Querido leitor, eu amo o barulho de cachorro latindo ao longe. E, por favor, não ria. Sei que isso é absurdamente específico e esquisito, mas eu amo. E, no final das contas, acho que são essas coisas que fazem de nós únicos e encantadores (e bizarros, talvez). E como a maioria das nossas estranhices, não sei muito bem de onde isso surgiu e muito menos o momento exato em que começou. Porém, tenho uma boa referência cinematográfica, o documentário "Retratos Fantasmas", do Kleber Mendonça Filho, por meio do qual conheci o registrado latido de Nico, o cachorro do vizinho. Certa vez, Kleber começou a escutar o latido de Nico, que já havia falecido, e ficou sem entender o porquê de estar escutando-o novamente. A resposta é simples, naquela noite, o seu filme "O som ao redor" estava passando na Globo, e foi de lá que veio o som dos latidos do cachorro, agora eternizado em mais uma de suas obras. Sinceramente, eu acho que você deveria assistir aos filmes de Kleber Mendonça Filho, tanto pela sensibilidade do diretor quanto pelo Nico, o cachorro do vizinho. Enfim, não sei muito bem qual mensagem esse texto quer transmitir, talvez não seja nada muito importante, coisas como os latidos de um cachorro ou quem sabe algo mais elaborado, como a persistência da memória.
Com carinho,
Roberta Laíne.