quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Você me fode em silêncio


Gostaria de sentar a tua frente, olhos nos olhos, mãos sobre mãos, você não pode mais fugir. Fica. O relógio incomoda ao trabalhar. Gostaria de te pôr contra a parede, tua boca sobre, entre, fora, dentro, comprimida a minha. Silêncio. Disse com os olhos coisas de amor. Tiro a tua roupa e deixo a casa toda nua, a lua na rua, os móveis excitados, você me chamou de amor pela primeira vez, em meio ao meu ouvido e boca, você congela. Vida. Que verso perverso, eu estava sonhando, você não é minha. Você venceu outra vez. Tu és só tua, dele, dos outros, de todos, mas não minha, não nunca. Sempre. A poesia que tu me roubas é algo que nunca passará, eterna, é algo meu, de mim para ti, para sempre, uma nódoa, uma carta de amor datilografada, um copo de vinho. Um erro, o maior erro, eu sou teu maior arrependimento. Fica. Volta. Vai, mas por favor, nunca mais retorna ou olha para trás.

- Roberta Laíne.

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