sábado, 30 de dezembro de 2023

Straight from the heart

Oi, pai. Como o senhor está? Faz certo tempo desde a última carta que te escrevi. Estou com saudades. Muitas. Por aqui está tudo tranquilo, até o presente momento. Nenhuma mudança drástica ou trágica. Eu só queria te escrever para me sentir, não sei, um pouco mais perto de ti e protegida & amada, como o senhor sempre fez eu me sentir. E, sinceramente, não tenho nada para falar sobre o ano que está acabando. Eu apenas o vivi e ponto. E, sim, tem toda aquela coisa de gratidão e superação e mais uma série destas palavras que são bastante usadas neste período, mas eu não vim aqui para fazer uma retrospectiva, eu vim apenas para ter a sua companhia. A gente nem precisa conversar, eu só quero ficar aqui, tá bom? E não se preocupe, eu não estou mal ou coisa do tipo, só estou com muitas saudades suas, e também da Cássia e da Zot, porque... eu amei tanto vocês aqui na terra que, caramba, às vezes sufoca não tê-los mais de modo palpável. Acho que estou chorando, mas não é por que eu esteja mal, pai, é só que às vezes doi pra caramba, sabe? E não dá para fazer muita coisa a respeito. A não ser deixar-me aqui. A não ser fechar os meus olhos e sentir que vocês estão me abraçando enquanto eu sufoco a Zot. A não ser chorar e esperar que as minhas lágrimas deságuem no oceano e se transformem em ondas. Eu só quero ficar aqui, tá? Não precisa falar nada, e me desculpa se eu atrapalhei o que o senhor estava fazendo aí no outro plano, eu só precisava vir aqui e ficar um pouco, prometo não demorar. Ah, pai, o senhor poderia me dar um abraço? Não necessariamente apertado, basta ser seu...

Com carinho,

- Peteca. 

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Querido diário, por que toda vez que vamos nos aproximando do natal, eu sinto vontade de mandar mensagem para ela? Ano passado foi assim, este ano novamente… Espero que isto seja normal, que faça parte do processo poético.

Com carinho,

- Roberta Laíne.

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Enquanto procurava por uma prova, na minha escrivaninha, passei por um desenho que Maria fez para mim, em que escreveu o seu nome e o meu (Bebé), seguido de uma porção de corações ao lado. Ao ver o desenho, fiquei alguns segundos paralisada, enquanto uma angústia tomava conta de todo o meu corpo. Quis chorar, mas guardei todas as minhas lágrimas para derramá-las assim que o último aluno saísse do meu quarto. Faz algumas semanas que fomos afastadas por conta das irresponsabilidades do pai dela, e quem está pagando, com a sua ausência, sou eu. Inclusive, estou altamente depressiva, pois todas às vezes que sentia minhas forças acabarem, eu ligava para elas e conseguia enxergar uma fresta de luz, para achar-me novamente. Mas, agora, o silêncio reina entre nós. Não ligo mais para elas, elas também não ligam para mim, afinal, são só crianças. E eu tenho o péssimo hábito de não conseguir correr atrás de ninguém, por mais que aquilo esteja me matando, por mais que eu esteja totalmente destruída, eu não consigo. Em linhas gerais, sempre gostei do silêncio, acho ele confortável e seguro. Apesar de escrever, nunca gostei de muitas palavras, mesmo sabendo o quão isto seja paradoxal. Contudo, este silêncio está me matando mais rapidamente do que os outros que enfrentei, pois ele diz respeito a tudo o que eu acredito aqui na Terra, e eu não sei o que fazer para suportá-lo, pois minha depressão já percebeu e tem pulado de alegria, ela está me destruindo com muita força e rindo aos quatro quantos do mundo. O vento disse-me, o vento soprou. Querido leitor, se eu pudesse escolher um dia para morrer, sem dúvidas eu escolheria o dia em que a Maria parou de falar comigo.

Com ternura,

Bebé.

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

"Tudo certo como dois e dois são cinco"

Querido leitor, este escrito se faz necessário para que eu possa demarcar, não precisamente, um divisor de águas em minha vida...

