sexta-feira, 2 de agosto de 2013

02/08/13

Cartas para papai

Pai, dizem que escrever para quem já se foi faz com que vocês não fiquem em paz ou é como se estivéssemos os perturbando, bem, eu não acredito nisso, desde quando um Pai iria se sentir perturbado ou não iria gostar de ler uma carta de sua filha? Mas deixemos isso de lado, pois o que tenho para lhe falar é sobre saudades, ah Pai, estou com tanta, não sei se sabes aí onde estás, mas aqui já é agosto, e, infelizmente dia 02, sinceramente, Pai, depois que o senhor se foi senti uma vontade imensa de arrancar todos os números 02 dos calendários, esse número não deveria mais existir, queria  que do 01 pulasse logo para o 03... mas Papai, também não vim para falar de calendário, me perdi na saudade e acabei falando em números, e o senhor sabe que odeio matemática. Então vamos falar do tempo, aqui continua muito quente, e às vezes chove e faz bastante frio; lembrei-me do senhor na chuva passada, foi forte e com muitos raios, o senhor morria de medo (risos), sempre rezava uma Salve Rainha para deixar a chuva mais amena, e só saia da frente do pátio quando só restava àquele pinga-pinga de final de chuva. Eu achava engraçado, pois todos os dias o senhor me perguntava se iria chover e eu respondia: Não Pai. Meu super-herói mais medroso do mundo (risos)... Não tenho medo da chuva, tenho medo é da lembrança e saudade devastadora que o barulho dela traz de ti, Pai. 
Falando em coisas de Deus, mês passado passou por aqui um arco-íris, advinha de quem lembrei? Do senhor é claro que, todas às vezes que via um gritava meu nome e dizia: "Peteca vem ver uma coisa... " E enquanto eu não ía ao seu encontro o senhor não sossegava, quando chegava o senhor sorria docemente e dizia: "Um arco-íris peteca! Sabes o que significa um arco-íris?" E eu dizia: Sei, sim pai, significa a aliança de Deus com Noé para que jamais haja um dilúvio novamente! O senhor sorria e dizia alegremente: "Olha, peteca sabe da bíblia". Que saudades disto Pai...
São tantas coisas Pai, um psicólogo disse que é para eu parar de escrever sobre você, ah Pai, quem ele pensa que é pra dizer isto? Ora parar de escrever, eu paro quando eu bem quiser, a não ser que o senhor não queira ler mais minhas cartas, mas o senhor não quer isso não é mesmo? Pai, eu acho que quando eu morrer vou direto para a lua e de lá ficar mais próxima das estrelas. Achas que tenho razão? Sei que acharia; escuta pai, eu não sei onde o senhor está, mas sei que estas cartas chegam até ti e que estás bem, e quero que saibas que estou morrendo de saudades, assim como todos aqui, assim que der volto a te escrever novamente, enquanto isso vou lhe ver nos arco-íris que surgirem, nas chuvas com trovões que me banharem, ou na risada inocente que uma criança tem igual a tua... Saudades papai,

Da tua sempre peteca

Roberta Laíne.

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