingo, 9 de setembro de 2018

Por que eu defendo tanto o movimento LGBT? Simplesmente porque são pessoas, acima de qualquer coisa são pessoas, e mais especificamente são pessoas boas, que não carregam ou destilam discursos de ódio, segregação ou de exclusão social. Muito pelo contrário, são pessoas boas que morrem, e morrem em excesso, morrem em exagero, simplesmente por não se vestirem como o padrão social impôs. Simplesmente por não pensarem, ou agirem como o padrão dita - no manual de instruções que recebemos ao nascermos - sobre "viver em sociedade".
A que ponto chegamos? Matamos a bondade por conta de uma roupa, um acessório, uma matéria, um padrão que, sabe-se lá quem escolheu como adequado. Matamos pessoas boas só por que elas não se comportam como a normatividade manda. 
Será que não se comportar "como o padrão dita" faz dessas pessoas ruins? NÃO! Isso não desvia em nada o caráter de um indivíduo, uma roupa, a orientação sexual, não desviam em nada um semelhante de dotar-se de bondade, honestidade e amor... SEMELHANTE! Aprendam a interpretar, a ler,  aprendam a língua, a linguística, até a gramática, são semelhantes e não iguais.
Matamos por ódio, burrice, ignorância e egoísmo nú e cru. Matamos por não sabermos ler, não sabermos interpretar, não sabermos sentir, e desconhecemos do nosso dicionário palavras importantíssimas como empatia. A cada dia que passa, estamos desaprendendo a ler, estamos retornando à idade da pedra, estamos regredindo com tanta força que, a cada 3 dias um travesti é morto no Brasil. 
Por fim, sem sabermos ler, sem sabermos nos comunicar, sem usar a língua, voltamos a ser predadores, voltamos a ter sede de vingança, sede de poder, sede de liderança, estamos desaprendendo a ler apenas para duas finalidades: matar e morrer.

Roberta Laíne.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Todos sabem que sou poeta de rua, louca pela lua.

- Roberta Laíne.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

O causo do meu eu perdido

Houve um dia em que eu me perdi de mim mesma, mesmo estando em meu quarto. Foi estranho, eu estava ali, parada, deitada em minha cama, quando dei por meu sumiço. Eu realmente não sabia dizer onde o meu outro eu estava, fiquei horas, dias e semanas a fio procurando-me incansavelmente. 
Achei um absurdo de minha parte, perder-me de mim, o auge do descuido!
O fato é que, eu não sabia, mas precisava, mesmo que vez ou outra, reparar-me. 
Então comecei uma busca incessante por mim, rememorei meus últimos passos, elenquei minhas últimas atitudes, e repensei meus milhares de últimos pensamentos. No entanto... Nada! Eu não achei nenhum rastro de mim... Onde diabos eu havia me metido? Onde será que eu estava? Por que eu não fazia ideia do meu paradeiro?
Passaram-se meses, e minha busca continuava irresoluta. 
Sentada em minha cama, comecei a folhear (sem muito ânimo) um livro que acabara de retirar das entranhas de minha velha cômoda, não sei como ele foi parar ali, não lembro de tê-lo deixado cair, no entanto, tampouco importa-me, estava irritada, pois começava a espirrar, o livro estava coberto de poeira, então comecei a sacudi-lo e a driblar algumas teias de aranha; o cheiro de passado banhou o meu quarto, quando, de repente, topei em uma velha passagem de ônibus, era de um trajeto que eu sempre fazia, o bilhete estava sendo utilizado como marcador. Página 98, havia um soneto e, no verso, uma anotação que dizia: 
“A dor se consolida lentamente nos olhos de um poeta, e, cai, por meio de lágrimas”. 
Parei, e fiquei martelando de onde eu havia retirado aquela frase, afinal, reconheci que a letra era minha. 
Nesse momento, uma onda quente e alaranjada de pensamentos rodearam meu corpo, senti uma leve ânsia de vomitar, passei a mão sobre um acúmulo de suor que se formava em minha testa, pisei com as mãos naquelas gotas de sal que saíam... 
Achei! Ou melhor, me achei! Eu estava ali, eu acabara de me reencontrar, aquelas palavras eram minhas, ou melhor, aquelas palavras era eu!          
Rapidamente retirei-me daquele livro e sorri dizendo: que esperteza minha! Eu havia me escondido ali, havia me abrigado no verso de uma folha... saí de um corpo deteriorado para fazer morada em um livro esquecido de baixo de minha velha cômoda... 
Limpei meu suor na blusa e refleti... No final das contas, perder-me não fora de todo ruim, passar um tempo sem mim foi importante para procurar-me, do contrário, eu jamais teria ido atrás de mim, jamais saberia o quanto eu fazia falta para mim mesma!
Apaguei a luz, deitei em minha cama, e abracei-me bem forte; sonhei que estava em uma praça, lendo esta história para um pequeno aglomerado de pessoas, as quais sonhavam com a lua, astros, estrelas e poesia...