Demorei um tempo para perceber que minha jornada aqui na terra não é sobre conhecer alguém que mudará a minha vida, mas sim sobre conhecer a mim mesma, e é isso o que tenho feito, buscado a mim. Inclusive, equivocadamente eu achava que me conhecia, que sabia tudo ao meu respeito, os meus limites, as minhas fantatias e desejos, o meu caos. Entretanto, estive completamente enganada, pois a verdade é quase nada sei sobre mim e, procurar-me, achar o que sou, por que sou, não tem sido uma tarefa fácil. Mas sei que preciso, mais do que nunca, despedi-me da Roberta que desconheço, para abrir espaço ao que possa ser eu, ao que jamais fui, mas que agora preciso ser.

Roberta Laíne.

quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Meu bem,
você não imagina a porção de coisas que mora no meu silêncio,
engatadas na minha garganta,
sufocadas
de tudo aquilo que eu sinto,
mas não digo.

- Roberta Laíne. 

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

A saudade é como uma goteira em dias de chuva.

- Roberta Laíne.

terça-feira, 10 de outubro de 2023

Não consigo mensurar o quão estou cansada de tudo o que me cerca, porém, jamais culparia ninguém do meu suicídio, eu não seria capaz de fazer algo do tipo, afinal, foi eu e somente eu quem escolheu os caminhos que me levaram à exaustão. 

Com carinho,

- Roberta Laíne. 

sábado, 30 de setembro de 2023

Sinto-me tão cansada. Tão sozinha. Com saudades do meu Pai, da Zot e da Cássia. Eu já posso ir? Já não está na hora? Por que vocês foram embora?
Eu também quero ir.

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Foda-se você e o seu aniversário.

Com carinho, 

- Roberta Laíne.

domingo, 17 de setembro de 2023

Aos domingos
o poeta
embebido de tristeza
vira a esquina
e
para

no bar das incertezas

Fica triste não
poeta

amanhã já é segunda-feira

- Roberta Laíne.

domingo, 10 de setembro de 2023

Meia-noite e eu estava em prantos, arfando frases nominais, inconsolável… 

É que eu havia acabado de assistir a sequência do filme “Avatar”, e o final mexeu muito comigo. A morte mexe muito comigo. E ver o personagem Neteyam morrer, fez com um turbilhão de sentimentos me inundassem. Eu não aceitei a morte dele, assim como nunca aceitei a morte do meu pai. No entanto, o que me fez chorar copiosamente, foi o ritual fúnebre de Neteyam, em que seu corpo foi entregue à árvore espiritual. Depois disso, quando seus pais retornaram à árvore para reconectar-se com ele, eu associei ao meu pai e ao fato de que quando eu morrer será assim. Sei que a primeira pessoa que verei será Ele. Sei que será o meu papai quem irá me buscar e irá me abraçar ternamente. E isso fez com que eu sentisse tantos sentimentos ao mesmo tempo, que precisei chorar o oceano para o meu corpo suportar. 

Eu não entendo a morte, mas sinto que deve ser lindo voltar para a nossa casa, ser o universo em expansão e brilhar junto com as estrelas.

Com carinho,

- Roberta Laíne.

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Inveja tive eu daquele maldito cigarro
Que te tocou os lábios, esgueirando-se à boca
Enquanto eu olhava incrédula
Maldito
Beijou-te à toa

- Roberta Laíne.

domingo, 13 de agosto de 2023

Querido diário, 


Estou com saudades.


Pai, lembrar-me de ti hoje fez com que algumas lágrimas deslizassem pelo meu rosto… Quando comecei a escrever, há mais de 10 anos, eu era apenas uma adolescente tentando entender por que as pessoas mentiam, matavam, e compactuavam com coisas ruins. Porém, pouco tempo depois, precisei escrever para não morrer junto contigo. Quando você se foi não aceitei a tua partida, então colapsei. Na época, fiz várias cartas a ti, esperando por respostas; inclusive, as cartas mais lindas que já escrevi foram todas endereçadas a você. Às vezes, o conteúdo era banal, eu falava sobre o tempo, sobre o vento, sobre poesia. Noutras, eu me encontrava absurdamente desesperada, pois a depressão estava perfurando o meu peito e inundando a minha alma. Lembro-me que em uma delas citei que sentia falta de quando você entrava em meu quarto, altas horas da noite, só para ver se eu estava dormindo. Em algumas dessas vezes, você me pegava com o notebook ligado e um caderno cheio de anotações, então você olhava para mim e dizia: “Vá dormir, Peteca”. E depois disso sorria ternamente. Pai, queria que soubesse que eu ainda sinto falta de você entrando em meu quarto e pedindo para eu ir dormir e acredito que, independente da idade que eu tenha, sempre vou sentir falta disso. Sou agarrada em detalhes, e é por isso que eles me fazem tanta falta. Neste exato momento, choro uma saudade oceânica, que não cabe no corpo que decrépita. Sinto a tua falta todos os dias desde a tua partida, e o fato de eu ter cessado as cartas não significa nada. Um dia, pai, quando minha estadia aqui na terra chegar ao fim, e eu te reencontrar, vou te abraçar por uma década, só pra ti sentires que, a melhor coisa que aconteceu em minha vida, foi ser tua filha. Eu te amo nesta, nas anteriores, nas futuras e em todas as vidas que eu vir, 


