sábado, 30 de novembro de 2019

Da janela do meu quarto dá pra vê a lua, eu vou querer mais o quê? O que mais pedirei a Deus? Eu sou sortuda pra caralho! Eu tenho um quarto e, da janela dele, dá pra ver a Lua.

Com carinho, 

- Roberta Laíne.

domingo, 17 de novembro de 2019

Leia Mulheres Capanema - Com Márcia Kambeba

Há algumas semanas atrás, em um passeio que fazíamos, as meninas dialogavam sobre quem faria um texto para ler no dia de hoje, para que ele ganhasse vida no aqui e agora, e pudesse fazer uma espécie de apresentação do que estamos vivenciando nesse exato momento. Apontaram para mim, e por isso agora estou aqui dando vida a ele. No decorrer da semana me pegava pensando em como iria começá-lo e sempre me vinha à mente a mesma frase: não era pra eu ter deixado as meninas me escolherem! (risos). Foi aí que resolvi mergulhar na poesia da nossa autora do mês e vê se encontrava alguma pista, palavra ou luz que despertasse em mim uma espécie de início, para abrir essa tarde tão importante para nós. Quanto mais eu mergulhava em sua poesia, mais encontrava a mim mesma, numa espécie de autoconhecimento, e sempre acabava desaguando na frase “Ay Kakyri Tama” em tupi-guarani que deu origem ao nome de seu livro. Foi aí que descobri que a melhor maneira de apresentar o que vivenciaremos hoje, é falar de um nome que nunca mais esqueci, Márcia Wayna Kambeba. Uma multi artista, que assim como seus outros parentes, nasceu de uma gota d’água que topou numa folha de samaumeira, chegou ao igarapé e deu origem aos homens e mulheres do povo Omágua/Kambeba. Além de poeta, compositora, fotógrafa, ativista e mestra em geografia, e de presentear tanto o Brasil como vários países da América Latina, aos quais pisou, levando a importância da cultura e identidade indígena, Márcia consegue em seus singelos poemas viver, permanecer, e dá-nos esperança! A poesia de Márcia é um grito silencioso em prol da vida, é a prova mais palpável de que somos reais, e de que May-tini (homem branco) nunca terá armas suficientes para dizimar as marcas, os traços, as idiossincrasias dos verdadeiros donos do nosso país.
A tarde de hoje é mais que um encontro do Leia, é um presente dos nossos ancestrais que, estão nos entregando a dádiva de ver, ouvir, ler, e sentir a poesia de Márcia. A combinação do Leia Mulheres Capanema, mais a potência artística de Kambeba, é a fixação no cume da sociedade, da bandeira do feminismo, da minoria, das lutas de classe, da sobrevivência, do lugar de fala, da manutenção da nossa identidade e da voz, o poder da voz, o poder das palavras, o quão a poesia pode chegar a lugares jamais imagináveis, dos mais íngremes e esquecidos aos mais prestigiados, a poesia que atinge, que liberta, que te faz rir e chorar, e a cima de qualquer coisa que nos comove criticamente, de forma visceral, a todos. Márcia, muito obrigada por morar na cidade, sem perder seu ser indígena, sem perder sua identidade, obrigada por sobreviver, e fazer com que, através de sua poesia, eu me lembrasse de quem sou, a que lugar realmente pertenço, do mergulho profundo no rio da ancestralidade, da espiritualidade, do meu verdadeiro eu, no rio do que é real e pulsa no meu sangue. Obrigada por sua poesia ser a prova mais concreta de que existo como mulher, e resisto como poesia.

Roberta Laíne.

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Eu tenho pra mim que esses tempos minha alma está meio turva, estou sentindo-me um pouco cinza, meio em neblina, com o tempo fechado... Vai vê eu preciso vir mais aqui e escrever um pouco mais, até essa coisa indizível desprender-se de mim, ou vai vê são só os meus medicamentos que se adaptaram ao meu corpo, meu cérebro, como sempre, passando a perna em mim. Ou vai vê eu tenha estagnado aqui, bem aqui, em mim mesma, ou talvez eu esteja lá, mais lá, um pouco à frente. A única coisa que sei é que não estou em harmonia com o momento, estou fora do compassado, dançando sem sincronia com a música. Ou vai vê esse seja meu epicentro, o estado mais condizente com o que de fato eu seja, tempo fechado, nuvem cinzenta, dança fora do ritmo, neblina às seis da tarde.

- Roberta Laíne.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Eu acho que morrer não deve ser tão ruim assim como a gente imagina. Acho que deve ser tipo o ponto final que a gente coloca no término da resposta de uma prova, ou na última linha de uma redação, acabou, ponto. Simplesmente acabou, ponto. Não dá mais pra voltar atrás depois que você entrega, independentemente se o que você tenha feito seja bom ou ruim, simplesmente acabou e ponto... E sei que você vai me questionar sobre o que vem depois do ponto, mas aí, meu caro, você vai precisar morrer para descobrir, ponto.

- Roberta Laíne.