quinta-feira, 7 de maio de 2020

Estava me sentindo inteiramente triste, atolada de sentimentos confusos e perturbadores, o mundo lá fora refletia aqui dentro. Eu sentindo frio e cansaço, era no corpo, era na alma, era no sal e no sol que faltava nas paredes de minhas células. Uma necessidade extravagante de carinho, de afeto, de mãos entre os fios dos meus cabelos que pudessem amenizar toda e qualquer coisa, o peso de existir. Eu estava exausta, esvaindo aos poucos, deitada em minha cama comecei a acariciar os meus cabelos, minha testa estava suada, limpei com cuidado, fiz-me carinho, acalentei-me, e de repente, quando tomei por mim estava tranquila, quieta, como um bebê que dorme após ser amamentado. Eu estava tão minha, era minha, mais minha do que nunca fui, e como era bom! Como era bom me ter novamente, tocar-me, sentir-me, está em mim, apenas em mim, eu estava de volta! Ah, como era bom estar de volta! Recoberta de carinho, de afeto, de sentimentalidades, tudo tão ameno, tudo tão sereno, o mundo lá fora não me atingia mais, apenas o mundo aqui dentro, minhas células comportadas, prontas para dormir. Puxei o lençol e embrulhei-me, beijei-me ternamente, acariciei de último os cabelos e me pus para dormir. Dormi calma como o fundo de um oceano, em mim tudo era atlântico, sob corais nadei o universo, coberta de mim eu era minha, tão minha, só minha, e de mais ninguém.

- Roberta Laíne.

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