Com carinho,


Peteca.

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Querido diário, 


Estou feliz.


Nesses últimos tempos, tenho me ajudado muito a ser uma pessoa melhor. Tenho cuidado de mim, acalentando-me e aceitando-me como sou. Tenho dado o primeiro passo para coisas que antes nunca havia conseguido realizar, pois sempre criava uma barreira intransponível, a qual fazia com que eu visualizasse o meu objetivo muito longe. Caminhar é uma delas. Agora, tenho colocado o meu corpo em movimento e percebendo que ele é capaz de conseguir, mesmo que no início eu tivesse sido aterrorizada pela fobia social, pânico e ansiedade, por estar iniciando coisas que me fariam bem. A depressão não quer que iniciemos coisas que possam nos fazer bem. Porém, agora não tenho mais sentido todo esse arsenal que ela ergueu para me deter. Só a fobia social que, às vezes, consegue me achar, mas tudo bem, afinal, passei longa data negando a minha participação fora de um mundo que não fosse o que eu criei, dentro do meu quarto. Bem, ultimamente também tenho dito mais “sim” do que “não” para as coisas, e estou pondo os pés para fora do meu mundo, mesmo que vez ou outra eu volte correndo assombrada. Às vezes é caótica; noutras, é bonita a paisagem fora da ilha. Sei que ainda falta muito para que eu consiga, mas ultimamente tenho estado mais na Terra do que na Lua.


Com carinho, 


- Roberta  Laíne.

sábado, 5 de agosto de 2023

Meu bem, você não imagina o quão somos poucos, quase nada. O orgulho, a raiva, o rancor e a mágoa não são nada, meu bem, porque de repente a gente acaba, e aí, eu lhe pergunto, para onde é que vai o ódio e todas as coisas que você não foram ditas? Para onde vão nossas vontades depois que tudo isso acaba? Não se assuste, mas, não somos nada. Nem eu & nem você. Nada. 

Que minhas miseráveis palavras nunca te façam falta.

- Roberta Laíne. 

quarta-feira, 26 de julho de 2023

Às vezes tenho vergonha da maneira como sinto as coisas, de modo absurdamente intensificado. Quando eu me apaixono, sinto como se houvesse inúmeras explosões dentro do meu corpo. Quando amo, sinto cada átomo. É por isso que quando tenho muitas coisas a dizer acabo não falando nada. Eu me calo, e apenas sinto & sinto. Sinto tanto que chega a doer o peito, dá-me calafrios, & náuseas, como se eu fosse um barco à deriva em alto-mar. Eu queria pedir desculpas ao mundo por sentir tanto.


Com carinho,


- Roberta Laíne.

domingo, 23 de julho de 2023

Queria me apaixonar como as outras pessoas se apaixonam e não como os poetas, as putas e os alcoólatras.

Você me dar náuseas, baby. 


- Roberta Laíne. 

segunda-feira, 10 de julho de 2023

De tudo o que já abri,

Portas

Latas

Caixas

Pernas


A mais foda de todas 


foram Livros.


- Roberta Laíne. 

quarta-feira, 5 de julho de 2023

O Breno? 

Faz tempo.

Sempre nos desencontramos, por todos os motivos do mundo, dos mais frívolos aos mais severos. 

Mas ele sempre me procura, não como o caçador busca a caça, mas como o céu busca as nuvens. 


E eu não sei explicar, mas sei que sinto algo por ele, o que é bem raro. 


E também sei que dos poucos homens com os quais eu já me envolvi, ele seria o único para o qual eu abriria minhas pernas novamente, para que ele entrasse em mim, porque eu gosto da maneira com que ele entra em mim. 


não como o caçador busca a caça, mas como o céu busca as nuvens. 


