Vou lhes contar uma história:
Eu tinha lá pelos meus 10/11 anos quando papai saiu para vistar titio Pedro, que gostava de passarinhar, e, não contente em deixar papai ir sem mim, bati o pé e me pus a berrar, me autoconvidei, papai sorriu e levou-me junto à casa de titio Pedro, que, neste dia, não iria passarinhar.
Quando chegamos lá era pia e piar para tudo quanto era lado, no teto, em jaulas embaixo, na sala, e no quintal, tudo piava, tudo emita um som, então saí analisando por completo aquela casa, quando me deparei com um teto que não piava, olhando para cima, vi que era um sabiá que bailava triste em uma gaiola pendura no teto na varanda. Parei e pensei:
"O que será que tem esse sabiá? Não sabe mais assobiar? Nasceu sem saber? Ou desaprendeu ao se engaiolar?
Longe dos olhos do titio e de papai, que tomavam café na cozinha, comecei a cutucar aquela gaiola e dizer: Canta! Canta Sabiá! Porém nada saía, o sabiá não queria mais nem pular, quanto mais cantar. Encucada com aquilo tive uma ideia brilhante, já que não queria cantar, ao menos poderia dizer-me do que se tratava, e mais uma vez cutuquei a gaiola e disse: "Me fala, me fala o que você tem sabiá".
Porém mais uma vez de nada adiantara, o sabiá não me respondeu, eu já estava irritada e ao mesmo tempo triste junto com aquele pobre pássaro que parecia chorar... Ainda longe dos olhos de tio Pedro e papai, fiz uma última tentativa para animar o sabiá...
Algumas horas se passaram e papai chamou-me, disse-me que já era hora de ir embora, sorridente pedi a benção de tio Pedro, agarrei-me em papai e fomos para casa.
No entardecer do outro dia, titio Pedro apareceu de visita em casa para contar uma tragédia para papai, e me pus a escutar, titio pedro disse que o seu sabiá que ele tanto gostava tinha desaparecido misteriosamente de sua gaiola. Ninguém o viu, ninguém o soube velar, titio procurou por toda a casa, até dentro da barriga do gato que por lá transitava, mas nada, nada do sabiá. Corri para meu quarto e comecei a sorrir, pois mal sabia titio que minha última tentativa fora pegar dois banquinhos, pôr um em cima do outro e do alto abrir a portinha da gaiola pondo o sabiá para fora, que, desde que saiu pela aquela pequena porta, para sempre fora embora, cantarolando sem parar...
- roberta laíne.