quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Assisto 3 filmes por dia, raramente arrumo o cabelo, dificilmente procuro uma roupa diferente pra vestir. Não me olho mais no espelho, tenho medo do que vejo. Como pouco, vivo pouco, pouco é uma palavra que me é muito. Às vezes assisto TV, na verdade ligo a TV e desligo em seguida, a TV ultimamente anda sendo um acúmulo de séries e filmes de terror. Durmo bastante, agora leio pouco, meus remédios me impedem a concentração, e se me concentro logo tenho a ânsia de me desconcentrar. Não vivo na realidade, sou desfocada, deslocada, desolada. Não sou triste, nem feliz, eu apenas sou, mas também não sei definir o quê. Meu peito pesa, o coração bate atrasado e vezes se apressa, sou calma e desesperada, sou mais desesperada que calma, mas sou silêncio, sou calada, não falo, não pronuncio, não balbucio, não puxo conversa nem qualquer tipo de assunto, não que eu não tenha o que falar, é que tenho muito o que dizer. Não gosto da cor rosa, odeio ir ao supermercado, ando de cabeça baixa, falo sozinha ou com meus fones, acredito em Deus, mas em nenhum ser humano. Amo animais, queria ser um passarinho ou uma andorinha, converso com flores, queria ser um ninho. Tenho medo do escuro, durmo de abaju, a porta sempre entreaberta, pois se por acaso algum monstro entrar terei uma brecha pra sair, é uma tática bem esquisita. Às vezes tenho pesadelos e acordo suada no meio da noite, tem noites que nem durmo e tenho pesadelos, tem noites que deito só pra molhar o travesseiro. Não gosto da minha colcha de cama, ela tem um detalhe rosa e como já disse tenho problemas com a cor. Sempre rezo antes de dormir, sempre acordo com a sensação de mais sono, sempre sonho. Às vezes sonho com pessoas que nunca vi, tem vezes que sonho com mundos paralelos, tem sonho que me dá vontade de chorar e o dia começa mal, outros da vontade de sorrir e começa bem. Gosto de idosos, acho pele enrugada bonita, gosto de pessoas de cor negra, não tenho medo de pessoas que a sociedade rotula de "mal encaradas" ou "mal vestidas", o problema do mundo é que ele anda colocando a palavra "mal" antes de tudo, hoje em dia tudo é, mal pago, mal educado, mal humorado, mal criado, mal mal mal. Não gosto de pessoas que se vestem demais, não gosto de meninos mais, não gosto do que estou escrevendo, não gosto de finais. Tenho medo de chuvas, de florestas, morro de medo do mar. Gosto de comprar livros e nunca abri-los, gosto de capas, papel de presente, palito de picolé, tenho medo da água do planeta acabar, gosto de ler Shakespeare, mas isso não me faz intelectual. Ainda penso em Álvares de Azevedo, não gosto de Almeida Garrett, acho fascinante a cara de nojo de Lispector e leio escondida Paulo Coelho. Não sou alguém importante, mas me importo com alguém, tenho vestido mas não uso, parei de tomar café.

Sou sempre consequência e nunca a causa.
- roberta laíne.

Nenhum comentário:

Postar um comentário