segunda-feira, 16 de março de 2015

No momento, há várias coisas espalhadas em meu quarto: um livro de contos de Milton Hatoum (A cidade ilhada) que acabei de ler para meu TCC, em cima dele o próximo (A menina sem palavra) de Mia Couto, possivelmente também para o meu TCC, e, abaixo dos dois, o meu livro guia, linguagens e códigos de William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães que, confesso, para onde vou levo esse livro, é minha bíblia e nem precisa se indagar o porquê, pois te digo, nele habita a literatura e a linguística, tudo o que eu preciso para sobreviver. Bem, há outros livros espalhados pelo quarto assim também como meus remédios e as letras de uns poemas que nunca me dei o trabalho de terminar, uma bagunça de letras que me fez lembrar que, ao sair de uma sala e tentar uma maneira mais fácil de mostrar para meus alunos o lexa-prem, característica do paralelismo presente nas cantigas de amigo, fiquei atordoada, irritada com aquelas estrofes narcisistas e aquelas repetições vazias e estruturantes dos poemas. Saí me questionando em voz alta: tem coisa mais difícil que ensinar literatura? Um dos funcionários da instituição escutou-me e respondeu: que tal uma cirurgia no coração? Ou quem sabe no cérebro? Confesso que assustei-me com a resposta, mas logo irritei-me e disse: bem, depende. Cada uma tem suas dificuldades e são cortes vitais... Porém, ele argumentou com os olhos algo calado e cínico do tipo a medicina é mais difícil que tuas letras e literatura, e eu mais cinicamente respondi, um corte no coração pode significar muito, a vida por exemplo, mas um corte errado nas palavras além de significar a vida, pode para sempre danificar a alma... Sorri, e saí dizendo: lexa-prem, trovadorismo, ondas do mar de Vigo, as palavras tem poder...

-roberta laíne.

Nenhum comentário:

Postar um comentário