domingo, 13 de agosto de 2023

Querido diário, 


Estou com saudades.


Pai, lembrar-me de ti hoje fez com que algumas lágrimas deslizassem pelo meu rosto… Quando comecei a escrever, há mais de 10 anos, eu era apenas uma adolescente tentando entender por que as pessoas mentiam, matavam, e compactuavam com coisas ruins. Porém, pouco tempo depois, precisei escrever para não morrer junto contigo. Quando você se foi não aceitei a tua partida, então colapsei. Na época, fiz várias cartas a ti, esperando por respostas; inclusive, as cartas mais lindas que já escrevi foram todas endereçadas a você. Às vezes, o conteúdo era banal, eu falava sobre o tempo, sobre o vento, sobre poesia. Noutras, eu me encontrava absurdamente desesperada, pois a depressão estava perfurando o meu peito e inundando a minha alma. Lembro-me que em uma delas citei que sentia falta de quando você entrava em meu quarto, altas horas da noite, só para ver se eu estava dormindo. Em algumas dessas vezes, você me pegava com o notebook ligado e um caderno cheio de anotações, então você olhava para mim e dizia: “Vá dormir, Peteca”. E depois disso sorria ternamente. Pai, queria que soubesse que eu ainda sinto falta de você entrando em meu quarto e pedindo para eu ir dormir e acredito que, independente da idade que eu tenha, sempre vou sentir falta disso. Sou agarrada em detalhes, e é por isso que eles me fazem tanta falta. Neste exato momento, choro uma saudade oceânica, que não cabe no corpo que decrépita. Sinto a tua falta todos os dias desde a tua partida, e o fato de eu ter cessado as cartas não significa nada. Um dia, pai, quando minha estadia aqui na terra chegar ao fim, e eu te reencontrar, vou te abraçar por uma década, só pra ti sentires que, a melhor coisa que aconteceu em minha vida, foi ser tua filha. Eu te amo nesta, nas anteriores, nas futuras e em todas as vidas que eu vir, 


Com carinho,


Peteca.

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