Com carinho,
- Roberta Laíne.
Deixe suas roupas a cá, pendure-as ali, e leia de fato, o que tanto falo, que faltas me faltam, que verbos me embalam, eis os meus Poemas de Quarto... (Roberta Laíne)
Com carinho,
- Roberta Laíne.
Queria me apaixonar como as outras pessoas se apaixonam e não como os poetas, as putas e os alcoólatras.
Você me dar náuseas, baby.
- Roberta Laíne.
De tudo o que já abri,
Portas
Latas
Caixas
Pernas
A mais foda de todas
foram Livros.
- Roberta Laíne.
O Breno?
Faz tempo.
Sempre nos desencontramos, por todos os motivos do mundo, dos mais frívolos aos mais severos.
Mas ele sempre me procura, não como o caçador busca a caça, mas como o céu busca as nuvens.
E eu não sei explicar, mas sei que sinto algo por ele, o que é bem raro.
E também sei que dos poucos homens com os quais eu já me envolvi, ele seria o único para o qual eu abriria minhas pernas novamente, para que ele entrasse em mim, porque eu gosto da maneira com que ele entra em mim.
não como o caçador busca a caça, mas como o céu busca as nuvens.
- Roberta Laíne.
— E Eugênia?
— Você não soube? Eugênia... (contorceu-se na cadeira), bem... (pigarreou), Eugênia morreu...
— Meu Deus! E do que ela morreu, Carlos?
— De poesia.
— De poesia? (perguntou espantada)
— Sim, de poesia.
— E como foi isso? (altamente intrigada)
— Não sei muitos detalhes. Você sabe, desde nova ela
lia aqueles livros estranhos, “Lira dos vinte anos”, “Livro de mágoas”, era
apaixonada por um tal de Álvares de Azevedo e por aquela Florbela Espanca. E aí
foi se agarrando a um tal de Schopenhauer e depois Nietzsche e no final não deu
outra. Não suportou. Disseram-me que ela foi achada, já sem vida, com um papel em que estava impresso o poema "Ismália", do Alphonsus de Guimaraens. E eu vi com os meus próprios olhos, estava lá escrito, em seu atestado de óbito, Eugênia havia
morrido de poesia.
Com carinho,
Roberta Laíne.