segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Estou escrevendo porque desconheço outra maneira de desaguar, há nuvens carregadas ao meu redor, e uma chuva de palavras aqui dentro de mim; tenho muito o que dizer, mas dizer me doi tanto, dizer me rasga violentamente.
Queria ter permanecido analfabeta, queria não saber escrever, queria controlar minhas mãos e não vomitar todas essas palavras que se esgueiram em sair da minha boca, dos meus olhos, dos fios dos meus cabelos e de todo o meu corpo... Mas a memória me ganha, não dá para esquecer a melhor e a pior coisa que aprendi em toda a minha vida: escrever...
Escrever me ganha, as palavras estão acima de mim, e me punem, pois o mundo ao meu redor se amontoa em palavras, são tantas frases, letreiros, vocábulos soltos, sussurros, são tantos ganchos para eu expressar tudo o que tem aqui do lado de dentro, do lado de dentro do ser humano só tem palavras... Cada personagem tem um nome, cada nome carrega uma narrativa e cada narrativa é constituída de um universo de palavras...
Eu me rendo, eu me rendo porque estou aqui, mais uma vez, me derramando em versos, eu me rendo porque não tenho forças para viver em um mundo onde não haja poesia, eu me rendo porque eu preciso desse veneno em meu corpo, preciso nem que seja para rabiscar a minha vida com meias palavras, do contrário nada faria sentido, nada teria real valor em haver. 
Poesia, dor, e amor, eu me rendo, eu me rendo para que vocês sempre caminhem juntas, eu me rendo para eu existir, pois se não fossem essas palavras que me matam, eu jamais estaria viva.

- Roberta Laíne.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Querido papai...

Queria muito escrever uma carta para papai, mas tem alguma coisa que não me deixa, sinto como se algo prendesse meus dedos e impossibilitasse minhas mãos - sinto-me impotente. Mas queria muito escrever a papai, e dizer-lhes das poucas coisas boas que me aconteceram, afinal, de que servem as cartas se não para contar as boas notícias? Não teria coragem de escrever reclamando das coisas aqui na terra e, provavelmente, deixando-o preocupado com os meus pensamentos e barbaridades que sinto, eu sinto muito, ela sabe que eu sinto muito, eu sinto demais.
Mas queria, queria muito escrever a Ele, talvez eu inventasse dias felizes, ou quem sabe mandaria algo subliminar com um trecho de "A paixão segundo G.H" de Clarice: "Dá-me tua mão..." Ah! Como sinto falta da sensação de proteção, como sinto falta de meu pai!
O mundo parece querer desabar... O mundo parece querer desabar em mim... O mundo parece querer desabar em minha poesia. 
Queria tanto escrever uma carta ao meu velho pai, queria tanto lhe pedir que me acalmasse, que limpasse minhas lágrimas e me pusesse no colo, acalentando minha alma enquanto me tira de de baixo dos escombros de minha vida. Ah, meu velho pai, sinto tanto medo, por que não cantas para eu dormir? Como quando fazia quando eu era tua peteca, inábil para lidar com a vida, eu era apenas tua peteca, sem cruz, sem pesadelos, sem culpa, sem medo de mim. Ah, papai! Dá-me tua mão, afaga meu peito, cobre minh'alma, me põe para dormir...

- Roberta Laíne. 

Campo minado

Pago um alto preço por ser honesta com as pessoas e comigo mesma... Num mundo de paisagens, eu sou a bomba que explode sobre o rosto dos que estão despreparados...

- Roberta Laíne.