- Roberta Laíne.

sábado, 1 de julho de 2023

— E Eugênia?

— Você não soube? Eugênia... (contorceu-se na cadeira), bem... (pigarreou), Eugênia morreu...

— Meu Deus! E do que ela morreu, Carlos?

— De poesia.

— De poesia? (perguntou espantada) 

— Sim, de poesia.

— E como foi isso? (altamente intrigada)

— Não sei muitos detalhes. Você sabe, desde nova ela lia aqueles livros estranhos, “Lira dos vinte anos”, “Livro de mágoas”, era apaixonada por um tal de Álvares de Azevedo e por aquela Florbela Espanca. E aí foi se agarrando a um tal de Schopenhauer e depois Nietzsche e no final não deu outra. Não suportou. Disseram-me que ela foi achada, já sem vida, com um papel em que estava impresso o poema "Ismália", do Alphonsus de Guimaraens. E eu vi com os meus próprios olhos, estava lá escrito, em seu atestado de óbito, Eugênia havia morrido de poesia.

Com carinho,

Roberta Laíne.

terça-feira, 27 de junho de 2023

Ontem sonhei com a I****, um sonho em tons claros e ameno. Nele, ela me entregava um presente, o qual me deixava extremamente feliz. Eu sorria e a abraçava, era tudo bem prazeroso e cintilante. Eu não sei muito bem o que ele pode significar. Não sei se a busco em meus pensamentos ou se é apenas uma construção de minha mente, com base em alguns dos momentos que vivemos. A única coisa que sei é sobre a felicidade que eu sentia, era tão densa que parecia que dava para tocá-la.

- Roberta Laíne.

sábado, 17 de junho de 2023

Daqui ao teu sorriso são quantas milhas?


- Roberta Laíne.

quinta-feira, 15 de junho de 2023


Querida anônima, eu também queria te dar um abraço. Eu sei que você vem por aqui. Eu sei. 



segunda-feira, 12 de junho de 2023

Eu estou conseguindo, aos poucos, mas estou… E isto é o máximo!

- Roberta Laíne

domingo, 4 de junho de 2023

Ontem à noite, quando cheguei em casa, depois do que houve comigo, entrei no teu perfil do instagram e pensei mil vezes em digitar uma mensagem pedindo ajuda, eu precisava muito de você, pois eu tinha certeza que você não me julgaria, muito pelo contrário, você iria acreditar em mim e me defenderia. Eu sei que você me defenderia. Mas ainda bem que eu não mandei mensagem, pois a cada dia que passa estou me convencendo de que realmente sou uma pessoa ruim e eu sei que me aproximar iria te fazer muito mal, como tudo o que eu toco.

Sobre o meu poder de destruição & de estragar as coisas.

- Roberta Laíne. 

Nunca imaginei que um dia quase seria presa, mas esse dia chegou. 

O motivo: desacato a autoridade (um policial).

Palavra: chamei-o de idiota.

O motivo para eu ter feito isso: ele foi um idiota. Um grande idiota.

- Roberta Laíne. 

domingo, 28 de maio de 2023

Tenho muita dificuldade em dizer o que sinto para as pessoas, principalmente depois que elas não estão mais em minha vida. E venho percebendo que, no geral, as pessoas conseguem ficar transitando na vida umas das outras, sem grandes problemas [ou talvez não]. O fato é que, eu não consigo, pois uma vez cortados os laços, os meus esforços serão para esquecer aquela pessoa/situação [mesmo sabendo que isso não seja possível]. Contudo, hoje foi um dia atípico, pois decidi mandar mensagem para uma dessas pessoas que eu deixei lá atrás, na zona de pessoas que eu jamais acessaria novamente, não por estímulo meu. Fiz isso como uma espécie de tentativa, em ser o que não sou, em tentar ser de outro jeito. E, mesmo que eu não tenha obtido sucesso, no sentido de que eu queria que ela me quisesse também, eu não me arrependi. E sei que não dá para eu acessar todas as pessoas que um dia deixei para trás, afinal, algumas realmente merecem este lugar. Mas estou orgulhosa de mim, porque estou tentando ser alguém melhor, e ser alguém melhor, ao meu ver, é um dos alguns motivos pelos quais estamos experienciando esta estadia aqui na terra, que, inclusive, é ligeira e não nos permite perder tempo.

