segunda-feira, 4 de junho de 2018

Dava pra vê

Dava pra vê a infelicidade nos teus olhos, era hipnotizante e devastadora.
Dava pra vê que por detrás deles um grito de socorro arranhava tuas cordas vocais.
Ah dava para ver, e como dava!
Dava até para tocar, sentir, pôr nas mãos e vê dissolver!
E como dava! Deu-me um frio na barriga, uma ânsia de vomitar a vida, de morrer sem por que nem pra quê. 
Como dava para vê!
Como dava pra provar, pôr na boca e cuspir, negar, doer.
Dava pra sentir o cheiro de nuvem carregada no céu, era azul cinza, azul escuro, preto nebuloso, tinha cor de pesadelo, de socorro, grito, gemido, desespero.
E como dava para fazer qualquer coisa e inclusive nada!
Queria chorar por ti, queria poder te emprestar os olhos e dividir um pouco da tua dor, queria morrer um pouco em teu lugar, mas infelizmente, humana que sou, eu não podia, não cabia em meus super poderes, não me cabia em nada. Eu só podia olhar e dizer: Dava pra vê!

- Roberta Laíne. 

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