sábado, 10 de setembro de 2022

Um dos meus maiores sonhos é poder construir uma família com uma mulher, do tipo clichê mesmo, como casar, ter filhos, contas mensais a pagar, e discussões das quais não estaríamos isentas. Mas, a cada dia que passa, eu vejo este sonho se dissipar como uma nuvem, a qual tento agarrar com as mãos, contudo é impossível, pois ela sempre esmaece. É muito doloroso, a mim, sentir que, ao invés de estar perto da realização de um sonho, na verdade, estou ficando a cada dia mais longe, a ponto de minha vista não alcançá-lo mais. Queria acreditar que talvez, um dia, eu consiga encontrar alguém com quem eu possa construir algo, sem precisar sofrer tanto, sem precisar ser tão atordoada pelos meus monstros e traumas, sem precisar me tornar agressiva com as palavras, gestos ou com o meu olhar, sem precisar do passado. Mas tudo o que consigo visualizar é minha solidão, afinal de contas, onde que eu iria conseguir encontrar uma pessoa sem passado? Ou uma mulher que nunca tenha transado com homens? Por que eu odeio homens? O que eles me fizeram? Por que luto há anos contra isso e nunca consegui superar? Isso sou eu? É por isso que é intransponível?. Estou profundamente triste comigo e esta tristeza é muito comum a mim, nunca abandonou-me, sempre carreguei-a em tudo, em meu olhar, em meus gestos, nos movimentos do meu corpo, ao deitar antes de dormir. Inclusive, sempre que acordo, a primeira roupa que visto é ela, essa maldita tristeza crônica, que me acompanha desde criança e que me diz coisas absurdas ao meu respeito. Esta tristeza que, mesmo que eu morra, jamais sairá de perto de mim, pois ela é além-mar, supradimensional, em expansão com o universo, religiosa-e-eterna e para sempre e para s e m p r e.

- Roberta Laíne.

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