quinta-feira, 13 de setembro de 2018

É uma espécie de falsa liberdade, parece mais com um precipício, uma liberdade manchada, presa, enclausurada, solitária e incongruente. Você sabe, eu sei, todos nós sabemos, mas ninguém quer falar, ninguém quer pronunciar, ninguém quer dizer a verdade para não causar enxames, ou maiores perturbações à raça humana, mas é fato e fatídico: a liberdade não existe... e não falo isso como se fosse fácil falar, não é fácil, não é, mas todos nós, no fundo, sabemos. Por que lá está ela, no auge da exaustão, no ponto cego da vida, lá está ela, na sua mais pura e doce forma de não estar, de não existir, de sumir diante dos olhos, ouvido, boca, alma.
A pior parte é você saber, e, não poder fazer absolutamente nada. Porque você não pode fazer nada, eu não posso fazer nada, nós não podemos. Fazemos apenas parte do grupo dos inteiros que não podem... E não adianta negar, não adianta se fazer de surdo, cego, mudo, e muito menos fazer essa cara de indignação, assim também como não adianta sair correndo atrás de um dicionário e apontar o dedo pra palavra e dizer: aqui, tá aqui, liberdade existe, olha! Não adianta... pois você sabe, eu sei, e todos nós sabemos, a liberdade não existe, não aqui, não ali, não ainda, não por nós ou por vós, não pelos humanos, a liberdade não existe, não, não ainda.

- Roberta Laíne.

domingo, 9 de setembro de 2018

Por que eu defendo tanto o movimento LGBT? Simplesmente porque são pessoas, acima de qualquer coisa são pessoas, e mais especificamente são pessoas boas, que não carregam ou destilam discursos de ódio, segregação ou de exclusão social. Muito pelo contrário, são pessoas boas que morrem, e morrem em excesso, morrem em exagero, simplesmente por não se vestirem como o padrão social impôs. Simplesmente por não pensarem, ou agirem como o padrão dita - no manual de instruções que recebemos ao nascermos - sobre "viver em sociedade".
A que ponto chegamos? Matamos a bondade por conta de uma roupa, um acessório, uma matéria, um padrão que, sabe-se lá quem escolheu como adequado. Matamos pessoas boas só por que elas não se comportam como a normatividade manda. 
Será que não se comportar "como o padrão dita" faz dessas pessoas ruins? NÃO! Isso não desvia em nada o caráter de um indivíduo, uma roupa, a orientação sexual, não desviam em nada um semelhante de dotar-se de bondade, honestidade e amor... SEMELHANTE! Aprendam a interpretar, a ler,  aprendam a língua, a linguística, até a gramática, são semelhantes e não iguais.
Matamos por ódio, burrice, ignorância e egoísmo nú e cru. Matamos por não sabermos ler, não sabermos interpretar, não sabermos sentir, e desconhecemos do nosso dicionário palavras importantíssimas como empatia. A cada dia que passa, estamos desaprendendo a ler, estamos retornando à idade da pedra, estamos regredindo com tanta força que, a cada 3 dias um travesti é morto no Brasil. 
Por fim, sem sabermos ler, sem sabermos nos comunicar, sem usar a língua, voltamos a ser predadores, voltamos a ter sede de vingança, sede de poder, sede de liderança, estamos desaprendendo a ler apenas para duas finalidades: matar e morrer.

Roberta Laíne.