sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Uma vez me disseram que a saudade se alojava em uma inclinação para o lado esquerdo do peito, ou seja, no coração. Então parei e fiquei pensando: saudade, saudade dentro do coração? Fez sentido de imediato, afinal, é dentro do coração que guardamos todos os nossos sentimentos, como o amor, a raiva, o carinho ou o afeto, e a tal da saudade. Porém, passaram-se alguns punhados de tempo e fiquei insatisfeita com o fato da saudade alojar-se no coração, foi então que comecei a lembrar-me das saudades sentidas por mim quando menina, da criancice até a minha então juventude, e lembrei-me que minha saudade era irreal, fugia dos padrões de alojamento, pois, uma vez, minha saudade se alojou em meus braços, quando usava eles para segurar um walkman enquanto ouvia minha fita  favorita. Outras vezes, minha saudade ia para as pernas, saudades de quando esticava-as para roubar frutas do quintal da vizinha ou de chutar para longe um litro e fazer todos os meus amiguinhos irem se esconder. Quando me apaixonei pela primeira vez, saudade além de alojada no coração ia parar na cabeça e lá ficava por horas e horas. Teve uma vez que minha saudade alojou-se em meus ouvidos, era saudade pra tudo quanto era ruído ou captação de som que pairasse no ar, saudade de quando papai dizia: "Minha petequinha, venha cá para mim, olhe o que eu trouxe para você". Lembro-me também, de quando a saudade apoderou-se de meus olhos, foi uma das saudades mais difíceis, tudo o que eu via era saudade! Uma vez, deu saudade em mim até nas unhas, de quando eu era muito miuda e entupia minhas unhas de macinha de modelar na escola, saudade. Certa vez, a saudade alojou-se em meus cabelos, foi difícil também, pois pegou fio por fio, eu sentia o cheiro do shampoo sambor morango, dos banhos às cinco da tarde...
Tá vendo? A saudade em mim é algo surreal, pois não se aloja só no coração. Saudade se aloja em tudo quanto é parte do meu corpo, até nos cílios, que, às vezes, trazem a poeira daquilo que nunca mais soube voltar, então vira saudade.

-roberta laíne.

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