Querido leitor, nem acredito que estou viva e consigo vir aqui escrever este texto.
Desde o domingo passado (22), comecei a me sentir muito mal e a ter várias crises de ansiedade e pânico e, tentando precisá-las, em uma escala de zero a mil, elas estavam em 1 milhão. Foi absurdamente perturbador, algo que nem sob uma óptica desumana, eu teria coragem de desejar a alguém. Faziam muitos anos que eu não tinha esse tipo de crise, e isso só me fez lembrar o início da minha depressão. E assim foi... Eu perambulei pela Unidade de Pronto Atendimento Médico da cidade, fui dopada, tive ideais suicídas, confusão mental e uma série de outras coisas, deixando todos da minha família em estado de alerta. O pior eram/são as crises de madrugada, as quais me fizeram ligar para as pessoas que confio e, mesmo morrendo de vergonha e me sentindo um lixo, eu acordava-nas para pedir ajuda. E assim tem sido, tenho vivido dias muito nublados, marcados pelo medo, dor, sofrimento e pela angústia. Minha mãe biológica está tendo que vir dormir comigo, no mesmo quarto, em vigília, pois fui à psiquiatra na sexta-feira e ela aumentou a dosagem do meu medicamento, para ver se consigo sair da crise aguda. As duas últimas noites em que ela dormiu comigo, eu só consegui cochilar um pouco, depois que ela se agarrou a mim e começou a rezar um terço, pedindo para que eu a acompanhasse. Ontem dormi um pouco melhor, mas acordei passando muito mal, e demos início a mais um terço…
Mas uma coisa boa sempre hemos de tirar da dor. Por exemplo, eu não sabia que haviam/há tantas pessoas preocupadas comigo, alguns vizinhos e a minha família. Eu não sabia que era importante e amada, mas parece que sou, pois as pessoas estão me dando muita força e ao falarem comigo se emocionam, então acho que sou uma pessoa boa. E, bem, eu não tenho vergonha de escrever nada disso, pois é o que estou passando, e não se pode ter vergonha de nossas fraquezas, elas também fazem parte de nós. Infelizmente, recebi um laudo médico para afastar-me da escola, pois a minha psiquiatra entendeu que eu preciso parar. Eu preciso parar de ter crises, eu preciso parar de me preocupar em excesso. Eu preciso parar de ter medo de decepcionar as pessoas. Eu preciso parar tanta coisa, e acho que foi por isso que parei, colapsando.
Hoje doeu quando a diretora da escola veio buscar meus livros, os trabalhos dos alunos que não dei conta e as listas e anotações de tudo o que eu já havia feito. Doeu olhar para a minha mesa e enxergar o vazio. O vazio de alguns dos gatilhos que eu tinha, ao olhar para as pilhas de trabalhos. E aqueles pensamentos intrusivos dizendo: “Você decepcionou a escola, seus alunos e a sua família”... Bem, quebrada do jeito que estou, nem sei quanto de efeito esses pensamentos tem sobre mim, mas já estou sentindo falta dos meus livros, do material que eu usava para trocar conhecimento e fazer o que sei com os meus alunos, já estou sentindo falta do abraço e sorrisos deles…
Querido leitor, descobri que é necessário pararmos antes que seja tarde demais.
antes que seja tarde demais.
Com carinho,
Roberta Laíne.
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