Roberta Laíne.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Cacos... Cuidado! Não pise!
Você está vendo esses cacos aí no chão?
Cuidado... Não pise...
Eles são meus...
Eles sou eu...
Eles...
Você está vendo como eu estou?
Você está vendo como eu estou em pedaços?
Não toque...
Não adianta, você se machucará...
Você pode se cortar, então não toque...
Apenas olhe, apenas veja, apenas chore, mas não toque...
Outro dia uma moça correu para tentar juntá-los, antes que eu gritasse que não fizesse, já era tarde...
Ela já chorava compulsivamente cortada em algumas partes dos cacos...
Obviamente eu me estardalhacei ainda mais, foram cacos para tudo quanto é lado,
pedi perdão, chorei, senti, e lamentei... Eram cacos, eram os meus cacos que cortavam qualquer linha tênue que se aproximasse, qualquer fio de letra que tentasse me remendar ou reconstruir...
Nuvens cheias, sol laranja,
lua minguante, astros a dentro,
meus cacos reluziam,
Ali,
o único momento que parecia valer à pena estar em cacos,
era ali,
quando meus cacos refletiam na luz e pareciam estrelas...

- Roberta Laíne.


quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Ameno, eu vi com os meus próprios olhos! Ora, se não poesia por que toda essa agonia?
Sinto tantas saudades de te convidar para dançar, você não tinha muitas opções se não aceitar.
Então eu apagava a luz e corria para pôr nosso Cd favorito: Anavitória. 
Eu não sabia dançar outro Cd, só sabia dançar as canções do disco de Anavitória, por sorte, você nunca enjoo o Cd...
"Dá meu cabelo pra de nós tu encher" a frase entrava pelo teu sorriso e terminava em meu olhos... 
Para sempre? Sim, para sempre! 
Quanto tempo é para sempre?
Para sempre é tempo demais.
Demais, quanto?
Ora, demais! Demais tipo a poesia que você lê! 
Mas qual delas?
Os sonetos de Florbela...
Eu tenho tanto medo de altura quanto de "para sempre"... 
Mas não tenho medo do amor, do amor não. Nisso, um filme se passava em minha cabeça, e a música que saía dos meus olhos dizia "Juro não mais tentar te encontrar"
Ah! Tinha tanta poesia naquele lugar, tinha tanta poesia em você, em mim, em nós.
Para onde é que foi parar toda aquela poesia?
Eu gostava de chamar teu nome, pois quando pronunciava parecia que as letras batiam na parede e depois voltavam para minha boca, ah, como eu gostava!
Você era o amor da minha vida, você era amor e vida, você... 
Deixa para lá... 
Escuta, elas lançaram um novo Cd, é detestável não ouví-lo com você! Inclusive, já escolhi minha música favorita, provavelmente você iria amar, "Calendário", queria poder te convidar para dançá-la, 
"Se encontra
Se perde
E se vê..."
Você não imagina o tanto de poesia que estou guardando dentro de mim, meus olhos estão cheios de poesia, eu estou encharcada de poesia, 

"Nem telhado, nem sala de estar
Rodei tudo, não achei você..."

Desliguei o som antes da canção terminar, a última frase que ficou no ar agarrou o travesseiro, e se embrulhou no meu cobertor,

"A prece que você deixou não veio em minha direção".

Te amo.

- Roberta Laíne.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Gosto de guardar carinhos, tu sabes que de abraço em abraço a gente vai virando casa, ninho, vezes até passarinho. 
Gosto de abraçar bem forte o lençol e lembrar sorrindo, deixando a claridade me chover de luz. 
Gosto de olhar para as nuvens e pensar em tudo o que eu ainda não pensei; penso, repenso, sorrio apagando o pensamento, aí volto a pensar novamente, me achando um Pierrot em excesso. 
Gosto de olhar para a lua e imaginar que São Jorge realmente está acenando para mim, com sua espada, sorrindo e dizendo: Avante, pequena poeta! 
Gosto de pensar que Dom Quixote está lá com ele, todo errante, mas todo cheio de coragem...
Coragem, gosto de coragem, gosto de imaginar que eu a tenho...
Gosto de exclamar em pensamento: ah! O que não me falta é coragem! 
E se acaso perguntarem quem sou, obviamente diria, sou duas palavras: poesia-nada.