- Roberta Laíne.

sexta-feira, 26 de maio de 2023

Eu nem estava com fome, eu só queria preencher um vazio dentro de mim, então comi severamente, comi como se fosse o último prato a ser servido na Santa Ceia. Comi como um animal selvagem e faminto devora a caça. Comi toda a minha angústia.

Com ternura,

- Roberta Laíne.

quarta-feira, 26 de abril de 2023

Só para deixar registrado... No dia do meu aniversário, eu passei a tarde fora de casa e quando retornei, no início da noite, fui para o quarto das Marias, esperar que Cecília terminasse de calçar seus sapatos. Enquanto conversávamos, Cecília disse-me que estava com frio, então respondi que iria abraçá-la e ser seu cobertor. Já abraçadas, ela resolveu corrigir seu enunciado e disse-me que, na verdade, estava com muito frio, e que eu precisaria abraçá-la mais forte. Com um sorriso estampa no rosto, enquanto apertava Cecília, eu sabia que, naquele momento, eu havia acabado de ganhar o melhor presente de aniversário do mundo.

Eu te amo minha calabresa.

E esse texto nem é sobre frio.

- Roberta Laíne. 

terça-feira, 25 de abril de 2023

Lembro-me de quando eu tinha 17 anos… Ah, meu bem, tudo era possível.

- Roberta Laíne.

quarta-feira, 19 de abril de 2023

Seria tão bom morrer hoje.

- Roberta Laíne.

A minha mãe está me matando, e eu não sei mais o que fazer…

- Roberta Laíne.

quarta-feira, 12 de abril de 2023

Nós nem sabemos mais o que dizer para os nossos alunos, porque nós também estamos apavorados. Também temos medo de chegar nossa manhã despretensiosa de nunca mais voltarmos para casa e servir como mártires, pois o Capitalismo quer herois, ele precisa de herois; o Capitalismo nos quer doentes, ele precisa de doentes; ele quer nossas cabeças e tem nossas cabeças. Ele sempre precisou do nosso medo 

e conseguiu.

- Roberta Laíne. 

terça-feira, 11 de abril de 2023

Nunca pensei que um dia eu tivesse que fingir que não conheço uma pessoa, logo alguém que tocou o meu corpo, que crueldade com a minha poesia… Mas no final das contas, por bem da verdade, de todo eu não fingi, afinal, quem é você? Eu realmente nunca te conheci.

Para aquela que eu desconheço 

- Roberta Laíne. 

terça-feira, 4 de abril de 2023

sem precisar que ninguém me dê as mãos
eu mesma me dei
e tenho estado comigo,
como nunca estive.

dessa vez eu estou ao meu lado.
dessa vez eu me quero por perto.

e mesmo tendo falhado,
dando valor às vozes
que sussurram maldizeres no meu ouvido,

dessa vez tenho estado
fielmente comigo.

meu bem, a depressão continua a me dizer,
o quanto estou à beira de um precipício,

mas dessa vez eu me quero
como nunca havia querido.

Sobre mulheres fortes demais para se sentirem sozinhas

- Roberta Laíne.

domingo, 2 de abril de 2023

Traiçoeira, a depressão faz-nos sentir culpa até dos poucos momentos felizes que temos.

segunda-feira, 27 de março de 2023

Mas, Carlos, foi para isto que fizeram os poetas, para que eles pudessem sentir todos os sentimentos, em alta frequência, e depois passar para o papel, em forma de poemas, canções ou cartas.

Outro dia Augusto queria se meter com esse negócio de poesia, mas bradejei dizendo que nunca, pois custa caro. De uns a própria vida. De uns a própria vida.

- Roberta Laíne.

domingo, 19 de março de 2023

Eu sei que as pessoas não gostam de mim porque eu não faço as coisas do jeito que elas acham que eu deveria. Inclusive, sei que por isso sou sozinha, porque falo o que penso e sinto e não consigo viver em um mundo onde eu tenha que fingir as coisas. E, bem, se para ter as pessoas ao meu redor eu precisar ter que forjar o que eu não sou e aguentar verdades que não combinam com as minhas, eu quero morrer sozinha, e os demais, que se fodam.

Eu não preciso mudar.

- Roberta Laíne.

quarta-feira, 15 de março de 2023

Ora, por que estás triste diante de tamanha alegria?
o cenário é feliz, 
as pessoas estão felizes,
as cores, luzes, as narrativas,
mas por que estás tu
triste,
diante de tanta alegria?

