quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Querido papai...

Queria muito escrever uma carta para papai, mas tem alguma coisa que não me deixa, sinto como se algo prendesse meus dedos e impossibilitasse minhas mãos - sinto-me impotente. Mas queria muito escrever a papai, e dizer-lhes das poucas coisas boas que me aconteceram, afinal, de que servem as cartas se não para contar as boas notícias? Não teria coragem de escrever reclamando das coisas aqui na terra e, provavelmente, deixando-o preocupado com os meus pensamentos e barbaridades que sinto, eu sinto muito, ela sabe que eu sinto muito, eu sinto demais.
Mas queria, queria muito escrever a Ele, talvez eu inventasse dias felizes, ou quem sabe mandaria algo subliminar com um trecho de "A paixão segundo G.H" de Clarice: "Dá-me tua mão..." Ah! Como sinto falta da sensação de proteção, como sinto falta de meu pai!
O mundo parece querer desabar... O mundo parece querer desabar em mim... O mundo parece querer desabar em minha poesia. 
Queria tanto escrever uma carta ao meu velho pai, queria tanto lhe pedir que me acalmasse, que limpasse minhas lágrimas e me pusesse no colo, acalentando minha alma enquanto me tira de de baixo dos escombros de minha vida. Ah, meu velho pai, sinto tanto medo, por que não cantas para eu dormir? Como quando fazia quando eu era tua peteca, inábil para lidar com a vida, eu era apenas tua peteca, sem cruz, sem pesadelos, sem culpa, sem medo de mim. Ah, papai! Dá-me tua mão, afaga meu peito, cobre minh'alma, me põe para dormir...

- Roberta Laíne. 

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