quinta-feira, 26 de julho de 2018

Nunca gostei muito de pessoas rasas, ou afunda ou nem entra na praia.
Se for só pra molhar o pé, vai no chuveiro...

- Roberta Laíne.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

A brincadeira foi ficando séria, lá vinha Maria ao meu encontro, olhou-me nos olhos, bem no fundo, como se estivesse batendo diretamente com suas mãos a porta da minha alma, Maria não disse nada, apenas olhou-me como um furacão olha para as profundidades da terra.
Maria queres um gole de água?
Quis perguntar para cessar o furacão, mas achei melhor permanecer calada e vulnerável àquela ventania toda.
Os olhos indecifráveis de Maria transcorriam por mim.
Sente-se Maria, afasto a cadeira?
Quis novamente perguntar, mas um embargo tomou conta de mim.
Um passo à frente, Maria pôs as mãos em meu rosto, fechou os olhos e encostou sua cabeça frente a minha, passeou com as mãos pelas orelhas, cabelos, nariz, boca.
Por favor, Maria, não faça iss...
Quis dizer isso, mas minha boca já tinha sido silenciada com um beijo seu.
Beijou-me como um pincel que mergulha na tinta azul da aquarela, beijou-me parecendo "A Noite Estrelada" de Van Gogh, beijou-me meio surrealista como os quadros de Dalí.
Soltou-se, olhou-me mais uma vez com aquele olhar de quem penetra a alma, mas, agora, estava de saída.
Com um riso de canto meio sem graça e amarelo, partiu lentamente...
Volta, Maria!
Quis dizer, mas minhas palavras foram embora com Maria e nunca mais regressaram.

- Roberta Laíne.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Ainda tá em tempo de viver
Ainda tá em tempo de morrer
Ainda tá em tempo de sonhar
Mas ainda tá em tempo de ter pesadelo.

A morte, esse golpe doido de desespero
Será mesmo que é o golpe último?
Para onde vamos quando finda o golpe derradeiro?

Para onde se luz? Ou se inferno?
Deitada em uma árvore, fico vendo a morte passar,
Fico pondo a vida na mão como areia do mar.

Bebo mais um gole de vida
Deixo a vida passar por minhas mãos
A terra é um lento desespero
Será que ainda dá tempo de acordar desse pesadelo?


- Roberta Laíne.


domingo, 22 de julho de 2018

Eu sei que alguma coisa mudou, eu posso tocar nisso, eu posso tocar nesse outro ser que se coube em mim. Todos nós sabemos que o início de toda mudança é realmente uma questão de ajeitar o encalço do sapato, e é nesse ponto que estou, nesse momento de adaptar o encalço ao pé, o pé ao sapato e o sapato à vida. E no fundo, apenas espero que isso que coube em mim seja honesto e generoso, mas se não, que permaneça ao menos calado, que se ajeite ao sapato e não se torne um percalço, e saiba que amar é bom, mesmo com todas as pedras de Carlos Drummond.

- Roberta Laíne.

terça-feira, 17 de julho de 2018

domingo, 15 de julho de 2018

Hoje faz exatamente um ano daquele dia catastrófico, daquele world trade center desabando sem dó nem piedade em cima de mim, eu fiquei só escombros, eu fiquei totalmente esmagada sob escombros, o céu parecia respirar derrota... Não tenho vergonha de dizer que achei, do fundo de mim, que não iria sobreviver, afinal, eu nem queria sobreviver em um mundo que você não estivesse, e você já não estava mais, mas eu sobrevivi, ainda não sei o motivo pelo qual, talvez para poder escrever depois de uma ano um pouco de você. Engraçado que, eu perguntava tanto para Deus: Por que? Por que você fez isso com ela, comigo, com todos? Mas não tinha sido culpa de Deus, assim também como não tinha sido culpa dela, e nem de ninguém. Culpa? Me sobrecarregaram de culpa, eu me sobrecarreguei de culpa, a culpa toda só apontava para mim, e eu tinha que carregar ela nas minhas costas, afinal, era e é muito fácil culpar, apontar, e responsabilizar alguém por uma situação pavorosa e fatídica, eu aceitei a culpa, eu me tornei a culpa e isso turvava minha visão para ver qualquer coisa boa que viesse de você. Mas aí, aquele mesmo Deus que eu questionei começou a me dizer: filha, a culpa não é de ninguém, não estamos falando de culpa, nem de morte, nem de vida, então eu quero que você perceba que devemos falar de sorrisos... Eu não entendi o que Deus queria me dizer com essa coisa de sorriso, eu não fazia ideia do que sorriso tinha a ver com um montão de lágrimas. Então entremeios as minhas orações e lágrimas eu comecei a sorrir, pois havia entendido o que Deus queria dizer com sorriso! Buh! Ele queria dizer: olha aí filha, você e todas as pessoas tiveram sorte de terem assistido por inúmera vezes o sorriso dela! Desse modo, tornei a conversar com Deus, afinal, nós seres humanos, somos extravagantes e queremos sempre mais, então disse para ele: por que você não deixou ela um pouco mais aqui? Por que ela não se deixou mais tempo? Aí Deus olhou para mim e disse: porque tudo nessa vida tem começo, meio, e fim. Que sentido as coisas mundanas teriam acaso não tivessem um final? A partir disso comecei a entender que aquele sorriso lá de trás teria que ser um motivo de sorrisos de saudade mais aqui na frente... Nesse tempo, aprendi que onde quer que as pessoas que amamos estejam, elas sempre, SEMPRE, sorrirão para nós, principalmente uma pessoa como Cássia que tinha um sorriso feito lua minguante, parecia onda do mar que quebra na margem de areia, quando ela sorria, uma luz clara saía do fundo dos olhos e da alma que parecia que o mundo iria acabar, é por isso que agora eu choro sorrindo...

Que Deus e Nossa Senhora do Rosário estejam sempre contigo, eu te amo, eu te amo sorrindo...

Roberta Laíne.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

É um paradoxo quase que inexplicável, 
vivemos rodeados de solidões! 
Onde foi que erramos? ...

- Roberta Laíne.

domingo, 8 de julho de 2018

Esse vento fugidio que arejou a minha alma.
Essa visão turva e desfocada que lacrimejou o teu rosto.
Eu não tenho nada, e, nada, é um estado eterno de tudo.
Eu não tenho medo do final, e, sim, do início.
Eu tenho medo de começos...

Eu sinto muito,
Eu sinto muito por ti,
Eu sinto muito por mim,
Eu sinto muito por todos,
Eu sinto.

Peço-te que me perdoe por admirar mais a poesia do que a ti,
Peço-te que todas as vezes que caminhares na praia, admira os pássaros, as folhas, e a quebra d'água feito agonia.
Peço-te que olhes para o horizonte e cite alguma frase de Nietzsche, mas não se esqueça que, somente Deus, a fé, e o amor é que complementam-o.

Não se esqueça de abrir bem os olhos para a imensidão do céu.
Permita-te alçar voo, pois tu voas passarinho, e eu do chão nunca saí.
Não encolhe o peito por medo da tempestade, deixa teus ouvidos decifrar o que dizem os trovões.
Não deixa o desespero se emancipar, você sabe cantar, então canta, canta alto, canta como se o medo fosse apenas um detalhe vil.

E não se esqueça, de primavera em primavera o outono sempre aparece...

- Roberta Laíne.