segunda-feira, 27 de março de 2017

domingo, 26 de março de 2017

Minha família diz que meu nome não era pra ser Roberta, mas, sim, Das dores. Bem, acho que posso ser Roberta e sentir todas as dores do mundo em mim. Não ia gostar de ser Das dores, mas aceito ser Roberta das Dores e todas suas sentenças. Acho que se eu não sentisse todas as dores que sinto eu não seria Roberta, muito menos Das Dores. Penso que todas dores do mundo possam se aquecer em mim, possam se acoplar aqui, no meu corpo, entranhar na minha pele, virar foto de minha retina. Não penso em Dores como algo áspero e negativo, quando penso em dor penso naquele momento que o atleta com a cintura e mãos para cima corta a fita, sorri de dor de cansaço e dor de alegria. Penso em dor como algo contente, não como a dor que chora, deixa a cabeça pra baixo, ou as pernas fracas. Penso na dor como algo que precisa existir, precisa se chocar contra nossos corpos, precisa entrar em contato conosco, para que, ao término, saibamos o que é sentir...

roberta laíne.

segunda-feira, 13 de março de 2017

Fico extremamente feliz quando vejo meninas-mulheres curtindo, comentando, ou de alguma maneira contribuindo nos postes que faço sobre igualdade de gênero. Ser feminista não significa ser lésbica, uma coisa é x outra coisa é y. Tantas e tantas mulheres que são feministas e nem por isso são lésbicas, entretanto a sociedade tende a parear as coisas, rotular e te etiquetar. "Se você é cristão não pode ter esse discurso mais sinuoso" "Se você é lésbica não pode vestir saia, passar batom, gostar de salto" "Se você isso, isso, isso e mais isso e mais aquilo" Chega! Vamos parar de estigmatizar as coisas, vamos parar de sermos pequenos! Esses dias mesmo tive que excluir um rapaz do meu facebook devido intolerância e excluirei quantos forem preciso e se não restar nenhum homem ou apenas meus amigos viados ou aqueles poucos homens inteligentes (desprovidos de preconceitos, rótulos, machismo, etc.) vão restar somente estes! Feminismo não é coisa de lésbica, feminismo é luta por igualdade, respeito e segurança. Isso me faz lembrar uma prima (QUE NÃO É LÉSBICA) que odeia quando homens fazem psiu, ou falam coisas absurdas quando ela passa, a reação dela é engraçada, quando não faz um sinal obsceno com a mão, ela manda ir tomar no cú, a mãe dela sempre diz: "não faz isso, um dia tu vais apanhar, deixa um homem desses te pegar..." e ela sempre responde que é por esses e outros motivos que carregamos ainda esse fardo do machismo! Ela prefere um dia, talvez, apanhar, do que ficar escutando asneiras... ou alguma mulher aqui acha bonito e enriquece seu ego quando escuta: "que delícia", "gostosa" "que buceta linda" dá até vergonha de digitar, mas essas não são nem uma migalha do que escutamos, o psiu então... Peguei ódio do barulho, já me vem acompanhado de nojo! Somos muito retrógrados, somos muito promíscuos e vis, pois estar caminhando e no meio da rua ter que mudar de rota só porque tem um grupo de homens que vão te desrespeitar é muita pequenez, mas... Quem sou eu para falar alguma coisa? "Olha aí a sapatão" "É sapatão" "Só pode ser sapatão" por que quando uma mulher contesta um homem ela só pode ser duas coisas: puta ou sapatão.

Boa noite a misogenia...

Roberta laíne.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Não vou citar nomes, mas citarei a importância que espíritos geniosamente humanizados são imprescindíveis no decorrer da nossa história. Certa vez eu estava na pior, problemas em todas as esferas de minha vida, uma professora da faculdade sentiu que eu não estava bem e pediu-me para conversarmos, ela me perguntou o que estava acontecendo e certamente eu poderia contar 60% dos meus problemas a ela, mas não poderia contar o principal, aquilo que a gente é obrigado a esconder por que nos torna feios e menores que qualquer outra pessoa, até mesmo que um assassino: Ter a orientação sexual contrária ao padrão da heterossexualidade. Entretanto eu não sabia que aquela professora se tratava do espírito mais desprovido de rótulos, taxações, estigmas ou preconceitos. Então ela foi direto ao ponto: "Sua família te reprime?" "Você não precisa esconder nada de mim, Roberta" obviamente as lágrimas fizeram parte do cenário de meu rosto, eu não entendi como aquela senhora poderia ser tão perspicaz em sua afirmativa? Como ela sabia de tanta coisa? Por que ela aceitaria me aceitar? Fora uma das manhãs mais incríveis que tive, afinal, não é todos os dias que vemos uma professora, universitária, com mais de 60 e tantos anos te dizer: Você é maior que tudo isso, Roberta. Você é minha melhor aluna e eu jamais deixaria te descartarem por uma bobagem como essa... A gente sorriu, nossos espíritos brindaram. Meus problemas não sumiram, mas desde aquela manhã eu senti uma luz esmagar a escuridão que insistia em me dizer o quanto eu era menos. Eu não era menos, ninguém poderia dizer que eu era menos, eu jamais aceitaria algo como "menos". Espero que se em algum momento de sua vida, você, independemente do que esteja passando, por favor, não se sinta menos. Você não é menos, você é capaz de ser mulher, homossexual, vivendo numa sociedade machista, tradicional, patriarcalista, misógina, e mesmo assim ter forças para todas as manhãs entrar na fila do pão e não ter medo. Não abaixe sua cabeça, por favor, seja mais, ajude-me a ser mais, como você, que é, mas passaram a vida toda tentando te dizer que não. Seja forte, fique forte, você é capaz.

- roberta laíne.