segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Estou escrevendo porque desconheço outra maneira de desaguar, há nuvens carregadas ao meu redor, e uma chuva de palavras aqui dentro de mim; tenho muito o que dizer, mas dizer me doi tanto, dizer me rasga violentamente.
Queria ter permanecido analfabeta, queria não saber escrever, queria controlar minhas mãos e não vomitar todas essas palavras que se esgueiram em sair da minha boca, dos meus olhos, dos fios dos meus cabelos e de todo o meu corpo... Mas a memória me ganha, não dá para esquecer a melhor e a pior coisa que aprendi em toda a minha vida: escrever...
Escrever me ganha, as palavras estão acima de mim, e me punem, pois o mundo ao meu redor se amontoa em palavras, são tantas frases, letreiros, vocábulos soltos, sussurros, são tantos ganchos para eu expressar tudo o que tem aqui do lado de dentro, do lado de dentro do ser humano só tem palavras... Cada personagem tem um nome, cada nome carrega uma narrativa e cada narrativa é constituída de um universo de palavras...
Eu me rendo, eu me rendo porque estou aqui, mais uma vez, me derramando em versos, eu me rendo porque não tenho forças para viver em um mundo onde não haja poesia, eu me rendo porque eu preciso desse veneno em meu corpo, preciso nem que seja para rabiscar a minha vida com meias palavras, do contrário nada faria sentido, nada teria real valor em haver. 
Poesia, dor, e amor, eu me rendo, eu me rendo para que vocês sempre caminhem juntas, eu me rendo para eu existir, pois se não fossem essas palavras que me matam, eu jamais estaria viva.

- Roberta Laíne.

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