terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

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Uns tem sorte, outros azar, 
eu tenho livros...

-roberta laíne.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Vou lhes contar uma história:
Eu tinha lá pelos meus 10/11 anos quando papai saiu para vistar titio Pedro, que gostava de passarinhar, e, não contente em deixar papai ir sem mim, bati o pé e me pus a berrar, me autoconvidei, papai sorriu e levou-me junto à casa de titio Pedro, que, neste dia, não iria passarinhar.
Quando chegamos lá era pia e piar para tudo quanto era lado, no teto, em jaulas embaixo, na sala, e no quintal, tudo piava, tudo emita um som, então saí analisando por completo aquela casa, quando me deparei com um teto que não piava, olhando para cima, vi que era  um sabiá que bailava triste em uma gaiola pendura no teto na varanda. Parei e pensei:
"O que será que tem esse sabiá? Não sabe mais assobiar? Nasceu sem saber? Ou desaprendeu ao se engaiolar?
Longe dos olhos do titio e de papai, que tomavam café na cozinha, comecei a cutucar aquela gaiola e dizer: Canta! Canta Sabiá! Porém nada saía, o sabiá não queria mais nem pular, quanto mais cantar. Encucada com aquilo tive uma ideia brilhante, já que não queria cantar, ao menos poderia dizer-me do que se tratava, e mais uma vez cutuquei a gaiola e disse: "Me fala, me fala o que você tem sabiá".
Porém mais uma vez de nada adiantara, o sabiá não me respondeu, eu já estava irritada e ao mesmo tempo triste junto com aquele pobre pássaro que parecia chorar... Ainda longe dos olhos de tio Pedro e papai, fiz uma última tentativa para animar o sabiá...
Algumas horas se passaram e papai chamou-me, disse-me que já era hora de ir embora, sorridente pedi a benção de tio Pedro, agarrei-me em papai e fomos para casa.
No entardecer do outro dia, titio Pedro apareceu de visita em casa para contar uma tragédia para papai, e me pus a escutar, titio pedro disse que o seu sabiá que ele tanto gostava tinha desaparecido misteriosamente de sua gaiola. Ninguém o viu, ninguém o soube velar, titio procurou por toda a casa, até dentro da barriga do gato que por lá transitava, mas nada, nada do sabiá. Corri para meu quarto e comecei a sorrir, pois mal sabia titio que minha última tentativa fora pegar dois banquinhos, pôr um em cima do outro e do alto abrir a portinha da gaiola pondo o sabiá para fora, que, desde que saiu pela aquela pequena porta, para sempre fora embora, cantarolando sem parar...

- roberta laíne.

sábado, 16 de fevereiro de 2013




Era notório que a imensidão daquele campo significava Deus, assim como era notório também que, aquele entardecer absurdamente em tons laranja significava: Deus, Eu e Você. E, deitadas na relva, começamos a olhar para as nuvens. Você como sempre criativa viu um dragão de boca escancarada, procurei o dragão, mas graças a Deus não o vi; enquanto eu, como sempre estranha, vi um caranguejo, você procurou-o, e, por sorte, não o viu também, como não vi seu dragão de boca escancarada. Ainda bem que eram apenas nuvens, pensei escondida, enquanto ficamos ali procurando imagens estranhas... Dava para ouvir o gargalhar de Deus lá de cima a nos olhar. De repente, você resolveu perguntar-me o que eu realmente via quando olhava para as nuvens, lembro-me perfeitamente que respondi em escarnio: "Eu vejo nuvens!" você sorriu dizendo que eu era uma completa e perfeita idiota, sorrimos e após o término do sopro de nossas gargalhadas, um fio de silêncio tomou conta do lugar, foi quando quebrei-o e disse: "Quer mesmo saber o que eu vejo quando olho para as nuvens?", ela assentiu e eu disse: 
"Deus... Eu só consigo ver Deus... quando olho para as nuvens."

Na tarde de 14 de janeiro de 2024

- roberta laíne. 

domingo, 10 de fevereiro de 2013


Ando procurando você, 
até nas xícaras que me rodeiam...

-roberta laíne.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Eram descabidos os teus olhos,

Tentei coubê-los em tudo o que via
Tentei pô-los na fresta de esperança que havia em minha retina,
Tentei, mas não cabia.

Não cabiam na caixinha que vovó deu-me com duas agulhas e linhas
Não cabiam dentro da geladeira de minha casa
Não cabiam no sótão, ou no armário imenso da titia
Não cabiam nos teus 1 metro e 70 de altura,
Não cabiam dentro de minha vizinhança, ou do sítio de minha madrinha

E quando dei por mim, em nada cabia.

Eram descabidos os teus olhos,
nem no planeta terra cabia,
muito menos na mala enorme de minha prima.

-roberta laíne.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Uma vez me disseram que a saudade se alojava em uma inclinação para o lado esquerdo do peito, ou seja, no coração. Então parei e fiquei pensando: saudade, saudade dentro do coração? Fez sentido de imediato, afinal, é dentro do coração que guardamos todos os nossos sentimentos, como o amor, a raiva, o carinho ou o afeto, e a tal da saudade. Porém, passaram-se alguns punhados de tempo e fiquei insatisfeita com o fato da saudade alojar-se no coração, foi então que comecei a lembrar-me das saudades sentidas por mim quando menina, da criancice até a minha então juventude, e lembrei-me que minha saudade era irreal, fugia dos padrões de alojamento, pois, uma vez, minha saudade se alojou em meus braços, quando usava eles para segurar um walkman enquanto ouvia minha fita  favorita. Outras vezes, minha saudade ia para as pernas, saudades de quando esticava-as para roubar frutas do quintal da vizinha ou de chutar para longe um litro e fazer todos os meus amiguinhos irem se esconder. Quando me apaixonei pela primeira vez, saudade além de alojada no coração ia parar na cabeça e lá ficava por horas e horas. Teve uma vez que minha saudade alojou-se em meus ouvidos, era saudade pra tudo quanto era ruído ou captação de som que pairasse no ar, saudade de quando papai dizia: "Minha petequinha, venha cá para mim, olhe o que eu trouxe para você". Lembro-me também, de quando a saudade apoderou-se de meus olhos, foi uma das saudades mais difíceis, tudo o que eu via era saudade! Uma vez, deu saudade em mim até nas unhas, de quando eu era muito miuda e entupia minhas unhas de macinha de modelar na escola, saudade. Certa vez, a saudade alojou-se em meus cabelos, foi difícil também, pois pegou fio por fio, eu sentia o cheiro do shampoo sambor morango, dos banhos às cinco da tarde...
Tá vendo? A saudade em mim é algo surreal, pois não se aloja só no coração. Saudade se aloja em tudo quanto é parte do meu corpo, até nos cílios, que, às vezes, trazem a poeira daquilo que nunca mais soube voltar, então vira saudade.

-roberta laíne.