terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Como quando fodemos e fazemos amor ao mesmo tempo...

Tentei começar esse texto de várias maneiras, mas apaguei uma porção significativa de começos, e aqui estou tentando outra vez, mesmo que o que eu tenha para dizer seja inenarrável, mesmo que o que eu tenha para proferir perpasse entre o indizível e ao que necessita da presença de um zilhão de palavras, esgotando o dicionário. Transamos. Não, não transamos. Fodemos. Sim, fodemos pra cacete! E eu descobri um personagem em mim que jamais havia atuado, pois nunca havia fodido com alguém pela perspectiva violenta em que fodemos. E isso me assusta absurdamente. Digo, a maneira como manejamos a coisa toda, como me comportei sexualmente enquanto o corpo dela produzia perguntas e o meu respostas, foi surpreendentemente surreal. Ela sabia foder, ela soube foder. Ela soube dizer tudo o que precisava ser dito, e o que eu não sabia dizer, ela soube me levar até o caminho da fala, do sussurro, das palavras de baixo calão que vibraram em alta frequência. Eu soube foder. Eu soube fodê-la. Eu soube fazer tudo o que precisava ser feito, e quando eu não sabia, ela soube puxar a minha mão e levá-la violentamente até o seu rosto, e pedir que eu a machucasse sem dor, sem medo, como quando jogamos enfurecidamente um copo na parede e o vidro estardalhaça, emanando um som desesperadoramente bonito, limpo, como nos filmes. Eu não sabia que eu sabia ser outra, eu não sabia que eu sabia foder gostoso e fazê-la puta. E fazê-la molhar os meus dedos, a minha boca, e matar a minha sede. E ela também não sabia. Soubemos na hora. Soubemos enquanto fodíamos. Soubemos enquanto ela se abria para mim, e eu escancarava as suas pernas, acessando o seu corpo, com meus dedos, com minha língua, com minha alma. Gozar foi insignificante, gozar foi a parte menos abrasadora, gozar foi apenas consequência, a causa foi muita mais violenta, a causa foi muito mais gostosa, a causa fez eu enforcá-la e fodê-la com força, com muita força, com tanta força que poderíamos mover a terra, inclinando-a para o infinito, fazendo o universo expandir mais rapidamente, após atravessarmos a atmosfera e nos perdermos entre a luz das estrelas, recriando o universo.

Com carinho,

- Roberta Laíne.

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