— E Eugênia?
— Você não soube? Eugênia... (contorceu-se na cadeira), bem... (pigarreou), Eugênia morreu...
— Meu Deus! E do que ela morreu, Carlos?
— De poesia.
— De poesia? (perguntou espantada)
— Sim, de poesia.
— E como foi isso? (altamente intrigada)
— Não sei muitos detalhes. Você sabe, desde nova ela
lia aqueles livros estranhos, “Lira dos vinte anos”, “Livro de mágoas”, era
apaixonada por um tal de Álvares de Azevedo e por aquela Florbela Espanca. E aí
foi se agarrando a um tal de Schopenhauer e depois Nietzsche e no final não deu
outra. Não suportou. Disseram-me que ela foi achada, já sem vida, com um papel em que estava impresso o poema "Ismália", do Alphonsus de Guimaraens. E eu vi com os meus próprios olhos, estava lá escrito, em seu atestado de óbito, Eugênia havia
morrido de poesia.
Com carinho,
Roberta Laíne.
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