quarta-feira, 26 de julho de 2023

Às vezes tenho vergonha da maneira como sinto as coisas, de modo absurdamente intensificado. Quando eu me apaixono, sinto como se houvesse inúmeras explosões dentro do meu corpo. Quando amo, sinto cada átomo. É por isso que quando tenho muitas coisas a dizer acabo não falando nada. Eu me calo, e apenas sinto & sinto. Sinto tanto que chega a doer o peito, dá-me calafrios, & náuseas, como se eu fosse um barco à deriva em alto-mar. Eu queria pedir desculpas ao mundo por sentir tanto.


Com carinho,


- Roberta Laíne.

domingo, 23 de julho de 2023

Queria me apaixonar como as outras pessoas se apaixonam e não como os poetas, as putas e os alcoólatras.

Você me dar náuseas, baby. 


- Roberta Laíne. 

segunda-feira, 10 de julho de 2023

De tudo o que já abri,

Portas

Latas

Caixas

Pernas


A mais foda de todas 


foram Livros.


- Roberta Laíne. 

quarta-feira, 5 de julho de 2023

O Breno? 

Faz tempo.

Sempre nos desencontramos, por todos os motivos do mundo, dos mais frívolos aos mais severos. 

Mas ele sempre me procura, não como o caçador busca a caça, mas como o céu busca as nuvens. 


E eu não sei explicar, mas sei que sinto algo por ele, o que é bem raro. 


E também sei que dos poucos homens com os quais eu já me envolvi, ele seria o único para o qual eu abriria minhas pernas novamente, para que ele entrasse em mim, porque eu gosto da maneira com que ele entra em mim. 


não como o caçador busca a caça, mas como o céu busca as nuvens. 


- Roberta Laíne.

sábado, 1 de julho de 2023

— E Eugênia?

— Você não soube? Eugênia... (contorceu-se na cadeira), bem... (pigarreou), Eugênia morreu...

— Meu Deus! E do que ela morreu, Carlos?

— De poesia.

— De poesia? (perguntou espantada) 

— Sim, de poesia.

— E como foi isso? (altamente intrigada)

— Não sei muitos detalhes. Você sabe, desde nova ela lia aqueles livros estranhos, “Lira dos vinte anos”, “Livro de mágoas”, era apaixonada por um tal de Álvares de Azevedo e por aquela Florbela Espanca. E aí foi se agarrando a um tal de Schopenhauer e depois Nietzsche e no final não deu outra. Não suportou. Disseram-me que ela foi achada, já sem vida, com um papel em que estava impresso o poema "Ismália", do Alphonsus de Guimaraens. E eu vi com os meus próprios olhos, estava lá escrito, em seu atestado de óbito, Eugênia havia morrido de poesia.

Com carinho,

Roberta Laíne.