sexta-feira, 6 de maio de 2022

Essa semana tem sido preenchida de dias muito difíceis para mim. Eu estou cansada, estou muito cansada. Na verdade, estou exausta! Exausta de adoecer, de ir ao hospital, e de ser a fraca, desde criança. Um dos meus maiores cansaços é o dos meus remédios e das minhas idas ao hospital. Quando você luta contra a depressão e ansiedade há 10 anos, chega um momento em que você fica exausta de tudo, de absolutamente tudo e todos, da sua família, de médicos, de psiquiatras, de terapeutas, diagnósticos, enfermeiros, exames, remédios, clínicas, hospitais. Você começa a ir a esses lugares se sentindo uma fracassada, um lixo, um barco cheio de buracos. Inclusive, é assim que me sinto em grande parte da minha vida, um barco cheia de buracos, que está enchendo de água a cada dia que passa, naufragando dia após dia. 

Eu estou mudando muito nestes últimos tempos, mudando para pior. Estou a cada dia mais irritadiça, estressada, ansiosa, oscilando de humor com muita facilidade e, sobretudo, deixando a ideia de suicídio entrar em minha mente como uma real possibilidade, e isso me assusta, pois eu nunca pensei em suicídio, mesmo depois de uma grande amiga ter se matado na adolescência; mesmo depois de minha namorada ter tirado a própria vida na idade adulta; mesmo depois de assistir a inúmeros outros suicídios; eu nunca quis, nunca me imaginei, porém, ultimamente, as coisas têm mudado muito em minha cabeça e tudo tem ficado confuso e desorganizado. É engraçado, nessas horas eu nunca consigo pensar em ninguém, são momentos de puro egoísmo, em que eu só consigo pensar em minha dor e não meço a dos outros, a dos que iriam ficar. Logo em seguida, minha visão fica turva, tudo fica lento, e a morte com seu hálito metálico começa a baforar em meus ouvidos convites tentadores, é incrível, é incrível como tenho ficado inebriada e cega. Eu realmente não sei o que está acontecendo comigo dessa vez, não sei o que está conseguindo me atordoar tanto, não sei por que estou regredindo absurdamente e numa velocidade espantosa, logo agora que tenho trabalho, tenho a Maria, tenho namorada, e voltei desde o final do ano passado à terapia, mas nada está surtindo efeito, eu não sei o que falta. O que falta? Que vazio é esse? Ele tem nome? Por que eu estou tão exausta? Por que está tudo tão escuro? Quem esqueceu de ligar as luzes? Dá para ligá-las novamente?. Em seu leito de morte Goethe disse: “Luz, mais luz!” e agora eu imploro: Luz, mais luz, mais luz, por favor!

- Roberta Laíne.


2 comentários:

  1. acho os seus textos lindos, acho lindo o modo como vc se expressa escrevendo. É simplesmente lindo

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    1. Fico muito feliz em saber que meus textos conseguem emanar algo bom a você <3

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