sexta-feira, 28 de maio de 2021

Eu preciso de alguém que me diga, todos os dias, que eu valho alguma coisa, pois, a todo momento, minha cabeça fica dizendo o quão eu sou uma merda, que eu não sirvo para nada, que eu não estudo o suficiente por isso não sei várias coisas sobre gramática, que sou uma professora horrível, e um ser humano incrivelmente não passível de ser amado, por isso não tenho ninguém e nunca ninguém ficará...

Eu me odeio de todas as formas.

Com carinho, 

- Roberta Laíne.

domingo, 23 de maio de 2021

Um dia, você ainda vai olhar para as merdas que afligem sua cabeça e dirá:

E agora, quem é que fode com quem?
Quem é que fode com quem?
Quem é que fode? 

é sobre dar a volta por cima

- Roberta Laíne.

Estou sentindo algo estranho em relação a Capanema. Ultimamente tem me invadido a sensação de que não pertenço mais a aqui, e todas às vezes que olho para a minha rotina, sinto vontade de ir embora. É como se nada, absolutamente nada mais aqui, conseguisse me despertar animosidade. Parece que eu esgotei toda a poesia que havia a cá, e eu não sei muito bem o que fazer com essa sensação, pois ela é nova. Além de nova é bem diferente do que prego, pois sempre fui de criar raiz, e a ideia de sair por aí sem destino nunca me soo confortável ou interessante, mas, agora, eu não sinto mais vontade de ficar, e é muito esquisito para mim. Acho que já faz algum tempo que venho revendo alguns conceitos aos quais eram fixos e agora estão ganhando uma nova conotação, e, é claro que, isso me assusta. Talvez seja por isso que tenho escrito bastante ultimamente, muito provável que esteja ligada a sensação de não pertencimento, de solidão, de diáspora que invade o meu peito.

Para onde irei então? Fica a busca...

- Roberta Laíne.

domingo, 9 de maio de 2021

É interessante como a gente faz falta para as pessoas... Sábado passado, depois de algum tempo sem ir à missa, resolvi acompanhar mamãe à igreja. Quando a celebração terminou, enquanto eu saía, uma mulher se dirigiu até mim e falou: "Você voltou! Eu havia falado para a minha filha que achava que você estava viajando, pois nunca mais tinha vindo à missa.". Eu sorri e disse que não estava viajando, apenas havia me afastado, mas agora estava de volta. Os poucos minutos que é da igreja até minha casa, eu vim sorrindo, sentindo-me toda importante, pois achei o máximo fazer falta para aquela mulher! Mesmo que nós não tenhamos contato estreito e que os nossos encontros sejam restritos à missa, fiquei toda exuberante em saber que tive a capacidade de fazer falta para ela, foi o máximo! Principalmente porque naquele dia eu estava me sentindo muito sozinha, achando que eu não era importante para as pessoas. Eram seis e pouco da tarde, o sol vinha descendo todo em laranja no risco do horizonte, enquanto eu sorria para o céu e dizia: Você adora nos dá presentes de surpresa não é mesmo? 

- Roberta Laíne.

terça-feira, 4 de maio de 2021

Eu, tu, nós.

Observação:

Nem sempre costumo achar que quando uma pessoa sai da nossa vida foi "providência divina" ou "livramento", como dizemos de praxe. Na verdade, eu acho que estamos acostumados demais a sempre atribuir a responsabilidade das coisas que nos acontecem à Deus, ao destino, ou ao que quer que acreditamos, e esquecemos ou descartamos a possibilidade de, na verdade, o mal está em nós mesmos, na gente. É difícil de aceitar, mas, às vezes, as pessoas saem da nossa vida por culpa inteiramente nossa, e sei que é doloroso ler isso, mas Deus, o destino ou a própria pessoa nada tem a ver com as rupturas que nos acontecem. Não percebemos pois não aceitamos que a coisa toda está em nós, nas nossas atitudes sorrateiras e confusas, no nosso egoísmo velado de silêncio, na nossa abstenção de responsabilidade para com o outro, na nossa covardia em ser. Muito pelo contrário, achamos sempre que as nossas atitudes são as mais bem intencionadas, que estamos cobertos de razões, que somos um poço fundo de benevolência e que as pessoas não param para nos compreender. Somos egoístas demais para achar que a culpa é nossa ou que o mal está aqui, em nós, em nossas atitudes, por mais não intencionais que sejam. A gente sempre tá na ilha, porque sair dela é perigoso, e somos covardes demais, jamais admitiríamos o quão perversos somos, no barulho dos nossos pensamentos, na nossa mania de sempre achar que estamos no centro de tudo e que o sol que gira em torno da gente, no nosso discurso patético de que "Eu posso até ter os meus defeitos, mas pelo menos eu não sou como você". A gente compara imperfeições e se põe no topo da lista, porque ficar em último lugar é inaceitável, é incongruente para com os nossos cálculos pateticamente humanos, ordinariamente adulterados, e culturalmente pecaminosos. Inclusive, esse texto, veladamente, é uma tentativa egoísta em mostrar que a minha opinião é melhor que a sua.

Com carinho,

- Roberta Laíne.