- Roberta Laíne.

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Nunca gostei muito de pessoas rasas, ou afunda ou nem entra na praia.
Se for só pra molhar o pé, vai no chuveiro...

- Roberta Laíne.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

A brincadeira foi ficando séria, lá vinha Maria ao meu encontro, olhou-me nos olhos, bem no fundo, como se estivesse batendo diretamente com suas mãos a porta da minha alma, Maria não disse nada, apenas olhou-me como um furacão olha para as profundidades da terra.
Maria queres um gole de água?
Quis perguntar para cessar o furacão, mas achei melhor permanecer calada e vulnerável àquela ventania toda.
Os olhos indecifráveis de Maria transcorriam por mim.
Sente-se Maria, afasto a cadeira?
Quis novamente perguntar, mas um embargo tomou conta de mim.
Um passo à frente, Maria pôs as mãos em meu rosto, fechou os olhos e encostou sua cabeça frente a minha, passeou com as mãos pelas orelhas, cabelos, nariz, boca.
Por favor, Maria, não faça iss...
Quis dizer isso, mas minha boca já tinha sido silenciada com um beijo seu.
Beijou-me como um pincel que mergulha na tinta azul da aquarela, beijou-me parecendo "A Noite Estrelada" de Van Gogh, beijou-me meio surrealista como os quadros de Dalí.
Soltou-se, olhou-me mais uma vez com aquele olhar de quem penetra a alma, mas, agora, estava de saída.
Com um riso de canto meio sem graça e amarelo, partiu lentamente...
Volta, Maria!
Quis dizer, mas minhas palavras foram embora com Maria e nunca mais regressaram.

- Roberta Laíne.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Ainda tá em tempo de viver
Ainda tá em tempo de morrer
Ainda tá em tempo de sonhar
Mas ainda tá em tempo de ter pesadelo.

A morte, esse golpe doido de desespero
Será mesmo que é o golpe último?
Para onde vamos quando finda o golpe derradeiro?

Para onde se luz? Ou se inferno?
Deitada em uma árvore, fico vendo a morte passar,
Fico pondo a vida na mão como areia do mar.

Bebo mais um gole de vida
Deixo a vida passar por minhas mãos
A terra é um lento desespero
Será que ainda dá tempo de acordar desse pesadelo?


- Roberta Laíne.


domingo, 22 de julho de 2018

Eu sei que alguma coisa mudou, eu posso tocar nisso, eu posso tocar nesse outro ser que se coube em mim. Todos nós sabemos que o início de toda mudança é realmente uma questão de ajeitar o encalço do sapato, e é nesse ponto que estou, nesse momento de adaptar o encalço ao pé, o pé ao sapato e o sapato à vida. E no fundo, apenas espero que isso que coube em mim seja honesto e generoso, mas se não, que permaneça ao menos calado, que se ajeite ao sapato e não se torne um percalço, e saiba que amar é bom, mesmo com todas as pedras de Carlos Drummond.

- Roberta Laíne.

terça-feira, 17 de julho de 2018

domingo, 15 de julho de 2018

Hoje faz exatamente um ano daquele dia catastrófico, daquele world trade center desabando sem dó nem piedade em cima de mim, eu fiquei só escombros, eu fiquei totalmente esmagada sob escombros, o céu parecia respirar derrota... Não tenho vergonha de dizer que achei, do fundo de mim, que não iria sobreviver, afinal, eu nem queria sobreviver em um mundo que você não estivesse, e você já não estava mais, mas eu sobrevivi, ainda não sei o motivo pelo qual, talvez para poder escrever depois de uma ano um pouco de você. Engraçado que, eu perguntava tanto para Deus: Por que? Por que você fez isso com ela, comigo, com todos? Mas não tinha sido culpa de Deus, assim também como não tinha sido culpa dela, e nem de ninguém. Culpa? Me sobrecarregaram de culpa, eu me sobrecarreguei de culpa, a culpa toda só apontava para mim, e eu tinha que carregar ela nas minhas costas, afinal, era e é muito fácil culpar, apontar, e responsabilizar alguém por uma situação pavorosa e fatídica, eu aceitei a culpa, eu me tornei a culpa e isso turvava minha visão para ver qualquer coisa boa que viesse de você. Mas aí, aquele mesmo Deus que eu questionei começou a me dizer: filha, a culpa não é de ninguém, não estamos falando de culpa, nem de morte, nem de vida, então eu quero que você perceba que devemos falar de sorrisos... Eu não entendi o que Deus queria me dizer com essa coisa de sorriso, eu não fazia ideia do que sorriso tinha a ver com um montão de lágrimas. Então entremeios as minhas orações e lágrimas eu comecei a sorrir, pois havia entendido o que Deus queria dizer com sorriso! Buh! Ele queria dizer: olha aí filha, você e todas as pessoas tiveram sorte de terem assistido por inúmera vezes o sorriso dela! Desse modo, tornei a conversar com Deus, afinal, nós seres humanos, somos extravagantes e queremos sempre mais, então disse para ele: por que você não deixou ela um pouco mais aqui? Por que ela não se deixou mais tempo? Aí Deus olhou para mim e disse: porque tudo nessa vida tem começo, meio, e fim. Que sentido as coisas mundanas teriam acaso não tivessem um final? A partir disso comecei a entender que aquele sorriso lá de trás teria que ser um motivo de sorrisos de saudade mais aqui na frente... Nesse tempo, aprendi que onde quer que as pessoas que amamos estejam, elas sempre, SEMPRE, sorrirão para nós, principalmente uma pessoa como Cássia que tinha um sorriso feito lua minguante, parecia onda do mar que quebra na margem de areia, quando ela sorria, uma luz clara saía do fundo dos olhos e da alma que parecia que o mundo iria acabar, é por isso que agora eu choro sorrindo...

