sábado, 19 de março de 2011

O Som da Chuva






Alguma vez você já parou para se perguntou qual seria o som da chuva?
Hoje parei a interrogar-me que som seria e decidi ansiosamente esperá-la, para vislumbrar a escuta desse mistério. Tarefa fácil, pois aqui é inverno.

Eis o início...
Ao longe vi formando-se pesadas nuvens, logo após, um clarão, e entoou-se um feroz barulho, era um trovão, que anunciava a vinda da chuva, rapidamente corri e pus em minhas mãos papel e caneta, pronta a escutá-la e descrevê-la, e assim se sucedeu...
As primeiras gotas...
Começou inibida, como quem tem medo de por ali passar, um som de queda de pedrinhas de miçanga, gota por gota, como quem as derruba no ápice da distração, um som agradável, todas as gotículas em sinfonia, e tomando posse das sinestesias, parecia ter gosto de chá de camomila, acalmou minha alma, alivia. No entanto num curto prazo de tempo tornou-se mais grosseira, foi-se embora a calmaria, agora pareciam mais agulhas, inúmeras agulhas como quem insiste em furar algo, furar lento e letargicamente, pingos fortes e algozes, som de frigideira com pouco óleo que queima a comida.
Houve um raio...
e o barulho do trovão fez com que a chuva ficasse mais furiosa, agora, som de constante queda d’água, comparo ao de uma cachoeira; um boom incessante como em guerra, parecia que lutava consigo mesma, algo bem estranho e hipnótico, não consegui nesse momento lubrificar minha retina, não me permitia piscar, euforicamente precisava vê quem sairia campeã de uma guerra contra si própria, nunca vi nada igual, chuva com som de inúmeras metralhadoras ensurdecedoras. Som de Violoncelo desafinado e orquestra sem sinfonia.
Ao passo que se segue...
Houve rajadas de vento que inibiu o som de guerra, uma trégua, parecia que o vento roubava a chuva e a chuva roubou, levou embora com ele, e voltou aquele som de miçangas, agora caindo em chão de vidro, tornou-se mais amena, cessou guerra, boas vindas à paz, e retorno do sabor de camomila, agora com som de isopor em queda, um som quase inaudível, lento e suave. Dei uma piscadela, e meu deus como efêmero foi, se foi, mal lubrifiquei minha retina e a chuva deu-me adeus e terminou, com barulho de isopor, lento e imperceptível, deu-me Adeus.

Roberta Laíne.

4 comentários:

  1. muito belo.envolvente.Vou prestar mais atenção na chuva, agora!

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  2. se você fizer isso eu ficaria mt mais mt feliz mesmo, olhe-a '-' é de graça, é sublime, se puder pegue-a lave a alma e sinta uma leveza dentro de seu ser e acredites maurício, nada, mais nada, paga o valor de sentir a natureza!

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  3. Esse é o dom de sermos humanos: possuir uma razão que mesclada a emoção proporciona os mais ilustres atos para sentir a vida; e assim na vida poder refletir e expor nossos reflexos como tal à escrita.

    Bela reflexão,
    Saudações!G.S.M S/E

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  4. e nada que incessantes escritas para quem delas conseguem chegar a eloqüência, e eliminar as cegueiras de nossa vasta humanidade. Muito obrigada por ter lido e pelo comentário,sempre que vens aqui sinto-me feliz, obrigada Geo '-'

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