sábado, 11 de janeiro de 2020

Se você está lendo isso é por que não conseguiu ir embora

Leia com atenção, é minha última carta a ti, me despeço, fica com Deus.

Sabe, não adianta me bloquear, pois estou na tua cabeça, e fazer isso só ratifica ainda mais o quão você não sabe lidar comigo, e nem com você mesma, não em relação a nós. Você nunca admitiu com palavras precisas que estava apaixonada por mim, mas admite de outras maneiras, com atitudes, e com outras palavras também. Ainda vai demorar um pouco até que nossas forças energéticas se estabilizem e voltem ao que éramos antes de nos conhecermos, para que possamos nos deixar ir, em paz. Você sabe que ainda não foi, não se permitiu ir, não totalmente, e eu igualmente, ainda estou aqui debruçada nessas palavras, porque talvez não estejamos prontas para fazer o que precisa ser feito. No entanto, a partir de hoje, eu desconecto a tua poesia de mim, não me cabe mais te deixar presa em minhas palavras, eu vou, mas talvez eu volte, num sábado de chuva como hoje, ou em uma prateleira na forma de livro, ou não, eu simplemente morra na desintegração da memória, tenho medo de te esquecer. Contudo estou feliz, pois, diferentemente do que houve com Cássia, eu sei que você está viva, tem alguém ao seu lado para dar um beijo de boa noite e saber que aquela pessoa acordará ali, ao teu lado. Aqui, aceito viver nosso "brilho eterno de uma mente sem lembranças", assim, me despeço, fica com Deus, tu.

- Roberta Laíne.

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