terça-feira, 28 de abril de 2020

Eu vim para cá, mas não tenho certeza se quero mesmo escrever. Estava me sentindo um pouco triste e resolvi vir até mim, a que nunca me abandonou. Mas não sei exatamente o que escrever, não vim com nada pronto, não surgiu nenhuma ideia genial ou extraordinária na minha cabeça. Eu apenas vim, e acho que todos nós já nos sentimos assim, uns com mais frequência outros com menos, mas todos já nos sentimos assim, sem saber bem o que fazer. Eu queria fazer algo por mim, mas não sei muito bem por onde começar, eu estou cheia de buracos, sabe, aos frangalhos, parece que todo lugar que há em mim está dolorido, ou há de doer, é como uma rua cheia de buracos, você tem que ficar desviando, e é cansativo chegar até o outro lado. Mas o que há do outro lado? E se não houver outro lado? Uma ideia genial acaba de assaltar-me, e se o outro lado for um buraco imenso? Uma onda cinza me invade, o dia está acabando, e sinto o cheiro de saudade, sinto que mais uma vez estou escrevendo coisas absurdas e desconexas, em harmonia com a mente, mas em desconexão com a realidade. A noite está caindo lá fora e dentro de mim as palavras atravessam o quarto e ganham força até tua casa, entra pelos teus olhos e te afrouxa a alma. Se eu fosse minha, provavelmente seria tua, mas como não sou, então eu te ofereço a porta de saída, longe de mim, perto da r(l)ua. E... Por mais que não haja um buraco imenso do outro lado, antes do final, há uma longa jornada, na lama, onde eu sempre estive.

 Com carinho,

- Roberta Laíne.

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