domingo, 25 de setembro de 2022

Obrigada por ter me acolhido ontem, eu estava tão perdida, minha cabeça estava dando voltas e mais voltas, e aquelas várias vozes que me perseguem não silenciavam, estavam aumentando absurdamente a intensidade e me deixando surda, eu estava zonza, e os últimos acontecimentos de minha vida faziam a minha cabeça pesar, envergando o meu corpo. Eu me encontrava em uma espiral de pensamentos torturantes, aos quais me davam náuseas, fazendo o meu corpo sucumbir. E, por incrível que pareça, eu não queria fazer besteira, eu não queria me mutilar e nem cometer suicídio, porque ainda não era a hora. O dia em que eu morrer será muito claro, não será noite, e fará um sol escaldante, com raios translúcidos vindos do céu, flores de ipê rosa cobrirão o chão e a tarde terá cheiro de café que acabou de ser passado. Ninguém ficará triste, não haverá sombras, apenas luz. Foi o que disse a ela ontem, deitada em sua cama. E senti quando suas lágrimas molharam meu peito, pois, no final das contas, ela sabe que ninguém pode fazer absolutamente nada a respeito disso. Na verdade, só o fato dela não ter se negado a estar em minha presença, é muito, é grandioso, pois eu precisava ir a algum lugar/pessoa/abraço que me acolhesse e fizesse eu me sentir segura, aceita e protegida. Eu não precisava ser julgada naquele momento. E sei que é obrigação minha lidar sozinha com os meus problemas, afinal, foi eu quem os busquei, mas eu precisava de alguém, eu precisava de ajuda e por mais que minha presença também fosse motivo de dor, por saber que eu não sou mais inteiramente dela, eu precisava de Ivane, pois naquele momento eu "era apenas o frágil, feio e aflito Flicts."

- Roberta Laíne. 

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