- Roberta Laíne. 

segunda-feira, 6 de março de 2023

domingo, 5 de março de 2023

Sabe aquela música que você me enviou antes de terminarmos? Então, eu fiz as pazes com ela. Agora, quando ouço-na, não lembro mais de você. Queria que você também fizesse as pazes com a que eu te enviei, pois são duas canções tão bonitas, que não vale a pena removermos da nossa playlist só por que não conseguimos dar certo.

Com carinho,

- Roberta Laíne.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

[...]

— Vamos, Augusto, apresse-se, eu preciso ir ao hospital!

— Mas, mamãe, eu já lhe disse, isso não se resolve...

No hospital...

— Fale-me, doutor! O que é isso que vem de dentro do peito, faz meu corpo todo comprimir-se, dá-me calafrios e fortes pontadas na alma. Doutor, falta-me até o fôlego e tudo piora à noite ou com a chuva! Dê-me um remédio, por favor!

— Dona Rita, isto é saudade, e não se resolve com medicina. 

Roberta Laíne.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

"Assim como um gato não sabe que é um gato, eu não penso se estou ou não fazendo literatura; mas o trabalho vai sendo feito, sem pretensão". 

Em um café...

— Olá, meu bem! Sente-se... Obrigada por vir. Chamei-lhe com certa urgência, pois acabo de terminar a crônica que havia lhe falado, aquela que você tanto queria ler. Este da imagem é Raul, o personagem principal.

— Camila, este é Fernando Sabino!

— Sim, eu sei. É que eu estava produzindo algumas provas e me deparei com uma fotografia dele, foi daí minha inspiração, fiquei por minutos olhando-a, até ser transportada para o lugar em que ele estava e acaba que senti, senti tudo o que ela dizia... Apenas sente-se e escute, irei lê-la para você.

Parte 1

Era 19 de março de 1950, quando vi Raul pela primeira vez na Coffee and tea, minha cafeteria favorita. Raul estava sentado em uma das últimas mesas do local, em uma parte não tão luminosa, muito provavelmente não queria ser notado, afinal, todos que sentam naquela mesa estão fadados ao título da invisibilidade. Inclusive, por incontáveis vezes, já me pus a sentar naquele mesmo lugar, em dias absurdamente caóticos de minha vida, em que tudo o que eu mais queria era sumir. E sumia. Raul estava lendo um jornal, totalmente absorto nas palavras, mantinha as pernas cruzadas, balançando-as num movimento contínuo de cá para lá. Entre os dedos havia preso um cigarro, o qual tragava sem dar muita atenção ao movimento. Dificilmente iria notar a minha presença, que, de certo, era incômoda, pois meus olhos o observavam com certo vigor. Não sei o porquê de aquele homem ter chamado minha atenção, mas fiquei hipnotizada com sua figura ali, absorta, compenetrado na leitura daquele jornal. Anos de Coffee and tea e nunca havia sido tomada pela presença de ninguém. E sim, Raul era um homem bonito, mas sei que não foi isso o que me chamou a atenção, havia algum mistério fantástico naquele ser, não sei explicar, mas eu sentia algo diferente, intrigante, espiritual, algo mal resolvido, talvez fosse casado e vivesse um romance proibido; talvez tenha sido coautor de um crime bárbaro e nunca contribuiu para solucionar a coisa toda; ou talvez, e muito provável, seja tudo coisa da minha cabeça e, no final das contas, Raul não se passasse de uma pessoa normal, que trabalha 10 horas por dia, seu dinheiro dá apenas para pagar as contas, e estava fadado a morrer sem ter realizado metade dos seus sonhos. De qualquer forma, eu precisava descobrir o mistério que envolvia aquela figura enigmática, que passou a frequentar minha cafeteria favorita. 

***

No dia seguinte, no trabalho, comecei a datilografar uma pilha de documentos que meu chefe havia solicitado, porém, a imagem de Raul não saía de minha cabeça, acompanhada de perguntas sem respostas: Quem era aquele homem? Por que diabos eu estava interessada em saber ao seu respeito? Raul morava na cidade ou era apenas um viajante? Era solteiro ou casado? Tinha filhos? Quantos anos Raul tinha?

