terça-feira, 23 de agosto de 2022

Caro leitor(a), alguma vez, em sua vida, você já sentiu que todos os problemas do universo são por sua culpa? É que é assim que eu me sinto ultimamente, pois tudo em que há a minha participação termina mal, como se todos os males, do mundo inteiro, estivessem em mim, você já se sentiu assim?. Domingo passado, por exemplo, houve uma briga em minha casa, iniciada por mim, a qual deixou-me extremamente mal, tão mal a ponto de me machucar, violando o meu próprio corpo. Hoje, ao terminar minhas aulas, fui chamada pela proprietária da escola, pois ela verificou nas câmeras que os alunos não paravam quietos, insinuando que eu não havia dado a minha aula. Inclusive, disse que faria uma ocorrência. Eu sorri incrédula, respirei fundo e perguntei olhando em seus olhos: “Deixa eu ver se entendi, a senhora está dizendo que, eu estudei por 12 anos, somando ensino fundamental e médio, mais 4 anos de faculdade, sem contar com o fato de que estudo todos os dias antes das minhas aulas, e a culpa de os alunos não prestarem atenção na aula é inteiramente minha?”. Após ter fechado minha boca, até eu fiquei impactada com minha resposta. Claro que ela ficou totalmente desarmada e na sequência se perdeu no intuito final, que era a ocorrência, e a tentativa de provar que eu não era uma professora firme, dentro de sala de aula. Então, depois de várias trocas e de seu intento deplorável de me convencer que o problema era comigo, já que deixou claro que ele só acontecia em minha aula, mostrei para ela, na tv que transmitia a imagem das câmeras, os mesmos alunos repetindo as atitudes em sala, conversando, usando o celular e desrespeitando a figura do professor. Por fim, desarmada, ela terminou dizendo que aquela história era para morrer ali e que iríamos reverter a situação. De qualquer forma ela já tinha me afetado, já havia me premiado com mais uma culpa e aqui estou com minha cabeça dando voltas, buscando outros problemas para que eu seja culpada, achando que, sem dúvida alguma, problemas grandiosos surgiram por minha culpa, e que se eu não existisse o mundo encontraria um rumo melhor, as pessoas ao meu redor seriam muito mais felizes, pois o vento sopraria a seu favor.

- Roberta Laíne. 

Um comentário:

  1. Acho que não. E digo isso por me sentir assim também, em algumas situações. Exemplo? Dia desses, o prazo de entrega de um projeto estava chegando e o cliente ainda não havia depositado todas as informações necessárias sobre o que precisava ser feito, suas dependências e afins. Sei que sou imensamente perfeccionista e o fato desse atraso que, agora, reconheço ter sido dele, começou a embrulhar minha cabeça como névoa de incerteza e um certo kaos (sobre isso, veja Mautner e Lorentz). Isso acabou comigo. Fiquei pensando "será que a culpa foi minha por não ter cobrado mais?", "será que eu errei em não ter feito de outra forma?"... Mas, sabe, depois disso, dessa maré morta, conversei com minha terapeuta e vi que essa atitude, da culpa absurda sobre mim mesmo, não é nada saudável. Entre-tanto, é difícil lutar contra certos demônios. Viver é perigoso, mas talvez seja interessante por conta disso.

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