segunda-feira, 25 de maio de 2015

Deitei na minha cama embriagada de culpa, com um peso tão absurdo que, até agora, olhando para os lados, não sei como não a arrebentei... Cama nenhuma suportaria tanto peso, mas a minha, assim como eu, suportou. Acho que nosso quarto e as coisas que nele pomos são como uma extensão do nosso corpo, pois no rádio tocava "Dois" da Tiê, tocava dois justo quando eu era um, justo no momento em que eu mais estava sendo um, e carregando esse peso de um, sozinha. Acho que a solidão que me perseguia nos meus escritos passados nunca deixou de me procurar enquanto eu a distraía, sempre preparou-me armadilhas, para que, na primeira esquina errada que eu viesse a dobrar, caísse em seus braços. Tanto faz, já estou com ela novamente, estamos juntas, olhando esse meu quarto parado, esses vinis que não tocam mais, meu violão, e minha guitarra, está tudo tão parado, esses quadros não se mexem mais, acertei o prego em um lugar e nunca mais tirei. Eu odeio essa música "Dois", ninguém quer levar minha bagagem, ninguém quer saber dos meus planos, muito menos me acompanhar, pois não há mais caminho, ninguém tem alguma coisa pra me dar ou deixar eu entrar num espaço de sobra de seu coração.
-roberta laíne.

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