***

No mesmo dia, ao sair do trabalho, fui à Coffee and tea como de costume, só que agora eu não estava apenas em busca do melhor café da cidade, eu tinha comigo outro objetivo. Ao chegar lá, meus olhos percorreram toda a cafeteria à procura de Raul, passeando por todas as mesas, visualizando cada pessoa que ali estava. Contudo não o vi, meu mais novo mistério não estava lá, o que obviamente deixou-me frustrada. Enquanto tomava minha xícara de café, tamborilando os dedos no balcão, Raul se posicionou ao meu lado, pedindo um expresso meio amargo para a atendente. Naquele momento, meu corpo congelou, fui tomada por uma onda de ar frio, a qual me fez lembrar do último inverno severo que enfrentamos. Paralisada, eu podia ouvir as batidas descompassadas do meu coração. O mais interessante é que Raul nem ao menos olhou para mim, não direcionou-me sequer um mísero cumprimento, parecia que as pessoas ao seu redor não existiam, seu olhar era firme em direção alguma, altivo, um perfeito ditador. Ao pegar o expresso, encaminhou-se para a mesma mesa, sentou-se, cruzou as pernas, e abriu aquele maldito jornal, ficando ainda mais alheio as pessoas.

***

Passei a odiar Raul, todo aquela indiferença feriu algo dentro de mim, aquele homem-mistério não tinha direito algum de me ignorar daquela maneira.

***

Os dias se passaram e continuei a ver Raul na Coffee and tea, mas, agora, com o orgulho ferido, passei a não dar importância a sua presença. Enquanto servia meu expresso, Nina maneou a cabeça em direção a Raul, indagando-me se eu conhecia o recém-chegado que veio morar na cidade. Olhei fingindo desinteresse e balancei a cabeça em sinal de negação, porém sabia que era uma ótima oportunidade para saber algo sobre ele, afinal, Nina adorava coletar histórias para depois repassá-las com grande facilidade. Então perguntei a ela o que se sabia a seu respeito, ao que Nina respondeu um “nada”, sem grande entusiasmo. Bem, ao menos agora eu sabia que Raul não era um mistério apenas para mim, pois já havia outras pessoas tentando coletar informações sobre sua vida. Segundos depois, Nina arregala os olhos, empalidecendo a face, Raul estava posicionado ao seu lado, com um olhar incógnito lançado em minha direção: “Posso sentar-me?”, indagou-me de modo firme e altivo, enquanto Nina se retirava assustada. Meu coração respondeu primeiro, saltando o peito. Em seguida fiquei sem voz, então tive que responde-lo fazendo menção com a cabeça. Raul sentou-se de frente para mim e eu senti pela segunda vez aquela onda de ar frio, como se, naquele momento, eu tivesse sido teletransportada para o ártico: “Você acha que eu não percebi seus olhares direcionados a mim?”. Fiquei tonta, quis vomitar, juro que desejei que um carro desgovernado invadisse a Coffee and tea naquele instante e causasse um grande estrago em sua estrutura física. Inclusive, tenho certeza que se passasse por cima de mim muito provavelmente eu não me sentiria tão esmagada como me sentia naquele momento: Desculpe-me, deve haver algum engano. Foi o que eu disse antes de fugir.

***

“Desculpe-me, deve haver algum engano”. Enquanto andava a passos largos, distanciando-me da cafeteria, fiquei repetindo minha gloriosa frase patética e questionando-me como pude ser tão burra e, ao mesmo tempo, covarde. Por que diabos eu levantei daquela maldita cadeira, deixando Raul sozinho, após soltar minha mais nova e medíocre resolução!?. “Desculpe-me, deve haver algum engano”, ora engano... não havia engano algum! E agora minha cabeça estava a ponto de explodir, com o turbilhão de pensamentos que começaram a bombardeá-la, como se eu estivesse no cume da Primeira Guerra Mundial.

***

Em casa, corri para o meu quarto e me pus debaixo das cobertas, buscando proteger-me do meu próprio corpo, que ainda estava em estado de alerta. A sensação era de como se alguém tivesse tentado invadi-lo e, após a tentativa, uma porção de luzes vermelhas houvesse disparado, sinalizando a violação. Fechei os olhos e uma nova avalanche de pensamentos aleatórios inundaram a minha mente. Lembrei de Jack, meu cachorro que havia morrido envenenado há 10 anos. Lembrei do meu primeiro beijo, na escola, com um garoto franzino, que tinha cabelos castanhos sujos e desgrenhados, e o quão foi horrível, pois não se assemelhou em absolutamente nada de como eu imaginava que seria. Lembrei de tia Dora, que morreu sem conseguir realizar seu sonho de ir a Paris e ser fotografada apontando para a Torre Eiffel.

