É, as pessoas sempre vão dar um jeito de me verem assim, estranha, diferente, extravagante... Sei lá, tipo, eu acho até legal, sabe? Sempre tive uma certa aversão a esse padrãozinho meia tigela, sei lá, regras e mais regras, isso me dá sono, gosto de ficar alternando sempre, sabe? Tipo, hoje pôr um alargador e assustar minha família e, depois de dois dias tirá-lo, ou de no auge de uma paixão fazer uma tatuagem e casar-me com outra pessoa, sair numa tarde nublada e sujar-me toda e amar tal situação, ou quem sabe talvez trocar uma tarde vendo o sol-se-pôr para ir fazer compras, ou ficar presa em um comercial de algum um produto capitalista tipo uma tv.
Esse negócio que pobre sempre morrerá pobre, que o gay sempre vai ter aids, que puta não tem objetivos, brancos superiores a negros e que escutar blues é coisa de intelectual, sei não, hein? Isso não funciona comigo, essa mania de taxar indivíduos pela a aparência e conta bancária é mais cruel que Hitler contra judeus, e, sabe, vou indo, pois acho que ando falando demais, vou ler meus livros, pois tarefa árdua é essa viu? Tentar curar a cegueira de muita gente alienada.
-roberta laíne.