Essa semana tem sido preenchida de dias muito difíceis para mim. Eu estou cansada, estou muito cansada. Na verdade, estou exausta! Exausta de adoecer, de ir ao hospital, e de ser a fraca, desde criança. Um dos meus maiores cansaços é o dos meus remédios e das minhas idas ao hospital. Quando você luta contra a depressão e ansiedade há 10 anos, chega um momento em que você fica exausta de tudo, de absolutamente tudo e todos, da sua família, de médicos, de psiquiatras, de terapeutas, diagnósticos, enfermeiros, exames, remédios, clínicas, hospitais. Você começa a ir a esses lugares se sentindo uma fracassada, um lixo, um barco cheio de buracos. Inclusive, é assim que me sinto em grande parte da minha vida, um barco cheia de buracos, que está enchendo de água a cada dia que passa, naufragando dia após dia.
Eu estou mudando muito nestes últimos tempos, mudando para pior. Estou a cada dia mais irritadiça, estressada, ansiosa, oscilando de humor com muita facilidade e, sobretudo, deixando a ideia de suicídio entrar em minha mente como uma real possibilidade, e isso me assusta, pois eu nunca pensei em suicídio, mesmo depois de uma grande amiga ter se matado na adolescência; mesmo depois de minha namorada ter tirado a própria vida na idade adulta; mesmo depois de assistir a inúmeros outros suicídios; eu nunca quis, nunca me imaginei, porém, ultimamente, as coisas têm mudado muito em minha cabeça e tudo tem ficado confuso e desorganizado. É engraçado, nessas horas eu nunca consigo pensar em ninguém, são momentos de puro egoísmo, em que eu só consigo pensar em minha dor e não meço a dos outros, a dos que iriam ficar. Logo em seguida, minha visão fica turva, tudo fica lento, e a morte com seu hálito metálico começa a baforar em meus ouvidos convites tentadores, é incrível, é incrível como tenho ficado inebriada e cega. Eu realmente não sei o que está acontecendo comigo dessa vez, não sei o que está conseguindo me atordoar tanto, não sei por que estou regredindo absurdamente e numa velocidade espantosa, logo agora que tenho trabalho, tenho a Maria, tenho namorada, e voltei desde o final do ano passado à terapia, mas nada está surtindo efeito, eu não sei o que falta. O que falta? Que vazio é esse? Ele tem nome? Por que eu estou tão exausta? Por que está tudo tão escuro? Quem esqueceu de ligar as luzes? Dá para ligá-las novamente?. Em seu leito de morte Goethe disse: “Luz, mais luz!” e agora eu imploro: Luz, mais luz, mais luz, por favor!
- Roberta Laíne.
acho os seus textos lindos, acho lindo o modo como vc se expressa escrevendo. É simplesmente lindo
ResponderExcluirFico muito feliz em saber que meus textos conseguem emanar algo bom a você <3
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