***

No dia seguinte, fui ao trabalho com uma sensação horrível de ressaca, estava pesada e zonza, como se tivesse bebido uma garrafa de vinho sozinha na noite anterior. Enquanto datilografava o restante da pilha de documentos que estava sobre a minha mesa, meu chefe saiu de sua sala e convidou-me a acompanhá-lo, para que eu pudesse conhecer o mais novo membro e sócio da empresa. Um convite pavoroso por sinal, doutor Carlos não poderia ter escolhido um dia pior para eu dar as boas-vindas a alguém. Eu estava simplesmente destruída e em péssimas condições, meu semblante exalava minha falsa ressaca, meu corpo parecia mórbido, como se eu tivesse acabado de sair de um clássico filme de terror: “Apresento-lhe Raul, nosso mais novo sócio!”. Dessa vez não consegui me segurar, uma onda gigante de ar frio percorreu todo o meu corpo, forçando-me a correr até a lixeira e vomitar a falsa bebida da noite anterior. Naquele instante, almejei, mais do que nunca, estar enterrada a sete palmos sob a terra, imóvel, imperturbável, descansando em paz. Após recuperar-me, vi que doutor Carlos estava confuso, sem entender o que havia acontecido comigo, enquanto Raul permanecia austero. Havia naquele homem um muro intransponível, uma barreira inviolável em suas expressões. Se estávamos em uma guerra, definitivamente Raul havia triunfado. Pedi perdão aos cavalheiros e disse que havia passado mal na noite anterior, muito provavelmente por conta de algo que havia comido. Doutor Carlos mostrou-se preocupado e questionou-me se não era melhor eu voltar para casa para tirar o dia de folga, ao que recusei, garantindo-lhe que já estava bem, só precisava de uns minutos para me recompor.

***

Enquanto lavava o meu rosto no banheiro, percebi que agora sabia duas informações sobre Raul:

1.      Ele era advogado.

2.      Eu seria subordinada a ele.

Continua...

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Meu bem, na tv está tocando Arctic Monkeys, e eu sei que i wanna be yours, olhando nos meus olhos, com teus lábios vermelhos, e um vestido preto de cetim. Da janela do meu quarto, ouço as gotas da chuva escorrer, como a seiva que desliza entre as tuas pernas

Meu bem, eu sei que i wanna be yours, por cima de mim, com força, uivando como um lobo em chamas, em fogo, i wanna be yours com tuas pernas abertas, escancaradas, para receber a poesia que sai de minha língua, em todos os idiomas, i wanna be yours 

- Roberta Laíne.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Meu Deus, por que eu ainda não te esqueci?

- Roberta Laíne. 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Percebi que se tornar uma pessoa conformada é muito perigoso, pois leva consigo todos os nossos sonhos...

- Roberta Laíne. 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Você não precisa me compreender

Sei que as pessoas acham que sou ruim por parar de falar com elas e “simplesmente” sumir, sem nunca procurá-las novamente. Queria que fosse tão simples quanto parece, mas não é. Inclusive, eu nunca fiz isso por algum tipo de maldade nutrida em meu peito, egocentrismo ou o que quer que seja. E eu compreendo o fato de as pessoas não entenderem a minha maneira de conduzir a vida, pois sei que não é uma tarefa fácil entender o outro, às vezes eu também não me compreendo, mas sei que não posso desistir de mim. E, por “me conhecer”, sei que a atitude drástica que tomo é nutrida por decepções e traumas que carrego, os quais fazem meu corpo entrar no modo defesa, no meu modo defesa. Mas a verdade é que eu não odeio absolutamente ninguém, não odeio as pessoas que passaram em minha vida e, por algum motivo, fútil ou grave, pararam de falar comigo. No final das contas talvez eu seja uma das que mais sofra, por escolher passar por tudo sozinha, sem dividir minha dor, sem expô-la no rosto, a não ser aqui, nas palavras. Tomara que este velho blog me suporte até o último dia de minha vida, porque é para cá que eu corro, todas às vezes que os meus monstros me assombram, em plena luz do dia. 

 - Roberta Laíne.