quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Querido diário, há tantas coisas acontecendo na minha vida, que eu não sei nem por onde começar. Mas vamos lá: voltei a ter crises. E, dessa vez, elas estão absurdamente fortes, como nunca estiveram, e isso tem me assustado bastante. O medo de enlouquecer ou surtar e ter que ir amarrada para uma clínica psiquiátrica tem me rondado. Penso na minha família, e no quão seria muito doloroso a eles me verem nesta situação. E o pior é que essas crises estão começando a tomar conta de todo o meu dia, ficando mais severas no final da tarde. Minha família já não sabe mais o que fazer e eu muito menos. No sábado, fui a um terreiro de umbanda, sendo recebida pela mãe Maria que, certa vez, há muitos anos atrás, havia me recebido. Em sua casa, ao me tocar, ela reagiu tristemente, indagando-me com tom de piedade: “meu Deus, minha filha, por que tanta tristeza? Por que tanto sofrimento?”. Eu olhei para ela e fiz com as mãos um gesto que demonstrava um “também não sei” e depois baixei a cabeça. Após dar outra volta por mim, ela se assustou, ficando gelada, pois havia sentido um espírito frio que me acompanhava, de um amor que já morreu… Sem rodeios, disse a ela que era a Cássia, e fiquei um pouco mais triste. Parecia que toda a tristeza do mundo estava dentro de mim, e eu a carregava sozinha nas minhas costas. Bem, na sequência, dona Maria deixou claro que sou médium (e das fortes) e que demorei muito tempo para procurá-los. Deixou claro também que a minha mediunidade é somente para coisas boas, curas e o bem. Ela disse que o meu coração era muito bonito e bondoso e só via coisas boas saindo dele. Que eu era meiga e doce. Fiquei feliz ao ouvir isso, pois lembrei de papai, do meu doce papai, e, nesse momento, um pouco de toda a tristeza do mundo saiu das minhas costas. 
Queria que tudo o que estou narrando tivesse acontecido de modo sereno, como parece, mas não foi bem assim, tudo aconteceu enquanto meu corpo se tremia de medo, meu coração estava disparado e minhas mãos estavam geladas. Acho que é o medo do novo/desconhecido para mim, ligado ao fato de eu ter sido criada dentro da igreja católica e sempre ouvir coisas ruins sobre religiões de matriz africana. Porém, eu não tenho absolutamente nenhum tipo de preconceito. Acredito que bem e mal se faz dentro de qualquer religião e fora delas. Mas também sei que preciso enfrentar os meus medos. Não há mais nada que a ciência possa fazer por mim, estou tomando vários medicamentos, fazendo terapia e etc. No final das contas eu sei que o meu problema é espiritual e que preciso enfrentar tudo isso com muita garra e força. Todavia, questiono-me se tenho toda essa garra e força, questiono-me que tipo de pessoa sou. Todos os dias tenho lutado contra seres invisíveis, contra a minha própria mente, contra eu mesma, com as ferramentas que tenho por perto: um terço, muito medo, e minha família. Espero que eu vença, porque eu sei, mais do que ninguém, o quanto mereço ser feliz. Eu mereço muito. É ardente e violento o quão mereço ser feliz.

Com carinho,

- Roberta Laíne. 

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