segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Eyes on fire...

Insano,

...

Um quarto que chovia poesia demente, o seu quarto. Escárnios e zombarias faziam os móveis quando entrei em tua casa e direcionei-me ao teu abrigo, naquele momento, correntes absurdas me trancafiaram e fizeram explodir todos os riscos do desenho de meu corpo...
Teus lábios rosados tomaram todos os verbos que os meus poderiam proferir, eu mal entrei e já estava trancada, presa em tua confusão absurda e doentia, era sombrio como sorrias para mim, quase que explodindo por dentro um pedido agridoce de socorro, enquanto o tempo fazia um percurso morno e fraudulento, tudo conspirava a ti, até o momento em que me destes um molho de chaves na cabeceira de sua cama. Eras tu uma algoz boa? Ou isto fazia parte de um plano bem pensado? Me destes um molho de chaves e a escolha de tentar uma após uma até encontrar o encaixe perfeito, e, desse modo, abrir as correntes que me detinham desde a hora que adentrei em teu quarto. Porém, minha insanidade falou mais alto, joguei o molho pela janela que dava em um abismo impenetrável, só pra não correr o risco de me libertar covardemente dessa flor inconsequente, insólita, e lúgubre que brotara em mim, desde que cruzei com os teus olhos acastanhados.

Por que?
Me perguntei apenas para cumprir o papel dos sentimentos culpados, mas eu não queria resposta, já habitava em meu ser uma espécie de equilíbrio desregrado, com regras desequilibradas, sustentando a falta de lucidez de minha retina apaixonada. Eu não tinha mais um molho de chaves, muito menos a esperança de o ter, eu só tinha o brilho dos teus olhos acastanhados que ofuscava qualquer imagem, via apenas as fagulhas, de um fio condutor que transladava para partes absurdas de meu corpo, completando-me de um vazio absurdo; um vazio de pudor, de ideias, um vazio do próprio vazio que pairava pelo ar...
Em passos falsos, conduzi-me até a janela para despedir-me de minha sorte, tentando imaginar naquela escuridão ininterrupta o maldito molho de chaves, que joguei no alvoroço de minha paixão pelos teus olhos, alagados de um castanho claro. E, quando eu mais carecia de razão, tudo o que minha retina conseguia ver era o amarelo queimado de teus fios de cabelos, mais claros que a esperança...

Insano,

Insano este verso,

Insano de minha parte,

Insano teu quarto banhado de luz e eu presa ali,

Insano jogar em abismo a única saída: o molho de chaves.

Insano de você.

Insano de minha parte.

- roberta laíne.


Nenhum comentário:

Postar um comentário