Essa
data não me sai da cabeça, 12 de setembro de 1972! Mas por que? Qual o motivo
desse dia? Vinte anos antes do meu nascimento! Por que estou lembrando de uma
data ao qual nem era nascida? Fiz pesquisa na internet para saber se algo de
importante acontecia nesse dia e tudo que encontrei foram ementas, decretos, e
coisas a respeito de política, por exemplo: "DECRETO Nº 2.618 DE 12 DE
SETEMBRO DE 1972. EMENTA: Autoriza o Presidente da Republica a conceder oito
mezes de licença com dous terços de seus vencimentos ao bacharel Djalma
Mendonça, juiz substituto da comarca do Alto Juruá, no Territorio do Acre, para
tratamento de saude, onde julgar conveniente." No entanto, essas
informações não fazem sentido nenhum sentido a mim. Quem foi Djalma Mendonça? De que doença ele estava acometido para ter a liberação do Presidente da República para se afastar de seu cargo? Qual a relevância disso para a minha vida? Comecei então um emaranhado de pensamentos
me questionando quantas pessoas nasceram nesse dia, quantas morreram, quantas
sobreviveram, quantas continuaram a vagar e existir por existir, quantas
choraram por amor ou pela ausência dele, quantos casais tiveram que se
despedir, pois um deles precisava ir para alguma viagem, de negócios, à trabalho, por mentiras, por verdades, quantos amantes
inteiramente apaixonados encontraram-se as escuras em quartos baratos e tiveram
uma noite de amor que parecia eterna, quantas poesias foram escritas, quantas
foram rasgadas para nunca mais voltar, para nunca serem lidas. Eu não quero
mais pensar nessa data, eu não quero mais deitar e ter como abajur o letreiro
gigante 12 DE SETEMBRO DE 1972. Por isso, estou escrevendo sobre o que eu não
sei, estou expondo esse dia para que ele possa seguir seu curso, estou aqui escrevendo
coisas tão vazias quanto esse dia 14 de Dezembro de 2017, estou aqui por uma
data passada, que talvez tenha representado inúmeras manifestações para quem a
viveu, pode ser as letras fúnebres de uma lápide de alguém que teve sua vida
desligada em 12 de Setembro, ou, talvez, as letras apertadas de um diploma
datilografado em 12 de Setembro. Talvez vida, talvez morte, talvez isso tudo se
encerre aqui, nesse amontoado de palavra que vos falo, ou quem sabe não, quem
sabe o letreiro volte a me perturbar quando eu deitar e as luzes disserem mais
uma vez: 12 DE SETEMBRO DE 1972.
R.L
Nenhum comentário:
Postar um comentário