sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Aos meus queridos alunos do cursinho.

Redijo esta carta no dia 07 de novembro de 2025, está fazendo uma linda manhã de sol e tudo o que pretendo emanar por meio dela é luz. Na noite de terça-feira, no final da minha aula, contei aos meus alunos um pouco sobre as minhas lutas e tudo o que venho enfrentando. Em resumo: no final do ano de 2024, entrei em um grande deserto, pois os meus medicamentos contra depressão e ansiedade, doenças que enfrento há mais de 10 anos, pararam de fazer efeito e a partir de então foram longos dias, semanas e meses de profunda escuridão. Minha vida virou de cabeça para baixo, fui afastada da escola que trabalhava, não saía, não comia, não dormia, passava basicamente o dia inteiro sob crises de pânico e ansiedade, foi quando o medo e o desespero se instalaram em minha vida e eu não tinha mais perspectivas. No início deste ano, as coisas ficaram ainda mais obscuras, pois descobri duas doenças no meu intestino, as quais começaram a me maltratar ainda mais. O poço que já era fundo ficou muito abaixo do solo, era difícil, para quem estava na superfície, conseguir me enxergar. E assim os meus dias foram recobertos de várias consultas, exames, diagnósticos, medicamentos, sessões de terapia e dieta. Perdi 10 quilos, a vontade de viver, e me perdi. Certo dia, enquanto estava na sala de espera para uma consulta, uma vizinha começou a conversar comigo e pediu o meu número, disse que queria me apresentar um missionário da igreja católica que vem ajudando muitas pessoas a se reerguerem, por meio de suas lives. Passei o contato e pouco tempo depois ela me enviou alguns links. Cliquei, por curiosidade, mas não esperava grande coisa. No início, eu não entendia muito bem como funcionava e achava que passávamos muito tempo rezando na frente da TV, pois ele entrava quatro vezes ao dia, mas passei a fazer. Havia dias em que eu não conseguia rezar direito, pois estava sob fortes crises; noutros, eu chorava muito. Contudo, os dias foram passando e eu não conseguia mais parar de assistir as lives. Os terços a São Miguel Arcanjo e ao Sagrado Coração de Jesus foram preenchendo o meu dia e foi assim que os meus novos medicamentos começaram a fazer efeito... Eu já conseguia dormir, havia voltado a comer, mesmo que pouco, ensaiava as minhas primeiras saídas de casa, e foi aí que percebi que eu estava começando a escalar o fundo do poço do qual me encontrava. Nesse período, uma amiga veio me visitar e perguntou como eu estava. Como ainda era incipiente a minha melhora, respondi que estava, aos poucos, ficando bem. Foi quando ela questionou se eu não tinha interesse em dar aula em um cursinho, para que eu pudesse retornar aos poucos à sala de aula. A minha resposta foi forte e vibrante: NÃO. Eu não quero. Pouco tempo depois estava eu, em uma sexta-feira à noite, pela primeira vez, dentro da sala de aula que eu disse que não entraria. Mas, antes, tive longas conversas com Deus, e sempre dizia a ele: Mas, Senhor, eu não vou conseguir, olha como eu estou. Magra, triste, abatida, fraca. Porém, Ele sempre respondia: “Dê o passo que eu dou o jeito”. Confesso que ficava chateada, queria mesmo era ficar no meu quarto, curtindo a minha dor. Mas, como a palavra final é sempre a Dele, voltei a estudar, voltei a acessar os arquivos no meu notebook com as minhas aulas, e comecei a lembrar de todos os lugares que já passei, de todas as aulas já que preparei e ministrei, de todos os dias de muitas pesquisas, leituras, estudos... Foi quando comecei a ir me reconhecendo naquelas apostilas, slides, documentos do Word, vídeo-aulas, e assim fui mergulhando novamente naquilo que eu mais amava fazer: dar aula. Depois de conhecer a turma, senti uma necessidade ainda maior de dar o meu melhor, então passei a atualizar os meus materiais e a estudar mais, e entregar o meu máximo, mesmo, às vezes, sob fortes crises. Não sei explicar ao certo, mas quanto mais eu conhecia a turma, mais eu era convencida do quanto eles precisavam e mereciam o meu melhor e assim fiz. Cada sexta-feira era uma grande oportunidade de conhecê-los mais e mais e de me resgatar também... E foi assim que a turma se tornou a segunda melhor coisa que aconteceu no meu ano de 2025. A primeira, vocês devam imaginar, foi o missionário Geraldinho Correia, o das lives de todos os dias. Ele me reapresentou Deus. E, graças a Ele, aqui estamos. Essa carta só existe porque, mesmo com medo, eu disse sim a Deus. Eu disse sim a missão que ele havia me encarregado. Essa carta só é possível porque vocês existem e me mostraram, sem perceber, que viver é incrível, mesmo com todos os percalços e dificuldades. Lembro-me que eu clamava a Deus, em lágrimas, para que ele me desse um motivo para continuar lutando pela minha vida e ele me deu uma turma inteira. UMA TURMA INTEIRA. É Incrível, mas Deus nunca faz pelo menos, ele sempre faz pelo mais. E encerro está carta te dizendo que sim, você foi chamado para viver grandes coisas e você as viverá! Todos somos um projeto lindo de Deus para dar certo. E eu sei que vocês estão com muito medo desta prova, mas coragem! Quando Deus está no barco não importa o tamanho das ondas. Não olhem para a tempestade, olhem para Deus.

“Sede fortes e corajosos; não temais, nem vos atemorizeis; porque o Senhor vosso Deus é quem vai convosco. Não vos deixará, nem vos desamparará.” Deuteronômio 31:6

Com profunda gratidão e carinho,

Professora Roberta Laíne.

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