terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Depois que eu escrevi, meu coração começou a bater mais devagar, livre... eu estava livre dos demônios que me amedrontavam. Escrever para mim sempre foi um ato de liberdade, mesmo que eu sempre tenha parado para me perguntar se liberdade existe de fato. De qualquer forma, ou por qualquer motivo, eu sentia a palavra vibrar em mim, conseguia sentir todas as letras, o L, o I, o B, o E... liberdade, eu estava livre daquilo que fazia meu corpo agonizar, se retorcer e rolar de um lado para o outro na cama, eu estava livre, pois escrever para mim sempre foi um ato de alívio, de candura, é como acordar depois de uma profunda e tranquila noite de sono, abrir as janelas e deixar os raios do sol incidir sobre sua pele, atravessando o coração e tocando a alma. Escrever para mim é atravessar o coração e tocar a alma, tênue e silenciosamente, como o raio de sol. E depois sentir-se milagrosamente livre, porque escrever foi a única maneira que encontrei de sobre(viver).

- Roberta Laíne.
Eu sinto meu corpo desmoronar, como quando alguém fala alguma coisa muito ofensiva a nós e não contemos as lágrimas. Eu sinto que estou perdida no meu próprio universo particular, no qual não existe absolutamente nada nem ninguém, apenas eu. Eu sinto que perdi a capacidade de sentir, não sinto pouco, não sinto muito, apenas não sinto nada. E, talvez isso seja a depressão falando essas coisas. De qualquer maneira, ela ou não, isso tudo é o que há de mais genuíno em mim. E o mais intrigante, sem dúvida, é essa minha capacidade de nem me matar por completo, nem viver plenamente. Eu estou exatamente entremeios, e esse equilíbrio, por mais paradoxal que seja, não representa o equilíbrio de absolutamente nada. Eu não sou segura, eu não estou segura, não há segurança alguma quando o assunto sou eu.

Com carinho,

- Roberta Laíne.

sábado, 1 de fevereiro de 2020

O perfume dela lembra a última pessoa que senti algo verdadeiro, ela tinha câncer e eu também. Mas o dela era no corpo, o meu na alma. Ela ficou curada, eu não.

Engraçado, eu nunca senti o perfume dela. Foda-se, eu imaginava...

- Roberta Laíne.