sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Eu sabia, Carlos. Ela tentava me esconder, mas dava para ver que havia um negócio de poesia dentro dela. Ela via, ouvia e sentia o mundo de uma maneira diferente das outras pessoas. Eu não dizia nada, porque não entendo dessas coisas, mas eu sabia. Sabe esse negócio de se autoconhecer? Pois então, eu acho que ela sabia demais sobre ela mesma. Sabia tanto que, às vezes, nem sobrava espaço para dizermos algo que ela não soubesse sobre si. Mas é como eu te falei, eu não entendo dessas coisas, por isso ficava na minha. Às vezes, até desejava que a poesia fosse embora, que saísse do corpo dela, então ficava à espreita, à espera de alguma oportunidade. Mas não tinha dessa, não. Nela, tudo era poesia. Do corpo à alma. Do início ao fim.

Com carinho,


Roberta Laíne.

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