segunda-feira, 25 de junho de 2018

O causo do óculos...

Quanto a morte, minha maior preocupação é com meu óculos...
Ora, acaso tu, num descuido de meditação da vida, nunca se perguntou o que fariam com o teu óculos quando morresse?
Uns se preocupam com dinheiro, casa, carro, ou com as bordas do caixão. Outros, mais altruístas, se preocupam com os familiares que hão de chorar em seu leito. 
Eu não, eu lá estou preocupada com isso, estou mesmo preocupada é com meu óculos!
Será que vão guardá-lo? Será que hão de deixá-lo na cabeceira da minha cama onde eu sempre colocava-o sobre o livro que estivesse lendo? Será que vão cuidá-lo?
Isso já me ferve o juízo... Então resolvi deixar isso escrito para quando as minhocas estiverem se aproveitando do meu sono, a vista de deixar bem claro: sobre o meu óculos, esse das pernas marrons, sobre ele, acabo de escrever essa crônica miúda só pra dizer que, o prejuízo já me ferve o juízo em não saber o que há de acontecer!
Digo-lhes por fim, a vista do não delongar, quem estiver lendo sobre o causo do meu óculos, lembre-se de também se questionar: o que farão com teu óculos quando for a sua vez?

Para Rosa Watrin,

Roberta Laíne.


segunda-feira, 4 de junho de 2018

Dava pra vê

Dava pra vê a infelicidade nos teus olhos, era hipnotizante e devastadora.
Dava pra vê que por detrás deles um grito de socorro arranhava tuas cordas vocais.
Ah dava para ver, e como dava!
Dava até para tocar, sentir, pôr nas mãos e vê dissolver!
E como dava! Deu-me um frio na barriga, uma ânsia de vomitar a vida, de morrer sem por que nem pra quê. 
Como dava para vê!
Como dava pra provar, pôr na boca e cuspir, negar, doer.
Dava pra sentir o cheiro de nuvem carregada no céu, era azul cinza, azul escuro, preto nebuloso, tinha cor de pesadelo, de socorro, grito, gemido, desespero.
E como dava para fazer qualquer coisa e inclusive nada!
Queria chorar por ti, queria poder te emprestar os olhos e dividir um pouco da tua dor, queria morrer um pouco em teu lugar, mas infelizmente, humana que sou, eu não podia, não cabia em meus super poderes, não me cabia em nada. Eu só podia olhar e dizer: Dava pra vê!

- Roberta Laíne. 
Maria Pietra veio pra salvar a minha vida.

- Roberta Laíne.

sábado, 2 de junho de 2018

Fui para um lugar distante de mim, mas estou de pé, estou aqui, não como deveria, ou como deveria, de qualquer modo, estou, eu estou aqui. Por mim...

- Roberta Laíne.