quinta-feira, 20 de março de 2014

Não tinha como não lembrar-me de papai... Eram exatamente 00:39 minutos, quando, acordei-me assustada com o barulho daquele agressivo trovão... De súbito, lembrei-me que papai estaria em seu quarto, morrendo de medo (papai sempre teve medo de chuvas, mesmo admirando-as), desse modo, fiquei com medo por ele, com toda certeza papai estaria acordado ao lado de meu quarto com os olhos cerrados no teto, com todos os medos possíveis e impossíveis de um raio partir nossas cabeças. Mas é claro que ele estaria com medo! Logo papai... Que quase todas as noites empurrava a porta de meu quarto e olhava-me com sua indescritível cara de sono - por cima da tela do note eu fitava-o perguntando-lhe o que queria - a resposta era sempre a mesma: "Nada, só estou te vigiando peteca..." 
Eu sorria e continuava a fazer o que estaria fazendo anterior ao momento de sua interrupção. Nunca dei tanto valor para aquelas suas pausas no meio da madrugada; nunca dei o devido valor para vigilância de papai; talvez ele pudesse ter tido um pesadelo e só queria um convite para adentrar em meu quarto, e, a mim, contar. Ou talvez ele realmente estava me vigiando, com medo de que a madrugada me sugasse ou qualquer outra coisa, talvez. São talvezes... O problema maior agora era aquela violenta chuva que com certeza estaria assustando papai, então engoli em seco e resolvi abrir a porta de meu quarto, agora era minha vez de vigiar papai, levantei-me as pressas, pois mais um clarão iluminava minha janela, enrijeci-me para proteger-me do barulho daquele segundo trovão, e corri para a porta de meu quarto para salvar papai, mas, quando acordei-me por completa, pude lembrar de um fato ao chegar na porta: papai estava morto a exatamente 1 ano e 4 meses.

Cordialmente,

- roberta laíne.

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