Que Deus e Nossa Senhora do Rosário estejam sempre contigo, eu te amo, eu te amo sorrindo...

Roberta Laíne.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

É um paradoxo quase que inexplicável, 
vivemos rodeados de solidões! 
Onde foi que erramos? ...

- Roberta Laíne.

domingo, 8 de julho de 2018

Esse vento fugidio que arejou a minha alma.
Essa visão turva e desfocada que lacrimejou o teu rosto.
Eu não tenho nada, e, nada, é um estado eterno de tudo.
Eu não tenho medo do final, e, sim, do início.
Eu tenho medo de começos...

Eu sinto muito,
Eu sinto muito por ti,
Eu sinto muito por mim,
Eu sinto muito por todos,
Eu sinto.

Peço-te que me perdoe por admirar mais a poesia do que a ti,
Peço-te que todas as vezes que caminhares na praia, admira os pássaros, as folhas, e a quebra d'água feito agonia.
Peço-te que olhes para o horizonte e cite alguma frase de Nietzsche, mas não se esqueça que, somente Deus, a fé, e o amor é que complementam-o.

Não se esqueça de abrir bem os olhos para a imensidão do céu.
Permita-te alçar voo, pois tu voas passarinho, e eu do chão nunca saí.
Não encolhe o peito por medo da tempestade, deixa teus ouvidos decifrar o que dizem os trovões.
Não deixa o desespero se emancipar, você sabe cantar, então canta, canta alto, canta como se o medo fosse apenas um detalhe vil.

E não se esqueça, de primavera em primavera o outono sempre aparece...

- Roberta Laíne.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

O causo do óculos...

Quanto a morte, minha maior preocupação é com meu óculos...
Ora, acaso tu, num descuido de meditação da vida, nunca se perguntou o que fariam com o teu óculos quando morresse?
Uns se preocupam com dinheiro, casa, carro, ou com as bordas do caixão. Outros, mais altruístas, se preocupam com os familiares que hão de chorar em seu leito. 
Eu não, eu lá estou preocupada com isso, estou mesmo preocupada é com meu óculos!
Será que vão guardá-lo? Será que hão de deixá-lo na cabeceira da minha cama onde eu sempre colocava-o sobre o livro que estivesse lendo? Será que vão cuidá-lo?
Isso já me ferve o juízo... Então resolvi deixar isso escrito para quando as minhocas estiverem se aproveitando do meu sono, a vista de deixar bem claro: sobre o meu óculos, esse das pernas marrons, sobre ele, acabo de escrever essa crônica miúda só pra dizer que, o prejuízo já me ferve o juízo em não saber o que há de acontecer!
Digo-lhes por fim, a vista do não delongar, quem estiver lendo sobre o causo do meu óculos, lembre-se de também se questionar: o que farão com teu óculos quando for a sua vez?

Para Rosa Watrin,

Roberta Laíne.


segunda-feira, 4 de junho de 2018

Dava pra vê

Dava pra vê a infelicidade nos teus olhos, era hipnotizante e devastadora.
Dava pra vê que por detrás deles um grito de socorro arranhava tuas cordas vocais.
Ah dava para ver, e como dava!
Dava até para tocar, sentir, pôr nas mãos e vê dissolver!
E como dava! Deu-me um frio na barriga, uma ânsia de vomitar a vida, de morrer sem por que nem pra quê. 
Como dava para vê!
Como dava pra provar, pôr na boca e cuspir, negar, doer.
Dava pra sentir o cheiro de nuvem carregada no céu, era azul cinza, azul escuro, preto nebuloso, tinha cor de pesadelo, de socorro, grito, gemido, desespero.
E como dava para fazer qualquer coisa e inclusive nada!
Queria chorar por ti, queria poder te emprestar os olhos e dividir um pouco da tua dor, queria morrer um pouco em teu lugar, mas infelizmente, humana que sou, eu não podia, não cabia em meus super poderes, não me cabia em nada. Eu só podia olhar e dizer: Dava pra vê!

- Roberta Laíne. 
Maria Pietra veio pra salvar a minha vida.

- Roberta Laíne.

sábado, 2 de junho de 2018

Fui para um lugar distante de mim, mas estou de pé, estou aqui, não como deveria, ou como deveria, de qualquer modo, estou, eu estou aqui. Por mim...

- Roberta Laíne.

quinta-feira, 31 de maio de 2018

quinta-feira, 17 de maio de 2018

terça-feira, 15 de maio de 2018

Aquele momento particular na vida que a gente para e pensa: bem que eu poderia morrer bem aqui...

Roberta Laíne.

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Combustível de poeta é a tristeza, poeta lá gosta de ser feliz, poeta que é poeta gosta mesmo é de tristeza, mas não uma tristeza triste, se é que você entende, muito provável que não! Mas poeta que se preze gosta mesmo é de tristeza.

Roberta Laíne.
Meu amor, ela precisa entranhar em mim... Depois que ela entranha, ah meu amor, ela não sai, não sai não. Ela percorre todo o meu corpo e fica enviando sais minerais pelas minhas veias, ela não sai não, é pro resto da vida. Vai se instalando na parede dos meus órgãos, vai se envergando para os meus músculos, vai virando tecido, pele, corpo, roupa. Ah, meu amor, depois que ela entranha em mim, ela não sai mais não, mais nunca.

Roberta Laíne.

domingo, 15 de abril de 2018

Quando eu era criança descobri - por um grande acaso - na sala de casa, uma caixa preta que era ligada a uma antena, ao qual era ligada a inúmeros satélites espalhados pelo espaço, chamavam-na de televisão, ainda chamam-na, na verdade. Sempre que alguém estava ocupado demais para prestar atenção a mim, colocavam-me de frente com aquele planeta esquisito que me chamava atenção. Aí fui crescendo, e fui tentando entender o planeta. Ficava assistindo, e simultaneamente procurando por detrás dela, eu realmente não entendia como aquelas pessoas cabiam ali dentro, no meu pensamento se elas estavam passando por aquela tela era por que moravam ali, no interior daquela caixa preta. Por várias vezes olhei ao redor dela, sondava minuciosamente como eles cabiam ali. Aí fui crescendo, cresci e entendi a televisão, então passei a desconfiar de outra coisa, passava horas olhando para o céu e procurando em seus arredores, procurando um limite ou uma janela, uma porta, uma brecha, uma fissura, foi quando lembrei da televisão, e comecei a sorrir por saber que algum dia eu também irei descobrir o que realmente tem por detrás do céu, obviamente acredito em Deus, mas isso não tem a ver com fé, tem a ver com ciência, tem a ver com a descoberta de onde realmente moram os atores dessa peça teatral chamada vida. Então percebi que essa descoberta tem tudo a ver comigo, tem tudo a ver com você.

Para Jackson Oswaldo

Roberta L.

sábado, 10 de março de 2018

Escrevo porque vivo engasgada, é um nó na garganta, uma falta de ar, uma ânsia de vomitar palavras, parece-me que a todo momento eu preciso dizer, como uma espécie de prece contínua e fiel, parece-me uma espécie de fotossíntese. Aí, quando eu escrevo, quando eu enfim vomito, sinto aquele alívio de quem escapou da morte, como se eu me rasgasse e me costurasse. Parece-me que quando enfim despejo as palavras, o meu corpo se aquieta em uma prece derradeira, como se eu pudesse morrer tão tranquila que nem sentiria a ceifada da morte! É aí que me sinto viva, é aí que sinto uma paz danada de morrer. Parece-me mesmo que escrever é mais morte do que vida.

-Roberta Laíne.

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Não escrevo para ninguém. Escrevo para mim, por mim, devido a mim, para me satisfazer. São excessos, sobras, faltas, puras faltas! Tão minhas como de mais ninguém!

- Roberta Laíne.